*Gedaias Freire da Costa
Mensalmente abordamos nesta coluna, em uma parceria significativa entre A Gazeta e o Sindicato Patronal de Condomínios e Empresas de Administração de Condomínios do Espírito Santo (Sipces), temas específicos sobre a convivência condominial, o que chamamos, carinhosamente, de família condominial
É cristalino que precisamos construir, diariamente, uma política de boa convivência, acatar as regras, respeitar o direito de vizinhança, visando alcançar um único objetivo: morar bem em condomínio.
Compramos um imóvel, realizamos nosso sonho de ter a casa própria, mas não fomos ”educados” a morar em comunidade, com muitas famílias, cada uma achando que é “dona do pedaço”. Esquecem ou não conhecem que neste terreno tem regras e o síndico é o “manda-chuva”.
Nos artigos anteriores, abordamos: a) deveres dos condôminos; b) principais conflitos em condomínios; c) a importância do síndico na administração condominial; d) manutenção de animais nos apartamentos e; e) exclusão do condômino antissocial (aquele que, por reiterado comportamento antissocial, gera incompatibilidade de convivência com os demais condôminos).
Ou seja, uma saga ou novela de vários capítulos sem fim. Pois, diverso do folhetim, somos um organismo vivo, que diariamente devemos construir nossas relações humanas, almejando morar bem, sem transtornos e divergências. Um sonho que não é impossível.
Moramos em condomínio. Dependendo do porte deste, nos sentimos os “reis”, somos donos, mandamos e queremos ser servidos a contento. Que tragédia de pensamento individualista, pois somos um no universo de tantos outros moradores. Cada um com uma expectativa, que não precisa ser um cabo de guerra.
A corda não deve ser esticada, mas, harmonizada ao sabor do bem viver, não é difícil, mas precisamos encarar uma realidade: somos responsáveis pela construção de uma sociedade melhor. Não basta criticar os políticos, bem como o país e seu governo. Temos participação ativa, devemos ser políticos em sua essência, dialogar e negociar sempre na construção de uma convivência de paz e harmonia.
Não somos donos da verdade. Não mandamos no síndico, ele não é nosso empregado, mas representante eleito para gerir a manutenção e conservação do patrimônio comum e exigir de todos, com imparcialidade, o cumprimento das regras internas, discutidas e aprovadas por todos. Sob risco de pena de penalidades. Portanto, discutir a validade destas regras é reconhecer nossa culpa ou omissão no cumprimento destas.
Precisamos entender que condomínio é uma família. Com seus acertos e erros, não cabe divórcio. A incompatibilidade de convivência gera a exclusão do condômino antissocial. Não perdemos a propriedade, mas perdemos o direito de morar no condomínio.
Pacificar as relações humanas exige comprometimento e aplicação de técnicas de mediação. Cabe ao síndico, enquanto agente pacificador, buscar, por meio do diálogo, mediar os conflitos entre vizinhos antes que a judicialização seja o caminho. A decisão do juiz pode não agradar a nenhuma das partes e até aumentar o conflito. Conviver não é fácil. Exige de todos uma dose de paciência, respeito e amor ao próximo.
Antes de jogar a pedra, cuidado. Você pode ser a vidraça. Pense e reflita sobre seus atos e ações no condomínio, se afetam, agridem ou somam, criando benefícios ao convívio salutar, sadio, entre você e seus vizinhos. Não somos donos de uma única razão, mas compartilhamos experiências diárias para uma convivência pacífica, onde o que importa é o todo.
Pense nisso. Morar em condomínio implica em reconhecer que temos muitas verdades. A nossa é uma delas. E que as regras aprovadas por todos funcionam apenas como uma régua de convivência, que ultrapassada, gera conflitos, advertências, penalidades. E encaremos os novos desafios: como melhorar o relacionamento coletivo.
*Gedaias Freire da Costa é advogado e presidente do Sindicato Patronal de Condomínios e Empresas de Administração de Condomínios do Espírito Santo (Sipces)
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