Aquelas que se guiam pelo olfato; que cozinham com o instinto; que jogam o cabelo de lado; que dançam sem medo; se enfeitam e oferecem à vida uma flor em chama no decote dos seios.
Admiro mulheres fortes. Firmes, cheias de vida e prazer. Pago pau mesmo! Desculpe meu latim, mas não existe outra expressão que vista tão bem o notável espasmo quando nos arrebata.
Me encorajo em inúmeros aspectos quando me encontro admirada... Perceba, acabo de ler a autobiografia de uma Caliandra vistosa, chamada Abramovic, Marina. De modo que, encantada e perfumada de sete óleos essenciais, venho manifestar.
Me encantam as mulheres corajosas. As valentes, criativas, cativantes, verdadeiras e legitimamente despreocupadas com a opinião alheia.
Mulheres que escancarada ou discretamente, abrem mão do selo de aprovação de quem seja.
Admiro mulheres anti-moda. Aquelas ateístas das tendências e agnósticas até do sentido da expressão "coleção". Porque a roupa que ela coleciona é aquela que enfeita, alegra e ponto final. É aquela que tem alma, um porquê ou uma memória. E, às vezes, é aquela "nova" com a qual pretende começar uma longa história.
Admiro mulheres que não topam competição. Aquelas que não perdem tempo se comparando a nenhuma outra, porque essa certeza é absoluta: em seu próprio estilo, cada pessoa é única. Admiro mulheres subversivas. Aquelas que ousam ficar à vontade na vida. Seja no salto quinze ou descalça. Comandando a nave ou o fogão. Cercada de filhos ou não. Admiro as que não correm atrás dos padrões – primeiro, porque estes são ilustres desconhecidos; depois, porque suas modas e modos, são obras da sua criação.
Admiro mulheres que encontram graça nas imperfeições, abraçam seus defeitos e os incorporam ao próprio estilo – porque entendem que seu jeito único de ser é também sua maior fonte de poder. Falando em poder, admiro, sobretudo, a mulher que exercita sua voz e seu direito de ser como bem entender. Aquela que sempre encontra brecha para expressar suas ideias e expor suas opiniões.
Admiro mulheres que buscam ampliar a consciência de seus potenciais e de suas limitações. Admiro aquelas que abrem mão de um ideal de beleza-prisão, digo, padrão, por um visual coerente. Um discurso próprio instintivo, que tanto posiciona, quanto intriga e questiona.
Admiro mulheres que encorajam outras mulheres a serem como são. Aquelas que provocam diálogo com o mundo. Aquelas que propõe a beça, tombam, levantam, aprontam a mesa e convidam o dia para a festa. Admiro as que não se conformam em se separar daquilo que sentem. Aquelas que se equilibram – no salto, na casa, rio acima, na jangada, na lida, no traço, nas tintas, entre óleos e especiarias. Admiro muito as que aplicam o princípio que comprova: magia não tem nada a ver com lógica.
Admiro mulheres autênticas e gentis ao mesmo tempo. Admiro as feiticeiras, as artistas, as guerreiras. Admiro mulheres que erram. (Depois aprendem e botam pra ferver.)
Admiro aquelas que não enxergam o mundo como ele é, mas como ele poderia ser.
E sobretudo, aquelas que ao invés de criticar o que já existe, criam! Admiro aquelas que apesar de não saber, encontram jeito de fazer.
Aquelas que não têm medo de opinar o contrário. Aquelas que decidem: o impossível é temporário.
Aquelas que questionam, que são estranhas e aquelas que abrem a pista de dança. Admiro!
Admiro mulheres que acreditam em si.
Admiro aquelas que fazem arte como alternativa (para não fugir daqui).
Admiro mulheres que assumem uma paixão.
E também aquelas que apesar das feridas, se orgulham de seguir o coração.
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.