Era sexta-feira, fim de tarde, em mais um daqueles momentos cujo único foco é a escolha de um vinhozinho para fechar a semana. Eis que recebo no celular uma mensagem da editora de Gastronomia de A Gazeta, Evelize Calmon: “Nádia, quero te fazer um convite”. Opa! Pensei: só pode ser coisa boa! Conversamos, e o vinhozinho, que era aquele mais simples, virou outro. Eu precisava comemorar.
“Que tal você assinar a coluna de vinhos do jornal?", disse ela. Logo imaginei o tilintar das taças. Seria a hora de celebrar abrindo um vinho especial que há tempos me espera na adega? De fato, o clima não está muito propício para celebrações, mas em tempos de isolamento social, assaltar a adega de casa tem sido uma prática de muitos, cada qual com o seu motivo.
Minha dúvida era se beberia um branco, um rosé ou um tinto. Com essa história toda de pandemia, passamos a contar o tempo de forma diferente. Não dá para sairmos dessa igual éramos antes, não é mesmo? E com a certeza de que o hoje é o que temos, talvez passaremos a não desperdiçar mais os momentos.
MELHOR FASE
Quando o assunto é vinho, o famoso “quem guarda, tem” está mais para “a hora é agora”, até porque nem todos ficam melhores ao longo dos anos. A maioria deve ser consumida jovem, entre o terceiro e quinto ano de produção, quando a fruta, o aroma e a acidez ainda estão vibrantes.
Dizer que vinho bom é vinho velho é mito dos grandes. Vinho é alimento, um produto vivo que está em constante transformação, e como todos nós, tem suas fases. Difícil é saber qual a melhor.
No ciclo de vida de um vinho há um período em que ele se encontra no auge, em seu momento ideal, mas a resposta que determina qual é esse momento nem sempre é exata. Podemos seguir a ficha técnica do produtor e levar em consideração as análises técnicas dos profissionais que já os provaram. De resto, será puro chute.
Considerar a qualidade da safra e a concentração de acidez, taninos e álcool é sempre uma boa, mas ainda teremos que saber sobre o armazenamento. A verdade é que não existe uma resposta pronta sobre o potencial de longevidade de um vinho, e meter o saca-rolha é uma filosofia de vida que, agora, vem bem a calhar.
Nádia Alcalde
Colunista de vinhos de A Gazeta
"Se me perguntassem qual a melhor ocasião para tomar um bom vinho, eu diria em alto e bom tom: todas!"
Então, para não correr o risco de um surrupio, esconda na adega aqueles que de fato são vinhos de guarda - eles representam uma pequena parcela dos vinhos produzidos no mundo, menos de 10% do total. Isso significa, meus amigos, que 90% não precisam e não devem ser guardados, e sim bebidos, exatamente agora.
Se o seu estoque de garrafas anda um pouco desfalcado, garimpei cinco sugestões entre os vinhos mais vendidos na quarentena em adegas da Grande Vitória. Os preços variam de R$ 39,90 a R$ 125.
TOP 5 MAIS VENDIDOS NA QUARENTENA:
- DON GUERINO TRAÇOS RED BLEND 2017
- País/região: Brasil, Alto Feliz/RS
- Uvas: Teroldego, Tannat, Merlot e Malbec
- Vinho nacional com passagem de 12 meses em barricas novas francesas e americanas. Tem aromas de frutas maduras, ameixas, amoras e especiarias. Em boca apresenta uma grande estrutura, taninos maduros, bom corpo e longa persistência.
- Quanto: R$ 119 no Empório Adega do Sul. (27) 99249-2351.
- GUARDA RIOS SIGNATURE 2016
- País/região: Portugal, Alentejo.
- Uvas: Syrah, Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Aragonez
- No nariz é intenso, com notas de especiarias, de frutos silvestres e leve baunilha. Bom volume em boca com notas de chocolate e menta. Final bastante harmonioso e persistente.
- Quanto: R$ 75 na Mil Vinhos. (27) 99984-9020.
- VECCHIA TORRE VERMENTINO SALENTO BIANCO IGP 2018
- País/região: Itália, Salento
- Uva: Vermentino
- Bastante aromático, apresenta notas minerais e frutas brancas. Na boca é macio, seco, elegante e bem persistente. Vai bem com saladas, queijos moles e peixe. Uma boa dica para quem quer provar uma uva diferente!
- Quanto: R$ 52,90 na Adega da Ilha. (27) 98873-0008.
- ADEGA MAYOR CAIADO 2018
- País/região: Portugal, Alentejo
- Uvas: Castelão, Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet
- O aroma é envolvente e cheio de frutas, com destaque para as ameixas maduras e para as notas de especiarias. O paladar é macio, bastante fresco e redondo. Taninos macios. Um vinho fácil de harmonizar e agradar.
- Quanto: R$ 39,90 na Adega São José Supermercados. (27) 3324-2355.
- VIEJO FEO BLEN RUBEN & FLORA 2018
- País/região: Chile, Vale do Maule
- Uvas: Cabernet Sauvignon e Carmenére
- Aromas de frutas negras como ameixa, amora e um toque de chocolate. Bom volume em boca com madeira, taninos e acidez em perfeito equilíbrio. Harmoniza bem com carne vermelha, massas, queijos fortes e pizza. A arte do rótulos é um show à parte.
- Quanto: R$ 125 na Wine Spot Adega. (27) 98868-0186.
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