É artista e escritora, e como observadora do cotidiano, usa toda sua essência criativa na busca de entender a si mesma e o outro. É usuária das medicinas da palavra, da música, das cores e da dança

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O que fazer com esse grande excesso de possibilidades? Como lidar com a oportunidade de inventar a própria vida, a partir da investigação e pesquisa... De si mesmo?

Publicado em 25/07/2020 às 08h00
Atualizado em 25/07/2020 às 08h00
Mulher feliz: coluna de Luciana Almeida
"Ser livre até agora foi uma construção feita na base da contraposição, ou seja, nos ampliamos para quebrar regra". Crédito: Unsplash

"É muito difícil lidar com a liberdade" –– um dia Oscar Quiroga me disse.

Por mais contraditória que pareça essa frase, ela não deixa de ser verdade. E acredite, enquanto humanidade, estamos no estágio iniciático de uma grande aprendizagem.

Ser livre até agora foi uma construção feita na base da contraposição, ou seja, nos ampliamos para quebrar regras, transpor barreiras, ultrapassar limites.

Mas e agora que a grande maioria delas sequer existe? E agora que os tabus foram quebrados, os totens derrubados, os armários escancarados e os relacionamentos abertos? Agora que nem as definições sobre gênero interessam? E agora que o aplicativo que trata dos "instantes da gramática da vida" nos oferece transparência e privacidade ao mesmo tempo? E agora que estamos nas mãos das nossas próprias pulsões?

O que fazer com esse grande excesso de possibilidades?

Como lidar com a oportunidade de inventar a própria vida, a partir da investigação e pesquisa... De si mesmo?

Imagine que até o período do Iluminismo pairava a crença soberana de um olhar criador-julgador-onipresente; mas depois disso, ou depois da queda da ficha sobre a individualidade e a subjetividade, quando nasceu o grande eu, "eu me vejo, eu me julgo, eu me conheço", ficamos com o projeto da invenção de nós mesmos nas mãos.

Claro, enquanto humanos, de lá pra cá, investigando e criando, refinamos e refinamos, até o momento presente:

– Quem é você hoje?

Não existe uma única resposta, disso sabemos. Mesmo porque o desejo de experimentar além de corrente, é legítimo. O que temos agora é uma grande "chave do quarto" que retirou de vez a sensação daquele olhar onipresente (que tanto julga, quanto condena), e como adolescentes, produzimos a privacidade necessária para nos investigarmos, para vasculhar diários, segredos, as caixas... Para descobrir como nos sentimos e o que vamos fazer com isso.

E enfim, desenvolver uma metodologia própria para se subjetivar, se individuar. Isso é ser livre.

Parece simples, só não é fácil.

Porque o equilíbrio entre os pólos positivo e negativo, luz e sombra, bem e mal, masculino e feminino, público e privado, nunca vai deixar de ser um grande desafio. Lembra? O universo é trinário, são dois pólos opostos e o terceiro elemento, a corrente entre eles. A tensão bio-elétrica, a afinação, a harmonia... –– Exercício suficiente para todo santo dia!

Então, nessa tríade contemporânea, liberdade x privacidade x subjetividade, nós humanos que somos filhos da dor, em busca do amor, devemos, na melhor das hipóteses, construir e pavimentar a favor da graça. Da graça da vida!

Que por sua vez, também é trinária, representada pelo buscador, aquilo que é buscado e o ato de buscar.

De modo que eis a realidade disponível: a decisão de praticar a própria verdade!

Essa que nos faz encontrar (ainda que momentaneamente) alguma coisa que se parece com aquilo que está para além do nosso entendimento... E, ainda assim, faz todo sentido.

Exatamente como o amor que é mítico e, ao mesmo tempo, inconfundível.

Traduzindo, se na sua posição radical de ser, ou na pura manifestação da sua verdade, ou ainda, na fruição de alguns instantes de liberdade, você experimentar magia, então segue adiante!

Porque é isso, você tá na trilha.

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