O primeiro leilão da Oferta Permanente, realizado ontem pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), terminou com 12 áreas de acumulações marginais arrematadas, sendo três delas no Norte do Espírito Santo, e 33 blocos exploratórios terrestres negociados. Ao todo no Brasil, foram arrecadados R$ 22,3 milhões de bônus de assinatura e ficaram previstos para os próximos anos investimentos da ordem de R$ 320,3 milhões.
Os números deste certame, que pôs em oferta em sua maior parte áreas do onshore, estão muito distantes daqueles que são computados – na casa dos bilhões – quando acontece um leilão em águas profundas ou no pré-sal, mas ainda assim demonstram a importância que a exploração e a produção terrestre voltam a ter no país.
Vale a pena chamar atenção para alguns pontos que cercam o atual momento do onshore. O leilão provou que empresas de pequeno e médio porte, que até então estavam fora deste mercado, têm interesse de se tornarem operadoras. A entrada delas reforça que existe um grande potencial a ser explorado em campos terrestres petrolíferos.
Além da desconcentração deste segmento, que por anos ficou centralizado na Petrobras, o quadro em questão traz o otimismo para o aumento da produção, para o desenvolvimento da cadeia de fornecedores e para a geração de empregos. Algo que rapidamente deverá começar a ser percebido nas regiões onde vão ocorrer as extrações.
Diferentemente do offshore, o onshore requer menos tempo e recursos para a realização e a maturação dos projetos. No caso capixaba, em que nas áreas arrematadas – Saíra, Mosquito e Lagoa Parda Sul – já foram feitas descobertas, esse prazo tende a ser ainda menor. Tanto é que a expectativa é que já no próximo ano alguns resultados sejam colhidos pelas companhias.
O coordenador do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás, Durval Vieira, se diz animado com as perspectivas e considera que o Espírito Santo terá protagonismo nesta nova fase.
Durval Vieira, coordenador do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás
Hoje, no Brasil, temos uma eficiência na recuperação do óleo em terra de cerca de 20%. Mas na média internacional esse percentual é superior a 30%. Então, acredito que há espaço para ampliar a produção e sobretudo desenvolver fornecedores e aumentar a demanda por mão de obra
Assim como Durval, muitos especialistas, técnicos, integrantes do governo, empresários e representantes de entidades do setor comemoraram os resultados de ontem. Realmente há motivos para a euforia, mas vale também uma dose de cautela. Digo isso porque existe uma expectativa de que o segmento que andou adormecido por décadas vire a “menina dos olhos” de uma hora para outra.
“Nem tudo será transformado em ouro”, avalia uma gabaritada fonte. Para ela, o mais importante deste momento é entendermos os leilões terrestres e os programas para recuperar o onshore como uma forma de conhecer o setor.
“Os novos entrantes no mercado terrestre vão ajudar a quebrar paradigmas de que nem tudo o que vinha sendo feito até agora é muito bom ou é muito ruim. Esse momento vai servir para mostrar a nossa realidade, que avalio ainda ser bem diferente da de países como os EUA que, em geral, é usado como referência. Lá, por exemplo, existe competitividade. Aqui ainda temos muitas limitações.”
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O momento é propício e existem muitas forças dedicadas a revolucionar o onshore. Potencial existe e, com os pés no chão, será mais fácil de alcançar os resultados positivos que o segmento promete.
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