Quem se lembra de uma inglesinha que conquistou o mundo todo fazendo a interpretação para a língua de sinais num concerto de Natal da escola? Ela é a Claire, que na época tinha cinco anos. “Meus pais são surdos. Aí eu decidi cantar e fazer a tradução ao mesmo tempo”. Não é uma fofa? A atitude dela percorreu o mundo por retratar um grande gesto de amor e inclusão. Lá na Inglaterra é a Língua Britânica de Sinais, e cada país tem a sua.
Libras: o que é?
Muitas pessoas costumam não perceber que milhões de outras se utilizam de uma língua diferente do Português para se comunicar. Então, que língua seria essa? É a Libras - Língua Brasileira de Sinais. No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais é reconhecida como o segundo “idioma” oficial desde 2002. A Libras é uma língua e não apenas uma tradução do Português para o gestual. Ela possui uma gramática própria, com regras independentes da língua portuguesa.
A prática da inclusão social das pessoas com deficiência auditiva é ainda muito recente no Brasil. Pessoas com deficiência, seja qual for, percorrem um caminho longo para provar para a sociedade que não são incapazes. Precisam apenas que se construa uma ponte para que todas possam usufruir do que significa ter direitos iguais. No caso das pessoas com deficiência auditiva, a ponte para esse caminho ainda é a normatização de uma língua, uma identidade e uma cultura próprias. Sinal de avanço e evolução para todos.
Qual é o seu sinal?
Um fato curioso e que chama a atenção dos ouvintes é que na comunidade surda todos recebem um sinal. Em libras, o sinal é o nome de batismo. O surdo percebe suas características físicas e lhe atribuem o seu sinal. Ah, eu tenho dois sinais que me fazem ser conhecida quando um surdo menciona o meu nome em alguma conversa com outra pessoa. O primeiro é o movimento com as mãos de impulsionar a cadeira de rodas. Basta fazer estes sinais e logo saberão de quem estão falando. O outro é o movimento com o dedo indicador em espiral próximo a cabeça que remete aos cabelos cacheados.
Mudança de comportamento
A preocupação com o direito à comunicação das pessoas com deficiência vem crescendo. E posso afirmar que isso se deve à importância da mídia e das tecnologias da comunicação na sociedade contemporânea. No entanto, mesmo com alguns avanços culturais e sociais no trato de questões que envolvem as pessoas com deficiência auditiva, a vontade política para a execução de programas estabelecidos e de transformação das ideias em realidade continua sendo o grande desafio.
É importante perceber que a questão da inclusão da pessoa surda nos eventos não é apenas uma luta de quem possui deficiência, mas de todos, e isso denota a necessidade de uma mudança na sociedade, visando a beneficiar todo e qualquer cidadão.
Por mais visibilidade às diferenças
Estamos diante de novas formas de comunicação devido ao distanciamento social e tantas outras incertezas. Mas isso não significa que não deva incluir a Libras ou tradução, em suas lives, em seus vídeos, por exemplo. Precisamos de outros gestos como o da pequena Claire, onde a atitude de incluir exige de todos os envolvidos o encontro, a conversa, o compartilhar, o empoderamento mútuo e o acolhimento do outro e suas possibilidades.
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