*Alexandre Schubert
Um dos assuntos mais recentes em destaque, tanto nas empresas, como no mercado de trabalho e na imprensa, é a presença da Geração Z como o novo consumidor. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Geração Z são pessoas que nasceram entre 1995 e 2010, na transição do século XX para o século XXI, logo, com idade hoje entre 14 e 29 anos.
No entanto, é importante ponderarmos que atributos tipicamente associados ao comportamento dessa geração não se estendem a todo o espectro populacional. Apenas indivíduos nascidos em berços mais privilegiados viveram as experiências formadoras de habilidades e conceitos característicos da Geração Z, como serem hiperconectados e reconhecidos como “nativos digitais”.
Para efeito estimativo e, considerando que cerca de 49% da população brasileira inserida nessa faixa da pirâmide etária teve acesso ao ambiente digitalizado, é possível supor que represente 11% da população, equivalente a cerca de 22 milhões de brasileiros.
Ao analisarmos o comportamento dessa geração, constatamos que são sujeitos com maior responsabilidade social e ambiental, maior rapidez nas ações, pragmatismo nas relações profissionais e relacionamentos efêmeros (sejam pessoais ou profissionais). Para eles não há fronteiras – Cidadãos do Mundo – portanto, menos “fixos” a espaços, rótulos e com visão progressista.
Além disso, esse grupo vivenciou duas crises. A crise financeira de 2008 e a crise sanitária, a pandemia da Covid-19. Esses eventos desenvolveram preocupações com saúde física e, principalmente, mental, como também a busca por qualidade de vida.
Os aspectos sociais e culturais, somados ao advento das novas tecnologias, foram capazes de produzir um novo consumidor. Valorizam as questões socioambientais, saúde física e mental, e são mais críticos sobre empresas que não adotam governança responsável e, fundamentalmente, prezam por mais tecnologia embarcada nos produtos e serviços. O “Cidadão Z” enquanto grande usuário da Inteligência Artificial (IA), exigirá habilidades de seus interlocutores e fornecedores na mesma magnitude.
No entanto, esses cidadãos que ainda não atingiram a capacidade de compra ou investimento de altos valores, são fortes influenciadores de consumo para os pais e demais cidadãos da Geração Millennial (anterior à Z).
Quando analisamos mercado consumidor imobiliário, em especial na Região Metropolitana de Vitória, a faixa etária da pirâmide entre 15 e 29 anos tem uma população estimada de 371 mil indivíduos. Desses, aproximadamente 182 mil cidadãos seriam definidos com características da Geração Z. Esse montante está dividido em partes iguais entre homens e mulheres.
Em outra simulação, o índice Fipe Zap (2º Trimestre de 2022) aponta que 11% de uma população total são potenciais compradores. Mais ainda, que 73% são homens com idade igual ou superior a 41 anos. Sem maiores exercícios matemáticos, posso sugerir que apenas uma pequena fatia estratificada na Geração Z já seria potencial compradora de imóveis.
Com isso em mente, para que lado a Geração Z influencia a compra de um imóvel? Em primeiro lugar, optam por imóveis com dimensões racionais. Isso significa que nem tão pequenos – que tornem o ambiente desconfortável – e nem excessivos, o que os tornariam caros e ociosos.
Valorizam espaços qualificados, simples (“clean”), práticos, com tecnologia atrelada para gestão do imóvel, desejam espaços que permitam a interface com as pessoas com as quais convive no empreendimento, e aspiram por imóveis que permitam realizar as tarefas profissionais conciliadas com outras atividades geradoras do cuidado físico e mental.
Enquanto isso, os empreendedores estudam tipologias adequadas aos requisitos desejados, e a adequação de empreendimentos que sejam flexíveis para o uso por períodos não longos, já que os cidadãos da Geração Z querem imóveis que sejam de fácil comercialização, visto que desejam mobilidade para possíveis trocas de cidades e/ou países
Em recente entrevista, o cientista e professor Silvio Meira expressa o eixo dessa questão: as empresas precisarão utilizar massivamente a IA para se relacionarem com os seus futuros clientes da Geração Z, Alpha e outras que virão. Sem isso, ninguém sobreviverá ao novo mercado.
*Alexandre Schubert é vice-presidente da Associação das Empresas Imobiliárias (Ademi-ES) e diretor-geral da VTO Polos Empresariais
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.