Na semana passada assistimos à triste manifestação dos antivacina aqui em Vitória. O protesto era contra o passaporte da vacinação, um mecanismo de controle para entrar nos estabelecimentos, eventos etc. Confesso, precisei ver para crer, pois se proteger e proteger o outro é o mínimo que se espera da convivência em sociedade. Quem dirá num momento de pandemia em que a vida de cada um de nós está sob ameaça constante.
Eu tenho um desconforto enorme em tratar desse cunho político, e lamento muito que tantas pessoas ainda não tenham se vacinado ou nem tenham tomado a segunda dose por acreditarem em informações erradas, negarem a doença, e com isso, pagarem com a saúde, com a vida, e prejudicarem os outros.
Impossível esquecer
São quase setecentos mil brasileiros mortos pela covid-19 durante estes dois anos de pandemia. São dias e dias na disputa entre luta e angústia. Alcançar a felicidade tem me exigido um treino diário.
Diante de tantas dores, contágios e perdas, vem um vento de esperança e nos faz respirar com alívio. Desde que a vacina chegou, parece que Deus, para quem acredita, nos abraçou e nos deu mais uma oportunidade para a vida. É assim que encaro.
Aqui no Brasil ainda não passamos dos 70,8% da população vacinada, o que significa que, vamos continuar batalhando contra as novas variantes. Quanto menos vacina no braço (de adultos e crianças) mais variantes novas e mais caos.
Mas o que eu quero mesmo, neste espaço que domino e escrevo semanalmente, é trilhar pelo caminho, que percebo, vai se alargando poderosamente, ainda que a duras penas, um caminho que tenho segurança para pisar: o da ciência.
Pela terceira vez, minha dose de coragem
Graças aos pesquisadores, chegou a hora da minha terceira dose. Ansiedade que se repete e mais uma vez será um dia marcante nesta minha fase de isolamento social. Poderia ser uma atitude e dias normais. Mas não é. Desde que agendei minha vacina, paralisei o pensamento na emoção intravenosa. Chegou a hora de dar mais um passo rumo ao descanso, à segurança para seguir. Você está se sentindo cansado?
Eu me sinto atravessando um abismo pela corda bamba desde que começou a pandemia. Fiz renúncias, me isolei completamente em casa, aliás, ninguém ganha de mim quando o assunto é isolamento social, mas sobrevivi sem perder o equilíbrio e sempre precavida. Apesar da melancolia e afastamento de tudo e todos, o mais importante: não fui contaminada pelo vírus e nem pela gripe.
Saber que atravessei e sobrevivi à pandemia me faz sentir renovada. Às vezes me belisco para saber se estou viva mesmo.
A luta é para sempre
E minha luta é para que nada impeça o nosso corpo dessa oportunidade. Quero minha terceira dose de esperança. Quero uma mistura de sentimentos na veia. Quero o sorriso largo que é minha marca, de volta. Porque não me acostumo com a desigualdade, com a injustiça, a desinformação e com o descaso com a nossa saúde, nosso bem maior.
Que essa alegria individual e silenciosa que me toma como um abraço e que espero se repita quantas vezes forem necessárias para vencer a pandemia, diminua a distância da saudade do conviver e do desejo de voltar a ter capacidade de vontade.
A vacina é um plus que Deus, os pesquisadores e a ciência, estão nos dando. E para quem não foi embora daqui pela covid-19, esse plus representa um legado que precisamos deixar para as gerações futuras. Precisamos cuidar das nossas crianças, elas são os alvos neste momento e a batalha é contra o negacionismo. Criança é gente.
Braços fortes em posição, pois na veia entram as doses de coragem e renovação para continuarmos os sonhos. A esperança é o que nos mantêm acesos e com capacidade de vencer qualquer situação.
Como diz uma amiga, “vamos renovar o contrato com a vida”
Com a vacina, minha confiança é na inteireza. É acordar a cada manhã com uma dose extra na capacidade de fazer planos, e de ter fé. Porque precisamos acreditar que em 2022 todos serão vacinados, sem muito esforço, e que todos terão essa nova chance, e que dias menos pesados e sombrios hão de vir para nós brasileiros. Merecemos.
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