É artista e escritora, e como observadora do cotidiano, usa toda sua essência criativa na busca de entender a si mesma e o outro. É usuária das medicinas da palavra, da música, das cores e da dança

Primaverar

Sabia que as flores são o sexo das plantas? Que é no balé das abelhas e das borboletas, e no leva e traz da brisa, que se poliniza a vida?

Publicado em 26/09/2020 às 08h00
Atualizado em 26/09/2020 às 08h00
Corpo feminino com uma flor entre as pernas (para ilustrar o tema vagina)
Sabia que as flores são o sexo das plantas? . Crédito: Shutterstock

Nota de abertura: ai, de mim que sou romântica.

Sabia que as flores são o sexo das plantas? Que é no balé das abelhas e das borboletas, e no leva e traz da brisa, que se poliniza a vida?

É na dança, é na transa, é no encontro que se conectam as energias –– sobretudo a energia vital que equivale a energia sexual. Mas pode chamar de Kundalini, pra ficar mais nobre, mais védica... Fato é que essa energia faz parte da devoção pelo prazer e pela vida.

Sem isso, não existiríamos. Nem eu, nem você. Porque pra gente nascer, antes alguém (não quero citar nomes) fez sexo. Alguém sentiu a carne tremer, alguém uivou (talvez)... Você sabe.

A busca pela energia através do prazer permeia nossa existência do princípio ao fim. E quanto mais elevados os sentimentos envolvidos nessa busca, mais potentes os resultados –– ou seja, mais saúde, mais cumplicidade, mais beleza, mais verdade e mais flores, com certeza!

Além de vital, nossa energia sexual também é nossa energia criativa. E uma vez desperto, este poder interno nos conecta ao divino, ao Grande Mistério, ao Maior em nós. Dá acesso a novas saídas, este estado maior que nos pacifica, nos altera (pra melhor), abre nossos olhos, ativa nossos sentidos e nos deixa mais criativos. Você percebe quando entra em contato com sua essência vital porque se torna mais perceptivo, mais corajoso, mais puro.

Se comparássemos aos ciclos da natureza, então esse encontro com a essência seria a Primavera (da alma) –– ou você acha que a exuberância da Flora é mera casualidade? Não duvide, o desabrochar da vida é uma espécie de êxtase, uma consequência do encontro de potências (vitais, sexuais, poéticas...)

É tempo de primaverar... Eu acho.

*E se a gente inventasse esse verbo? E se simbolizássemos o tempo de reverenciar o divino através do prazer do encontro de duas naturezas? "Maithuna", conexão com o sublime através do outro. Ora, porque há dois, há muitos! Exatamente assim: se só houver um, não há existência. Uma molécula precisa dizer sim para outra molécula, e só então o jogo da vida começa.

Pense comigo, a sensualidade, a sedução, o erotismo, a beleza, as cores, texturas, formas e feromônios, são convites químicos, fórmulas que a natureza promove para nos instigar ao encontro... Ou seja, para que algo que ainda não somos se torne parte de nós: união.

Mas atente, a expectativa de recompensa da natureza para toda essa aparelhagem sedutiva é a expansão. Perceba. Ela não espera que nos embotemos com o apaixonamento, ao contrário, a ideia é a abrangência. Desabrochar, perfumar, explodir em criatividade, coragem, amorosidade e cores, exatamente como se manifestam num jardim as flores.

Então, é isso, já falei até demais para dizer o simples, o óbvio ululante: está dada a largada para a Primavera. É tempo de encontros. A natureza espera e confia na polinização da nossa energia vital.

– Avante!

Kiss me, Buzz! E ai de mim, que sou romântica.

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