O neoliberalismo de Margaret Thatcher faliu social e ambientalmente. Baseado na ideia de que “...inexiste sociedade, o que existe são indivíduos homens e mulheres e famílias”, ela colocou em marcha um processo de desmanche de instituições. Privatizou sob a alegação de que o governo tinha pouca condição de investir na necessária modernização de suas empresas. Executou radical projeto de transferência de empresas públicas para a propriedade de abastados indivíduos e famílias.
No outro lado do Atlântico, seu parceiro de liderança neoliberal Reagan tinha poucas empresas a privatizar. Por isso colocou o ideário da direita em prática cortando impostos dos mais ricos e terceirizando serviços públicos.
Subordinar o bem comum aos interesses de minoria detentora de grandes fortunas deu em um processo de concentração de renda inédito na história. Concentração viabilizada por possibilidades tecnológicas derivadas das tecnologias da informação e das comunicações e pela total liberdade para fluxos financeiros mundo afora. Concentração que abriu caminho ao poder de populistas descompromissados com direitos humanos e com questões ambientais, como Trump nos EUA e Boris Johnson, na Inglaterra.
Por lá, a recorrente utilização de discurso raso e vazio do fundamentalismo terraplanista é o recurso que restou aos defensores do neoliberalismo enquanto possibilidade de se opor à ideia do bem comum por eles abominada.
No Brasil, a adesão acrítica ao modelo neoliberal no governo FHC resultou na privatização e posterior transferência para estrangeiros de estatais em áreas como metalurgia, telecomunicações e aeronáutica. Estatais com reconhecida competência tecnológica e privatizadas que garantiram ganhos excepcionais a seus compradores e asseguraram equilíbrio fiscal ao gosto das finanças globais.
A ocupação de inúmeros cargos no atual governo por financistas e seus números secretos faz do Brasil o paraíso de ganhos fáceis a baixos custos e riscos. Recursos naturais e tecnológicos são transferidos a ricos indivíduos, famílias e seus gestores. Isso sem qualquer constrangimento por parte dos fundamentalistas terraplanistas locais encantados com a magia de Miami.
Enquanto possibilidade de melhores relações sociais e econômicas, o neoliberalismo acabou aqui, lá e acolá. Resta o enfrentamento a seus asseclas na mídia e na academia subordinadas aos interesses do mercado financeiro. Enfrentamento que se faz urgente no Brasil diante de tanta destruição de pessoas, natureza e instituições.
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