Última coluna do ano e o balanço que faço é que cada um de nós é imprescindível para uma mudança mundial. O planeta parece pedir socorro e a forma como o enxergamos interfere em como caminha a humanidade. Os tempos não são fáceis, principalmente para quem, como eu, é constituído de humanidade, sensível e capaz de compreender quão curtos são os braços para tão grande mundo. Quem sabe os abraços contidos possam se transformar em gigantes para o amor, esperança e fé.
Fomos consumidos por um esforço inimaginável para mantermos vivos os sonhos e os sentimentos. Me tornei avessa a datas, confesso, mas pensar que 2021 se vai, me deixa um pouco mais confortável em fragmentar o tempo, de pensar no 31 de dezembro. Assim como Caetano canta: Tempo, tempo, tempo... entro num acordo contigo. Faço um acordo com o fim do ano com o novo que vem chegando, nele firmo compromisso em me fortalecer moral e emocionalmente para seguir a vida, ou até mesmo recomeçar de um jeito diferente. Permito-me revigorar as forças. Refaço a mim.
MENOS LISTAS, MAIS LIBERDADE
Sem listas, pela primeira vez, né, gente? Sou das que ama listas e desenvolveu quase uma metodologia própria para cumpri-las. Mas, desta vez, quero a liberdade sem frustrações.
Sentimentos aqui somente o da contemplação. Contemplar a volta à superfície de um ano em que estávamos submersos em incertezas e medos. Um tapa na cara bem dado pela vida, que nos ensinou a recomeçar em nós mesmos, o ano de 2021 nos ensinou a nos curar do invisível que nos ronda até hoje e do visível, valores de reconexão para ressignificar nossas vidas. A volta por cima da determinação, das lutas.
Passamos um ano atravessados por uma tela, aprendendo a dar e receber afeto, muitas vezes, imperceptível pessoalmente. Entramos numa quarentena para além da do vírus, uma quarentena para dentro de nós. Vai me dizer que não aprendeu com essa lição? Nunca sentimos tanta falta do outro e nunca estivemos tão em contato com nós mesmos. Tivemos a oportunidade de nos amar. Muitos aprenderam e outros ainda estão na lição.
AOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE, TODA GRATIDÃO
Tem no ar um despertar, ainda em tempos turvos e da resistência exaurida, este sentimento tem o nome de resiliência. No começo, não tínhamos vacina, a estrutura que nos cercava era de um destino incerto, mas conseguimos driblar e escapar. Aprendemos.
Existem pessoas que nesta época do ano já estão com o próximo todo programado. Tornei-me também essa pessoa: sem lista, mas com plano de ação. Ter aprendido a lição da pandemia, entendendo mais o outro, foi um grande adianto.
Meu ano novo está chegando com um grito de liberdade, vem repleto de celebração. A dor das perdas e das mortes me reativou. O ano vem cheio de salvação e reverência aos profissionais da saúde, da educação e da ciência.
Escrevo este texto ouvindo a cantora Céu, que dali canta numa belíssima interpretação a música "Feelings", que significa sentimentos. Para 2021, nada mais que os sentimentos. Sentimento de que estamos fechando um ciclo. E a esperança é de que o novo venha melhor.
CORAGEM: QUE NÃO NOS FALTE
Tem também um "up" na coragem e na vontade. Vamos entrar com a bagagem repleta de aprendizagem, ainda que tenha sido muito sofrida. Conquistas hão de imperar.
A dignidade tem que estar à flor da pele e que, em 2022, consigamos partilhar de valores, de afetos e de mansidão. A alma de cada um de nós merece a prática da fé, do humano, do desejo incessante. E que possamos brindar novamente a liberdade, o respeito e a harmonia entre nós. Feliz vida em 2022.
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