A natureza dotou os seres humanos de inteligência, mas também nos fez imediatistas, nos deu senso de urgência, programou nosso cérebro para nos defender e fazer aquilo que fosse melhor para nós. Entretanto, existe uma habilidade que não veio junto com a evolução, e que ainda precisa de muito desenvolvimento e trabalho para ficar em um nível civilizado: a empatia. Você deve estar pensando, mas de novo essa palavra? Sim, e enquanto for necessário caro leitor e cara leitora. Isso porque ainda não sabemos colocá-la em prática.
Ainda nos deparamos com situações facilmente evitáveis e que só ocorrem porque algumas pessoas ainda mantêm o cérebro de forma primitiva, ou seja, esquecem de pensar no outro, de se colocar no lugar de quem tem vagas preferenciais nos estacionamentos por motivos mais do que óbvios.
Por todo o Brasil, escutamos histórias de desrespeito às vagas de estacionamento exclusivas para pessoas que tiveram seu direito assegurado por lei. Os flagrantes estão por todos os lados. Até carros oficiais costumam ser flagrados nessas vagas. As desculpas dadas são sempre as mesmas, e as mais absurdas que se pode ouvir: ah, não reparei!, é rapidinho, só fui ali buscar um negócio, não fiquei nem cinco minutos. Tem nome pra isso e se chama desrespeito. Ou cara de pau, em português claro.
Está na lei
Por lei, idosos, gestantes e pessoas com deficiência têm direito a vagas determinadas nos estacionamentos. Porém, grande parte dos condutores de veículos ainda desrespeita a legislação e estaciona nas poucas vagas preferenciais. Então que fique dito aqui neste ilustre jornal que, se você não se enquadra na lei, a vaga não é sua nem por um segundo. Quem realmente necessita das vagas perde seu compromisso, que pode ser desde uma entrevista de emprego a um encontro com um grande amor. E chegar atrasado em qualquer caso é chato e inaceitável.
E quando o local não se importa?
Além de termos que ter paciência infinita com os maus condutores, que infringem a lei, também precisamos lidar com lugares, sejam públicos ou privados, que não cuidam do acesso a essas vagas. Passei por isso em um grande shopping da capital. A única vaga para cadeirantes disponível para estava tomada por motos e bicicletas. O jeito foi parar ocupando o espaço de duas vagas e andar muito mais para chegar ao elevador. Nessas horas você pensa até em desistir de curtir um cinema, das compras e do passeio.
É direito, e não bondade
Em Vitória, cabe à Setran fiscalizar essas vagas. As pessoas com direito a usufruir desse estacionamento exclusivo precisam de uma credencial emitida pela Secretaria de Transporte. A credencial deve ficar em local visível quando estiverem utilizando uma das vagas.
Estacionar nesses locais sem a concessão específica vai além de cometer somente infração de trânsito. É desrespeitar um direito adquirido por uma nação de 46 milhões de pessoas com deficiência no Brasil – isso sem contar os idosos e as gestantes. Desobedecer à legislação também é colocar os interesses pessoais acima do bem comum. É muito difícil viver numa sociedade onde se ignoram os princípios da cidadania, não acha? Aqui nosso primitivismo grita.
Aquela área tracejada ao lado da vaga, você sabe para que serve?
Vagas de estacionamento para motoristas com deficiência física ou carona com deficiência, devem obrigatoriamente obedecer às Normas Técnicas da ABNT 9050 e por isso não são iguais às demais vagas. Ah, e tem que ser sinalizada com o Símbolo Internacional de Acesso. Além das vagas terem as dimensões mínimas fixadas pela Legislação Nacional de Trânsito e pelas legislações Municipais e Estaduais, precisam ter um espaço adicional para a circulação da cadeira de rodas de 1,20m de largura mínima. E nesse espaço, embora seja bem atraente para depositar coisas, não se estaciona moto, nem bicicletas, não coloca entulhos e não estaciona carrinhos de compras.
Informação é parte da evolução
Essas vagas estão aí não por um privilégio descabido, estão para acabar com os privilégios. Então, pessoas com deficiência, idosos e gestantes não são privilegiados por essas vagas especiais, apenas têm reconhecido o direito de ir e vir, comum a todos os cidadãos. Se todos tivessem consciência disso, talvez não precisássemos insistir tanto com essas pessoas que ainda não lembraram que cérebro foi feito para evoluir também.
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