Apaixonada por vinhos, Nádia Alcalde é jornalista, sommelière e consultora. Escreve sobre o universo da bebida, antenada com lançamentos, tendências e notícias.

Vinhos da Grécia estão conquistando o paladar dos capixabas

Pouco conhecidos pelo público, os gregos já têm lugar em restaurantes da Capital dedicados à cozinha mediterrânea. Saiba onde provar

Publicado em 23/06/2021 às 02h02
Garrafa de vinho sobre mapa da Grécia
Os vinhos da Grécia vem ganhando espaço em lojas e restaurantes do Estado. Crédito: Shutterstock

França, Itália, Portugal, Espanha, Chile e Argentina estão entre os principais países produtores de vinhos, e seus rótulos são facilmente encontrados por aqui. Mas exemplares de origens menos conhecidas também têm lugar no mercado capixaba. Uma delas, a grega, já está presente em restaurantes de Vitória dedicados aos sabores mediterrâneos.  

Mas por que vale a pena procurar esses rótulos? Você que nunca bebeu um vinho grego, se arriscaria a provar? Os nomes das uvas gregas, difíceis de pronunciar - Assyrtiko, Agiorgitiko e Xynomavro, entre outras -, podem até causar receio, mas no fim das contas, o que importa é o conteúdo da garrafa, certo?

Na Grécia, existem cerca de 300 uvas nativas e uma grande variedade de estilos de vinhos produzidos a partir delas. As paisagens clássicas que conhecemos, de inúmeras encostas com casebres brancos, demonstram o relevo caraterístico, repleto de colinas. O país tem aproximadamente 70% de seu território formado por montanhas.

Além disso, o litoral grego é, proporcionalmente, duas vezes maior do que o do Brasil, e os solos das vinhas variam desde o argiloso ao vulcânico - como o de uma das ilhas mais visitadas do país, a famosa Santorini. A casta branca Assyrtyko, por exemplo, é típica dessa região.

Os vinhos brancos são o ponto forte da Grécia. Uvas mais conhecidas mundialmente, como a Chardonnay e a Sauvignon Blanc, também são cultivadas lá, mas o destaque fica por conta das variedades locais.

CARACTERÍSTICAS

Essas uvas gregas originam vinhos leves e geralmente secos, que às vezes proporcionam notas discretas de frutas e cítricos, com acidez ligeiramente elevada. Na harmonização, acompanham bem frutos do mar e peixes levemente temperados, típicos da culinária mediterrânea.

Os tintos gregos são menos conhecidos, mas vale ficar de olho neles. As castas Agiorgitiko e Xinomavro roubam a cena e são conhecidas por dar origem a vinhos rústicos, estruturados e bons para envelhecer. Em Naoussa e Nemeia são produzidos bons vinhos de apelação: a localização de alguns vinhedos, em altitude acima de 900m do nível do mar, confere à bebida características únicas desse terroir.

RESTAURANTES

Ficou curioso para provar vinhos da Grécia? Alguns restaurantes de Vitória já têm rótulos dessa origem na carta. Inaugurado em maio deste ano, o mediterrâneo Eliah, na Praia do Canto, conta com oito exemplares gregos.

“Para combinar com a comida mediterrânea que servimos, pensamos também em oferecer rótulos regionais da Grécia e propor aos clientes uma experiência mais cultural”, conta o sommelier da casa, Pedro Pereira. No restaurante Alas, em Santa Luiza, também é possível degustar rótulos originários do país.

Vinhos gregos servidos no restaurante Eliah, na Praia do Canto
Carta de vinhos do restaurante Eliah conta com oito rótulos gregos. Crédito: Eliah/Divulgação

Veja abaixo algumas dicas de vinhos gregos e onde encontrá-los:

OMIKRON RETSINA 2019 (branco)

  • O Retsina talvez seja um dos vinhos mais antigos da história. Seu gosto de resina característico tem uma explicação, de quando a bebida ainda era conservada em ânforas. A resina era usada para vedar o recipiente, de forma que não ocorresse oxidação, e isso fez com que o vinho adquirisse características bem peculiares. Atualmente, a resina é adicionada ao mosto durante a fermentação e todo o processo é controlado através de uma D.O. (denominação de origem) criada para o estilo. O Retsina é um verdadeiro gole de história e o Omikron é um excelente exemplar, com uma intensidade de aroma que nos faz salivar antes mesmo de colocar o vinho na boca. 
  • Quanto: R$ 105, no Eliah Restaurante. Rua Afonso Claudio, 60, Praia do Canto.
  • Harmonização: com o Tuna Tartare do cardápio - atum em cubos, temperado com óleo de gergelim e mel, pistache com crispy de cebola acompanhado de chips de batata doce. Uma explosão de sabor.

ZACHARIAS NEMEA AGIOGIRTIKO 2018 (tinto)

  • A Agiorgitiko é uma uva tradicional da região do Peloponeso, em especial de uma área chamada Nemeia. Ela pode ser encontrada como tinto varietal ou com corte de alguma outra casta - geralmente Cabernet Sauvignon. A Agiorgitiko tende a originar vinhos bastante intensos. O Zacharias Nemea passa 12 meses em barrica de carvalho francês e apresenta aromas de frutas maduras e um ligeiro defumado. Seus taninos são bem macios, equilibrados e persistentes.
  • Quanto: R$ 149, no restaurante Alas. Rua da Grécia, 228, Santa Luiza. (27) 3071-2495.
  • Harmonização: no cardápio do Alas, uma boa escolha para acompanhar é o moussakas vegetariano - tipo de lasanha feita de batata, berinjela, abobrinha, cogumelos e molho béchamel.

MAVRODAPHNE RESERVA ESPECIAL BARRIL (fortificado)

  • A uva Mavrodaphne é sinônimo de vinho doce na Grécia. O rótulo é elaborado como o vinho do Porto, portanto, categoriza-se como fortificado. O Reserva Especial amadureceu por 72 meses em carvalho francês, o que lhe trouxe complexidade de aromas no nariz - notas de frutas maduras, muita baunilha e avelã. Na boca, é rico e naturalmente doce. 
  • Quanto: R$ 188, na importadora Winelands (televendas: (54) 3224-1122). No Alas Restaurante é servido em taça (R$ 14/30ml).
  • Harmonização: ideal como aperitivo ou para acompanhar as deliciosas sobremesas gregas feitas com mel e nozes.

Com informações de Evelize Calmon.

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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