Mariana Reis é mestranda em Sociologia Política, Administradora , TEDex, Colunista e Personal Trainer

Dia mundial das nossas lutas

Hoje, meus parabéns vão para aquelas pessoas que além de reforçar datas importantes, criam espaços e, com autonomia e iniciativa, incluem no calendário os marcos necessários para que as conquistas sejam comemoradas

Publicado em 08/03/2022 às 02h00
Mulheres unidas
Estamos refazendo e rearranjando acordos dentro de nós mesmas, como uma ordem natural da necessidade. Crédito: Shutterstock

Não é novidade que me tornei avessa às datas neste período de isolamento social. Um dia certo para comemorar as coisas não tem me despertado ânimo. Mas entendo que de uma maneira concentrada e conectada a um dia especial, podemos trazer à tona assuntos relevantes. Hoje, meus parabéns vão para aquelas pessoas que além de reforçar datas importantes, criam espaços e, com autonomia e iniciativa, incluem no calendário os marcos necessários para que as conquistas sejam comemoradas. Dia 8 de março é essa data, o Dia Internacional da Mulher.

Para quem acha que bombons, flores e perfumes resolvem as recorrentes situações de violência, fique sabendo: não, não resolvem. Se os dias estavam sombrios, alguém conseguiu deixá-los repugnantes. O áudio sobre a fala preconceituosa, misógina, do deputado Arthur do Val, de São Paulo, em relação às mulheres ucranianas, foi um ataque às condições humanas.

Não dá para aceitar

Lutamos muitas guerras, não é mesmo? Neste ano a data veio com inúmeras violências explícitas que nós mulheres passamos, e que só refletem a discrepância do dia, e o quanto a premiação ao machismo, a esperteza, e impunidade tornam frágil caminhada e deixa evidente o quanto os agressores são frequentemente inocentados no Brasil.

Você e eu sabemos dos desafios que enfrentamos, e no quanto somos plurais e nos desdobramos em multitarefas, 24 horas. Os que acham que é uma espécie de habilidade feminina, na verdade, é um baita esforço mesmo. Estamos refazendo e rearranjando acordos dentro de nós mesmas, como uma ordem natural da necessidade. A vida nos exige e a vigilância pulsa.

Feminismo para todos e todas

Feminismo não pode ser apenas uma palavra no dicionário. Feminismo é prática. Para Nancy Fraser, filósofa norte-americana, “feminismo não deveria ser uma forma de pensamento de grupo, o feminismo tem que ser uma luta que ilumine todas as complexidades de nossa vida”. Então, incluir a sororidade e condições de respeito em nossos cotidianos é um exercício a ser feito por todas e um convite que faço.

E que a data de hoje sirva para compreendermos sobre tudo que ainda falta ser conquistado. E que pessoas com atitudes tão desumanas quanto as do deputado não encontre força na fuga nem nas justificativas para seguir impune.

Que todas as mulheres, especialmente as ucranianas, que lutam, não só pela sobrevivência, mas pelos direitos a uma vida plena, com equiparação de oportunidade, encontrem coragem para continuar, apesar do desrespeito, o quanto nossa existência é fundamental. Porque cada uma de nós vive uma batalha particular todos os dias.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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