Apaixonada por vinhos, Nádia Alcalde é jornalista, sommelière e consultora. Escreve sobre o universo da bebida, antenada com lançamentos, tendências e notícias.

Já bebeu Jerez? Vinho fortificado espanhol é tema da Sherry Week

A Semana Internacional do Jerez celebra até domingo (8) essa notável especialidade da Andaluzia com eventos, degustações e menus especiais em torno da bebida

Publicado em 07/11/2020 às 09h00
Taças com variedades de vinho de Jerez
Os vinhos de Jerez são produzidos há mais de dois mil anos na região da Andaluzia. Crédito: Shutterstock

Você já provou algum Jerez? Talvez não tenha nem escutado falar sobre esse estilo de vinho, mas isso foi só até esta semana. De repente, muita gente tem falado da bebida na internet e só dá Jerez nas redes sociais dos meus amigos enófilos, assim como nas páginas especializadas em vinho. Isso não está acontecendo à toa, pois estamos em plena International Sherry Week, a Semana Internacional do Jerez.

O Jerez, em inglês Sherry e em francês Xérèz, é um vinho fortificado e licoroso de origem espanhola, considerado o mais antigo da Europa. Antigo, porém andava esquecidinho.

Para você ter uma ideia, ele é produzido há mais de dois mil anos na região da Andaluzia, Espanha, nas cidades de Jerez de La Frontera, Sanlúcar de Barrameda e El Puerto de Santa Maria. Porém, com o tempo e devido a questões de mercado, acabou perdendo espaço para os vinhos de outras regiões do país, como Rioja, Ribera del Duero e Priorato.

Por isso a Sherry Week é um marco, que acontece desde 2014, e veio para celebrar essa notável especialidade do Sul da Espanha com vários eventos, degustações e menus especiais em torno do Jerez. É um convite para que as pessoas que gostam de Jerez falem sobre Jerez, e as que não conhecem, que o descubram.

SISTEMA SOLERA

O processo de elaboração dos Jerezes é bem diferente do dos vinhos mais tradicionais. Mistura vinhos velhos com vinhos novos, em um sistema conhecido como Solera. Imagine quatro ou cinco fileiras de barris de carvalho que vão mesclando uns com os outros. O vinho destinado ao mercado é sempre o da fileira mais antiga, que é abastecida com o conteúdo da seguinte e assim sucessivamente.

Maturação dos vinhos de Jerez no sistema Solera
Maturação dos vinhos de Jerez em barricas no sistema Solera. Crédito: Zahil/Divulgação

É bem curioso, mas tem bem mais do que isso. Vou deixar para quem deseja se aprofundar no assunto. Basta procurar por Jerez ou Sistema Solera na internet e nos livros para obter mais informações e detalhes da produção.

Para simplificar, o importante mesmo é saber que se trata de um vinho fortificado, assim como vinho do Porto ou Madeira, que recebem adição de aguardente vínica. Porém, nem todos os Jerezes são doces, pelo contrário, alguns são até muito salgados. É o tipo de amadurecimento que vai classificar o vinho.

CORES DIVERSAS

Você pode encontrar por aí: Jerez Fino, Manzanilla, Oloroso, Amontillado, Palo Cortado, Pedro Ximenez... Complicou, né? Jerez é complicado mesmo, e talvez na taça complique mais ainda, a começar pelas cores possíveis dos Jerezes, bem diferentes das paletas com que estamos acostumados.

Um Jerez pode ser âmbar, dourado, castanho ou marrom... e o interessante é que são todos elaborados com uva branca, podendo ser a Palomino, a Pedro Ximenez ou a Moscatel.

Degustação com diversos estilos de vinho de Jerez nas taças e suas diferentes cores
As cores possíveis dos Jerezes são bem diferentes das que vemos nas paletas habituais. Crédito: Nádia Alcalde

PERFIL GASTRONÔMICO

São vinhos extremamente aromáticos e muito gastronômicos. Jerez pede comida. As tapas, aperitivos típicos espanhóis, são perfeitas para acompanhá-los e dá para brincar com os recheios propondo diversos tipos de experiência em uma só degustação. Não tenha dúvida da surpresa que você terá no paladar, porque a proposta do Jerez é justamente essa: ser incrível e diferente!

Degustação com diversos estilos de vinho de Jerez nas taças e suas diferentes cores
O Jerez pode proporcionar experiências diversas em uma só degustação . Crédito: Nádia Alcalde

A seguir, sugiro alguns bons rótulos de Jerez disponíveis no mercado. Se você quer ficar por dentro da International Sherry Week 2020, que acontece até domingo, 8/11, não deixe de acompanhar as informações oficiais pelo site da Sherry Week.

3 DICAS DA COLUNISTA:

  • Sánchez Romate Jerez Fino Perdido - Vinho seco com uma salinidade bastante pronunciada. É versátil e possui características particulares de aroma e de sabor devido à sua guarda mais longa. Tem notas de amêndoas defumadas, frutos secos, mel, cítricos e tostados. Vai muito bem com frutos do mar. 
  • Quanto: R$ 177,30 na Belle Cave
  • Hijos de Rainera Perez Marin/La Guita Manzanilla - Delicada e aromática, a Manzanilla La Guita é fresca, tem corpo leve e sabores delicados de camomila e massa de pão. É excelente para acompanhar frutos do mar (camarões no vapor, lagostins levemente cozidos) assim como peixes de carne delicada e legumes frescos. 
  • Quanto: R$ 161,50, na Zahil
  • Jerez Cruz Conde 5 años Solera 1902 PX Dulce - Esse Pedro Ximenez é macio, untuoso, denso, cremoso e doce. Bastante licoroso, é um vinho interessante para abrir o apetite ou para acompanhar queijos azuis, fortes e bem curados, charutos e sobremesas. 
  • Quanto: R$ 345, na Wine Lands

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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