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O futuro do crédito imobiliário no Brasil

Dados da Abecip mostram que o crédito imobiliário manteve crescimento mesmo em um cenário macroeconômico desafiador

Vitória
Publicado em 02/09/2024 às 17h37
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A digitalização é apontada como uma força transformadora no setor de crédito imobiliário. Crédito: Shutterstock

Temas muito importantes para o setor imobiliário capixaba como a diversificação das fontes de financiamento, a modernização por meio da digitalização e as políticas habitacionais populares foram debatidos no Abecip Summit 2024, evento da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) realizado em agosto, em São Paulo. O encontro reuniu especialistas e autoridades do setor para discutir tendências e projeções do crédito imobiliário no Brasil.

Neste artigo destaco alguns assuntos debatidos no Abecip Summit 2024 que são prioritários para a agenda dos empresários e executivos que atuam na construção civil, em imobiliárias e demais empresas do segmento.

Panorama atual do crédito imobiliário

Dados da Abecip mostram que o crédito imobiliário manteve crescimento mesmo em um cenário macroeconômico desafiador. De janeiro a julho de 2024, o volume de crédito alcançou R$ 100,1 bilhões, um aumento de 14,1% em relação a 2023. A projeção é que o total chegue a R$ 164 bilhões até o final de 2024, refletindo uma expansão de 7,6%.

Esse crescimento é impulsionado pela queda da taxa Selic, que começou a baixar em 2023 após um longo período de alta. Em 2024, com a Selic em 10,5%, os financiamentos imobiliários se tornaram mais acessíveis, favorecendo consumidores e empresas.

Para 2024, espera-se um crescimento de 5% a 7% no setor, impulsionado pela recuperação econômica, aumento da confiança do consumidor e redução do desemprego, atualmente em 7,9%. Além disso, a expansão do crédito direcionado a imóveis populares e a diversificação das fontes de financiamento, e o início de um novo “ciclo de entregas” deverão contribuir para sustentar esse crescimento.

Já em 2025, o setor pode atingir R$ 176 bilhões, beneficiado por uma Selic que poderá cair a 9,5%, segundo o Relatório Focus, além de uma estabilidade econômica e crescimento da massa salarial.

Diversificação das fontes de recursos

Um dos desafios discutidos no evento foi a dependência da poupança como principal fonte de recursos para o crédito imobiliário. No passado, a poupança representava 80% dos recursos destinados ao crédito, mas hoje caiu para aproximadamente 45%.

O movimento de diversificação tem se intensificado com a securitização de recebíveis imobiliários e outros instrumentos financeiros. Entre eles, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Letras Imobiliárias Garantidas (LIG) vêm ganhando força, somando mais de R$ 300 bilhões em recursos destinados ao Crédito Imobiliário.

Digitalização e inovação no crédito imobiliário

A digitalização é apontada como uma força transformadora no setor de crédito imobiliário. A automação dos processos de análise de crédito e o uso de tecnologias como inteligência artificial e big data estão revolucionando o setor, reduzindo custos operacionais e aprimorando a experiência do consumidor. A aplicação dessas tecnologias tem o potencial de aumentar a aprovação de crédito em até 15%, o que representaria um avanço significativo.

Além disso, o registro digital, já adotado por algumas instituições financeiras, tende a crescer nos próximos anos. Esse processo digitalizado oferece mais agilidade e sustentabilidade nos financiamentos imobiliários, com alinhamento entre instituições financeiras, reguladores e entidades cartorárias para construção de uma esteira de registro totalmente digital.

Inclusão social e habitação popular

A inclusão social também foi destaque no Abecip Summit 2024, especialmente no que se refere à habitação popular. Com 80% do déficit habitacional concentrado em famílias de baixa renda, o evento destacou a importância de programas como o Minha Casa Minha Vida, que facilita o acesso ao crédito para essa população.

O governo estima que 300 mil unidades habitacionais serão financiadas pelo programa até o final de 2024, representando um aumento de 10% em relação a 2023. Para 2025, a meta é crescer mais 12%, alcançando 336 mil unidades financiadas.

Sustentabilidade no setor imobiliário

Outro tema relevante foi a sustentabilidade. O mercado de créditos verdes tem crescido, com mais empreendimentos buscando certificações ambientais como LEED e AQUA. Em 2023, o volume de financiamentos para imóveis sustentáveis ultrapassou R$ 10 bilhões, com expectativa de crescimento de 15% ao ano até 2025.

Perspectivas para o futuro

O Abecip Summit 2024 delineou um cenário promissor para o crédito imobiliário no Brasil, com crescimento sustentado por fatores econômicos e tecnológicos. A queda da Selic, a modernização dos processos e a diversificação das fontes de financiamento são peças-chave para garantir o sucesso do setor nos próximos anos.

Com projeções otimistas para 2024 e 2025, o crédito imobiliário se beneficiará de uma economia em recuperação, uma população com maior poder de compra e políticas habitacionais focadas em reduzir o déficit habitacional. O desafio será equilibrar crescimento com sustentabilidade e inclusão social, garantindo que o setor imobiliário continue a desempenhar um papel central no desenvolvimento econômico do Brasil.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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