A colheita da uva é sempre um momento de muita festa e alegria por todas as regiões produtoras do mundo. É também um ótimo período para conhecer as vinícolas com seus parreirais carregados.
O normal de uma videira é produzir apenas uma vez ao ano e é bem comum escutarmos por aí histórias de turistas que ficaram indignados ao visitar vinhedos na época de dormência ou brotação, sem conseguir ver um cachinho de uva sequer.
Acontece, mas aqui no Brasil já podemos ver cachos lindos e maduros tanto no verão (na Serra Gaúcha, por exemplo) como no inverno, quando o ciclo da vinha é invertido, alterando a data de colheita, que é o caso da Região Sudeste.
CULTIVO DE UVAS VINÍFERAS NO ES
Os capixabas não precisam ir tão longe para participar desse momento mágico que é a vindima e que simboliza todo o resultado do árduo trabalho dos viticultores.
Aqui, no Espírito Santo mesmo, é realizado o sistema de dupla poda com as uvas finas, e é exatamente nesta época mais fria que conseguimos encontrar as videiras cheias de uvas prontas para serem colhidas. Eu, claro, aproveitei o momento para acompanhar de perto um pouco da colheita de inverno dos produtores nas montanhas capixabas.
Já são diversas as variedades de viníferas plantadas na região de Santa Teresa. A Cabernet Sauvignon, conhecida como a rainha das uvas tintas, adaptou-se bem ao clima e ao solo da região.
Desde 2008, todas as uvas colhidas, dessa casta, são vinificadas no município pela vinícola Tabocas, que agora arrisca também o plantio de outras variedades, como Malbec, Merlot, Syrah, Chardonnay e Alvarinho.
A pandemia este ano afastou um pouco os turistas que acompanhariam a colheita de inverno. O produtor Levi Loretti, também de Santa Teresa, vai lançar em outubro o seu primeiro vinho, um blend de Syrah com Cabernet Sauvignon, safra 2019 (ainda sem nome). “Eu estava esperando mais pessoas para conhecer a videira, provar meu vinho e aproveitar o parreiral carregado, mas entendemos o momento e já estamos organizados para recebê-los em 2021”, informa Levi.
DESAFIOS
Não são poucos os desafios dos produtores, a começar pelas mudanças climáticas. É chuva daqui e aquecimento dali. Em alguns casos de clima muito alterado, a renda da vinícola pode ser totalmente comprometida, como foi a deste ano no Rio Grande do Sul, que teve um frio que demorou a chegar e muitas chuvas na primavera.
Apesar dos percalços, as uvas amadureceram e surpreenderam. Pouca quantidade de uvas, mas todas de muita qualidade, com uma expectativa de safra histórica para o ano de 2020 (a última foi em 2005).
Vinícius Corbelini, vitivinicultor da Tabocas, afirma que por aqui o clima também não foi muito diferente. “Já é característica das nossas uvas obter, por conta do terroir, um alto grau de doçura e leve apassimento. Apostamos muito em vinhos com estrutura para guarda, poderosos e intensos, como a nossa safra 2019 que obteve 14.5% de álcool”, explica.
Em Pedra Azul, a vinícola Carrereth vem realizando testes com plantio e vinificação desde 2016. A primeira safra foi um microlote de Syrah, utilizado em uma reserva técnica para avaliar a evolução dos vinhedos.
EXPECTATIVA
Por enquanto, a vinícola tem se dedicado exclusivamente às instalações e ao aperfeiçoamento de todo o processo, sem uma estrutura, ainda, para receber visitantes. Mas aguarde, pois a expectativa da Carrereth é produzir cerca de 10 mil garrafas por ano a partir de 2022, e o vinho promete!
Proponho um brinde à colheita e também aos produtores de vinho do Espírito Santo. Os vinhos finos capixabas, aliás, serão o nosso próximo assunto por aqui. Até lá!
Acompanhe a colunista também no Instagram.
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.