Há exatos 152 anos, chegava à Argentina a uva Malbec, originária da região do Cahors, no Sudoeste da França. Levada ao país latino em 1868 pelo francês Michel Pouget, paulatinamente a casta transformou-se em referência para a vitivinicultura argentina, elevando seus vinhos ao status de ícone nacional e obtendo grande reconhecimento mundial.
Se no futebol os argentinos são conhecidos pelo vigor, pela perseverança e por dar seu sangue pelo time, não foi diferente com a história vinícola do país. Ao visitar anos atrás o Museo del Vino, na Bodega La Rural, em Mendoza, observei o trabalho árduo e diário necessário para erguer as primeiras vinhas na desértica região de Mendoza. Ali, pude imaginar quanto sangue e suor foi empregado para transformar os bagos das primeiras videiras nesse precioso líquido rubi.
Dos simples lagares feitos de couro de vaca aos ultra-modernos “rototanks”, a Malbec esteve presente em todas as etapas do desenvolvimento vinícola da Argentina.
Dos primeiros fermentados duros e rústicos, feitos para o consumo diário dos agricultores, aos potentes, sedosos e frutados vinhos que encantam o mercado consumidor moderno, a casta deixou para trás sua longínqua origem francesa (ela ainda é bastante cultivada em Cahors) para firmar-se como o vinho feito com a alma e o sangue argentino.
Hoje em dia, percorrendo o interior de qualquer vinícola do país, seja nas alturas de Salta, em meio aos ventos frios da Patagônia ou, mais provavelmente, nos arredores de Mendoza, veremos instalações modernas e exuberantes, como nas renomadas Catena Zapata e Zuccardi, ou tradicionais e bastante antigas, como as bodegas López e Weinert, que reverenciam a Malbec como matéria-prima dos melhores vinhos da Argentina.
Se olharmos com um pouco mais de atenção ou imaginação, seremos capazes de enxergar pequenas gotas de “sangue” espalhadas por todo o lugar. Ou será que são de vinho?
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