Em 2014, o biólogo Richard Dawkins foi pivô nas redes sociais de uma polêmica sobre aborto. O cientista, autor de diversos livros, publicou em sua conta no Twitter uma afirmação bastante controversa. Ele escreveu que a mulher deve interromper a gravidez quando descobrir na gestação que seu filho tem a síndrome de Down. A polêmica foi geral na internet, e causou reações entre diversos representantes de organizações religiosas, defensores pró-vida, estudiosos da síndrome e alguns coletivos feministas, que afirmam que essa decisão não cabe ao cientista.
Polêmicas à parte
Jamais pensei em escrever sobre tal assunto, mas confesso, fiquei incomodada com tamanha frieza com que o cientista deu a sua declaração. Atualmente o assunto veio à tona e falar sobre a interrupção da gravidez é tão polêmico quanto necessário. Refletir criticamente é muito mais do que isso e transborda o círculo restrito do pensar comum - é questionar, avaliar as diversas situações em causa e as questões éticas subjacentes, tendo em vista o respeito pela integridade humana e a dignidade da mãe e do feto.
Vamos falar sobre o aborto. E também sobre a síndrome de Down. Abortar qualquer coisa é interromper um processo dinâmico, de uma forma definitiva e irreversível. No Brasil, o aborto é considerado crime contra a vida, mas de acordo com a legislação é permitido em casos de gravidez por estupro, ou que colocam a vida da mãe em risco e, em casos de anencefalia do bebê.
É um assunto muito sério, principalmente no campo ético. Existem tantos movimentos a seu favor como o de legalização do aborto induzido, chamado pró-escolha – que defende a dignidade da maternidade da mulher, os direitos reprodutivos, o acesso à educação sexual, a contracepção, e os tratamentos de fertilidade – quanto contra, como o movimento pró-vida, que defende o direito à vida do embrião, e atuam com campanhas esclarecendo as mães sobre os perigos do aborto.
Síndrome de Down
Definida como uma modificação genética, é causada pela alteração de um dos pares de cromossomos da célula humana, o de número 21. Por isso é também conhecida como "trissomia 21". A síndrome foi detalhadamente descrita em 1865 por John Langdon Down, vindo daí o nome síndrome de Down.
Com o avanço da ciência é possível saber, ainda no útero, se o bebê tem ou não a síndrome. Sem dúvida, o nascimento de uma criança com algum tipo de deficiência, geralmente, provoca um grande impacto na vida das famílias. Mas grande parte do problema se deve à desinformação e ao preconceito, que seriam evitados com uma conscientização da sociedade e dos médicos. E, passado o primeiro impacto, essas famílias reestruturam suas vidas e passam a “usufruir” de todas as coisas boas que uma criança, com deficiência ou não, traz para um lar.
A ignorância mata
Infelizmente, ideias antiquadas e desatualizadas, resultantes de séculos de ignorância, ainda circulam na população. A síndrome de Down não incapacita, e mais do que nunca, precisamos derrubar todos esses mitos que ainda cercam as pessoas que nascem com a trissomia 21. Pessoas com síndrome de Down são completas e podem levar uma vida comum e com independência. Hoje, sabemos que muitos frequentam escolas, faculdade, praticam esportes, e estão no mercado de trabalho.
Claro que esse assunto não se esgota por aqui, mas, certamente é preciso ser mais cauteloso ao fazer declarações via internet, pois o assunto não tem caráter apenas científico. Ele envolve outros temas como a família e a inclusão social do indivíduo que possui essa condição genética. E ainda, atitudes como as do cientista só servem para alimentar ainda mais a discriminação.
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A favor ou contra, não nos esqueçamos que a vida é o maior bem e se prepondera sobre quaisquer outros e por isso, não há razão alguma que justifique sua interrupção. Ou vamos continuar com o “infanticídio” contra o nascimento de crianças com deficiência?
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