“sf. capacidade psicológica de sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste na tentativa de compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.”
Até pouco tempo, eu achava que isso se chamava simpatia – deduzi por causa daquela expressão "dor simpática", que é quando a gente experimenta a dor física do outro, ainda que momentaneamente – coisa muito frequente pra mim (e razão pela qual não posso ouvir sertanejo, porque ai eu sofro mesmo).
Verdade, basta uma pessoa querida chegar perto reclamando de uma dor insuportável no pescoço, por exemplo, e pronto. Dali a meia hora eu já estou experimentando os sintomas do torcicolo. Dor de cabeça, dor de barriga, nausea... Dá tudo no mesmo, experimento. Pode ser apenas porque eu sou uma grandessíssima curiosa, ou também pode ser porque eu sou... (O que mesmo?).
Foi só outro dia que eu finalmente compreendi a diferença entre simpatia e empatia.
Segundo a pesquisadora americana Brené Brown, ambas as palavras são substantivos ligados às relações humanas, mas enquanto a empatia atrai a conexão, a simpatia provoca a desconexão.
Vejamos. A empatia pode ser compreendida como a habilidade de se colocar no lugar de outra pessoa com perspectiva – ou seja, de um lugar com alcance da origem do ponto de vista. E sem julgamento. Ou, basicamente, significa reconhecer a emoção do outro e sentir com ele. Estar junto na dor, oferecendo o oposto da solidão. E mais, segundo Brené, a empatia pode ser uma escolha um tanto quanto arriscada, já que para se conectar com o sentimento do outro é preciso encontrar dentro de si a possibilidade de sentir o mesmo.
Já a simpatia é uma oferta. Uma tentativa de iluminar o escuro com o condão da sapiência, esperança, experiência… Uma inclinação sobre a dor alheia com um balde de "nova perspectiva", uma coisa meio "don't worry be happy", um "sorria", um "olhe pelo outro lado, pelo menos"... A simpatia não visita à profundidade daquele que precisa. Não, ela fica de cima, jogando receitas milagrosas ou pás de purpurina. O que raramente funciona. Porque quando a situação fica mesmo difícil, é de conexão que a gente precisa.
#tamojunto (sabe como?)
Mas, atenção, ainda segundo a estudiosa, para ser empático de verdade é necessário saber colocar limites nas atitudes das pessoas com quem se convive. Porque ser empático é ser responsável pelos próprios sentimentos e poder dizer o que realmente importa para si. Colocar limites – o que a princípio pode parecer desagradável – mas antes assim do que ser aquele sujeito aparentemente simpático que por dentro morre de raiva.
A gente sabe, colocar limite não é nada fácil, mas é a chave para a compaixão e para a generosidade.
Saber dos meus limites (direitos e deveres, o que eu aceito e não aceito, o que eu quero e o que eu não quero, o que eu preciso e o que eu não preciso) é o que permite acesso ao meu inesgotável poço de amor para comigo e consequentemente, para com os outros. Respeito...
Simples, se estamos em dia com nossa missão, dando o melhor possível para levar adiante aquilo em que acreditamos, então fica possível ser generoso e compassivo com o resto do mundo inteiro.
Nota: compaixão é amor, é a certeza da presença de Deus. Já empatia é a habilidade de fazer a compaixão nascer. É ela que liga a faísca, que conecta, que faz a gente se entender.
Enfim, se apesar de jamais sabermos ao certo se as pessoas estão agindo da melhor maneira possível, mas tivermos condição de achar que "sim, a sua maneira, elas estão...", então não precisaremos mais agir em nome da simpatia.
Porque quando sustentamos genuinamente nossa posição de respeito pelos outros e por nós mesmos, estamos operando a empatia. E como dito, ela atrai, para além da conexão, a energia divina.
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