Você que é apreciador de vinhos provavelmente ouviu falar do Descorchados, e também já deve ter encontrado algumas garrafas com selos de premiação desse consolidado guia criado em 1999 pelo jornalista e crítico chileno Patricio Tapia, que avalia rótulos de Argentina, Chile, Uruguai e Brasil.
Mas, afinal, qual é a importância do Guia Descorchados para o mundo vinícola? A publicação é bastante famosa entre produtores e apreciadores de vinho.
Relevante para quem trabalha no setor e para quem gosta de se informar sobre o consumo da bebida na América do Sul, o guia tem como premissa indicar aos leitores os melhores rótulos de um determinado ano, sugerindo as ocasiões mais adequadas para apreciá-los.
O autor do Descorchados, Patricio Tapia, é um dos principais críticos de vinho do mundo e uma referência sobre o tema na América Latina. O jornalista categorizava, a princípio, apenas os vinhos chilenos, e em seguida incluiu os argentinos.
Na última edição, de 2022, foram avaliados mais de 4 mil vinhos, degustados em 230 vinícolas argentinas, 223 chilenas, 35 uruguaias e 35 brasileiras.
As notas do Guia Descorchados funcionam com pontuação de 80 a 100, sendo a primeira para vinhos simples, de consumo diário, e a última para vinhos que se aproximam da perfeição.
Mas, como em todo sistema de pontuação de vinhos, houve controvérsias. Por mais que haja técnica envolvida, sempre será discutida a questão do gosto, tanto pelos jurados avaliadores como pelo próprio Patricio Tapia. Quer entender para que servem e como funcionam essas pontuações? Acesse a nossa coluna.
Nesta semana, aconteceram em São Paulo e no Rio de Janeiro os eventos de lançamento do guia, quando foram apresentadas as vinícolas mais emblemáticas de cada país em 2022 e alguns hábitos de consumo.
Veja abaixo alguns destaques da avaliação:
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01
Sacramento Sabina Syrah 2021
Esse brasileiro da vinícola Sacramentos Vinifer, de Minas Gerais, conquistou 93 pontos pelo Descorchados, sendo o rótulo nacional melhor avaliado. Quem elabora é o enólogo Alejandro Cardozo, que realiza o sistema de dupla poda e conta também com tecnologia para a produção. O conceito de Syrah que a empresa buscava era elegante, menos extraído, mais delicado e fácil de beber. Patricio Tapia refere-se ao Sacramento Sabina Syrah no guia como “o vinho da sede”.
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02
Emiliana Coyam 2019
Os orgânicos também figuraram na lista deste ano. Este chileno do Vale do Colchágua, produzido pela vinícola Emiliana, conquistou 95 pontos. A vinícola é conhecida por produzir apenas vinhos orgânicos e biodinâmicos, defendendo o equilíbrio natural da vida. Sua proposta é a de produzir vinhos mais saudáveis e de melhor qualidade - e parece que vem dando certo.
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03
Gran Enemigo 2017
Os vinhos do famoso enólogo argentino Alejandro Vigil já carimbam o guia há algum tempo. Este corte de Cabernet Franc com Malbec e Petit Verdot chamou a atenção dos jurados. São 18 meses de maturação em barris de carvalho francês e americano. A ideia aqui é provar quem nem só de Malbec vive a Argentina, e outras uvas despontam com grande potencial para originar vinhos de qualidade.
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04
Montes Alpha Special Cuvée Chardonnay 2016
Vinho branco também merece destaque, ainda mais quando se trata de um Chardonnay quase mastigável, de estilo potente e encorpado, como descrito no guia. Este foi eleito como o branco revelação, elaborado pela Viña Montes do Chile, que faz uma seleção especial de uvas e conta com uma proporção maior de fermentação malolática. Isso traz para a bebida um caráter mais cremoso e amanteigado.
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05
Garzón Balasto 2018
O Uruguai também marcou presença e obteve 97 pontos nesse ícone da Bodega Garzón, da região de Maldonado. Este tinto é composto de 40% de Tannat, 34% de Cabernet Franc, 18% de Petit Verdot e um complemento de Merlot e Marselan. O mais interessante é sua fermentação espontânea (sem adição de leveduras e em tulipas de concreto), o que também vai na linha de outros rótulos avaliados e bem pontuados pelo guia. Menor extração, mais delicadeza e presença.
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