Esse é um dos resultados inesperados obtidos por Zoë Cullen e Ricardo Perez-Truglia. Seu trabalho, divulgado neste mês, analisa dados detalhados sobre as carreiras dos funcionários em um grande banco asiático.
Como se sabe, há proporcionalmente bem mais mulheres nos cargos iniciais das empresas do que nas posições de chefia, além de uma significativa diferença salarial entre homens e mulheres que exercem as mesmas atividades.
O trabalho analisou a rotação de 751 gestores para funções laterais, cargos similares em outras atividades, e o impacto sobre a carreira de 6.531 empregados nos dois anos e meio seguintes.
Aparentemente, o sexo do chefe faz diferença. A evidência indica que parte relevante da diferença na carreira de homens e mulheres decorre da maior propensão dos meninos para socializar com seus chefes.
Quando uma mulher é substituída por um homem na gestão de uma atividade, os trabalhadores têm um aumento médio nos seus salários 13% maior do que caso o novo chefe seja outra mulher. O mesmo não ocorre com as trabalhadoras, que têm a mesma progressão na carreira seja seu novo chefe homem ou mulher.
Os dados, contudo, não revelam nenhuma diferença de produtividade ou de retenção dos empregados quando o chefe é homem.
Esse fenômeno corresponde a 38% da diferença salarial entre os gêneros nesse banco.
Há mais. Os dados mostram que ter um chefe homem aumenta o número de pausas no trabalho que permitem a sua socialização com os empregados. Além disso, a probabilidade de promoção depende da proximidade física entre o empregado e o seu gestor.
Por fim, a cereja do bolo. Nada melhor para um trabalhador fumante do que passar a ter um chefe também fumante. Os dados sugerem que a confraternização durante o intervalo para fumar aumenta a chance de o empregado ser promovido.
Tudo somado, parte relevante da diferença salarial entre homens e mulheres está relacionada com a velha camaradagem entre os meninos.
A técnica utilizada pelo trabalho apenas descreve o fenômeno, mas não permite identificar as suas causas nem prescrever políticas públicas.
Pode ser que as promoções resultem só de ação entre amigos.
Há outras possibilidades. A socialização, por exemplo, pode permitir conhecer melhor as pessoas, facilitando escolher quem deve ser promovido. A falta de proximidade com os demais, alguns homens e muitas mulheres, por outro lado, dificultaria separar o joio do trigo.
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A se confirmar a abrangência do fenômeno, é preciso saber das suas causas para propor um tratamento.
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