"O amor é sexualmente transmissível", disse Marçal Aquino. "Coisas terríveis também são", nenhum poeta disse (mas todo mundo sabe).
O ano é de 2022 e as pessoas ainda se deixam fazer desentendidas sobre isso: sexo não é só uma atividade física, mas uma troca energética e espiritual.
Por mais que você tenha sido educado para desacreditar nisso, no fundo, lá no fundo, sabe do que estou falando. Sabe que todo e qualquer ato sexual cria uma conexão entre o seu campo de energia e o da outra pessoa. E, claro, quando isso acontece, você capta e absorve tudo que estiver ligado à redoma aurática dela, seja lá o que for. Ou, sendo bem prática, fazer sexo com qualquer pessoa é convidar qualquer coisa, boa ou ruim, que esteja no campo dela a entrar, e quiçá permanecer, na sua. (Isso sem falar das DSTs, claro).
A esta altura, você pode estar torcendo o nariz para essa "bobagem energética". Mas lá no seu íntimo você sabe que é verdade. Você sabe que grande ralo de energia vital pode ser uma transa só pelo prazer físico imediato.
Especialmente para nós mulheres, que não fomos culturalmente treinadas para a blindagem energética-emocional, o dreno costuma ser intenso. E na medida em que a experiência se acumula, aumenta o ralo. Mesmo que a princípio a fêmea que se julga bem treinada, banque uma atitude descolada ou pseudo-empoderada, lá dentro, a alma que foi tocada busca amparo. Ou, melhor, busca reparo. E sutilmente dispara pequenos gatilhos de desamor próprio, com sintomas nítidos, ainda que bem camuflados.
Já para os homens, até parece mais fácil. Mas na realidade, é ainda mais crítico do cenário. Eles, que foram intensamente treinados a ignorar os sinais energéticos e emocionais desde cedo, ao longo da vida se transformam em soldados do prazer imediato.
Culturalmente recrutados para praticar sexo como esporte, muitas vezes sequer dão conta de acessar o tamanho do estrago. A maioria deles acredita ser blindado contra os efeitos das múltiplas trocas (energéticas) sexuais – mesmo aquelas de qualidade inferior, mesmo as mais repulsivas – só que conta chega. E normalmente vem como um cabresto para o potencial (evolutivo) daquele ser humano. Em outras palavras, vai deixando ele cada vez mais mundano.
Na verdade, isso acontece porque o sexo masculino se sente extra-capacitado para lidar com as "próprias emoções" (rá!). É que o sistema como um todo, normaliza o comportamento que funciona como num jogo: marcar ponto é seduzir, beijar na boca, levar pra cama, dominar e assim por diante. Infelizmente, desde cedo eles são deseducados sobre o respeito ao sentimento alheio e, pior, o de si mesmos. Mas essa forma de ignorância, ou falta de consciência, os fazem sofrem calados. O que resulta, é claro, em narcisismo, relacionamentos precários, falta de amor próprio, e daí pra baixo.
Finalmente, honrar a própria sexualidade é uma forma de expandir a alma. É desenvolver o amor e o respeito por si mesmo e pelo outro. É ter cuidado com as próprias escolhas. É reconhecer que a sexualidade bem pode e deve ser sagrada. Ou, no mínimo, curada, cuidada, bem tratada.
Precisamos falar sobre sexo porque precisamos despertar, primeiro para os truques do inconsciente que é cobra em arma ciladas; depois para este enredo cultural vil que está posto hace mucho e nos leva feito patos até os buracos.
Este vídeo pode te interessar
Nota: nossos corpos são a morada de nossas almas e, não por outra, merecem ser reverenciados – para o bem do nosso bem, e o dos outros também.
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.