E se parássemos para pensar que existem lugares em nosso corpo muito mais profundos que a mente? Que só o pensamento (positivo) não resolve exatamente... E que é preciso reconhecer, e ser capaz de honrar, cada intenção que colocamos em nossas atitudes, para ter acesso ao condão da transformação.
Compliquei? Vem comigo.
Hoje, por exemplo, neste exato momento, me encontro gripada, sentindo falta de ar, assim, sem-poder-respirar pelo nariz – é, não consigo fazer isso que você está fazendo agora sem pensar.
Faz de novo. Inspira e expira... Bom demais, né não?
Enfim, para gripe, uma alternativa é tomar um comprimido, um anti-gripal básico, um analgésico ou qualquer remédio da farmácia que prometa solução. Aí então, a gente pega e engole aquele farelo químico prensado, sem atenção, no automático, na certeza de um resultado.
Mas existe também aquela outra possibilidade, nascida com o mundo, conhecida como chá de limão.
Só que para fazer o chá de limão, por exemplo, é preciso colocar a água para ferver, pegar o limão, lavar, pegar a faca, cortar (em cruz), colocar na água, depois deixar cair da colher um fio grosso de mel, aí lamber a colher, sentar e esperar.
Perceba, cada pequena ação envolvida nessa alquimia caseira contém em si a intenção (de se curar).
Não quero dizer que seja melhor que a primeira alternativa. A diferença que a qualifica envolve um comprometimento para além da lógica... (É quase magia).
E esse é o ponto aonde quero chegar. A presença da "intenção" tem o dom de convocar.
Porque existe em nós um lugar sutil que ultrapassa a mente.
E quando esse lugar encontra uma vontade de ação, então juntos eles convocam o universo a uma reação. (Convoca o grande espírito, convoca o sopro, a fé ou o mistério – como preferir).
De modo que quando agimos com essa emoção, esse passo além da razão, esse manso esforço de acreditar, então nossas atitudes se tornam sagradas e nós passamos a fazer mágica!
Ou seja, passamos a co-criar.
Magnífica é essa possibilidade de nos colocarmos como instrumento para a manifestação da cura, por exemplo. Mas, para que isso aconteça, é fundamental que o caminho passe pelo lado de dentro. É preciso incorporar, trazer para si, se envolver, se implicar neste outro lugar, para dar passagem àquilo que queremos.
Pode ser ganhar uma ação, ou pode ser fazer um acordo; pode ser construir uma morada, pode ser viajar; pode ser viver um amor, ou pode ser se encontrar... Não importa. O caminho sempre há de nos atravessar.
Porém, atente: quando fazemos este mergulho em busca de conexão, não recebemos em troca quaisquer garantias... Aliás, de modo geral, este acaba sendo um encontro com o espelho, com a visão do lado de dentro, um confronto com nossas frustrações, medos e limitações.
Porque não há maneira de transformar a realidade sem se conhecer, sem confiar em si mesmo. O que significa dizer que não podemos avançar sem autoconhecimento – e para isso não existe simpatia. Ou, rasgando o verbo mesmo: passar a vida consumindo a fórmula padrão vendida pelo outro é uma maneira de se anestesiar. É se deixar levar pela correnteza como um peixe morto, que esqueceu ou ainda não aprendeu a nadar.
Finalmente, há quem diga que estar presente é conectar este lugar em nós, mais profundo e imaterial que quaisquer palavras que se possa usar.
Eu digo que isso se chama co-criar.
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