Os censos demográficos são importantes principalmente na definição de políticas públicas, mas também para as empresas no planejamento dos seus negócios. Depois de muitos percalços, finalmente o IBGE divulgou os primeiros resultados. Os números, sem dúvida, surpreenderam por se mostrarem muito aquém do que apontavam as estimativas. A população se mostrou mais velha do que se esperaria, bem como cidades, algumas delas consideradas grandes, e mesmo estados apresentaram perdas significativas.
Em nível nacional a diferença entre o que se estimava e o resultado do censo de 2022 chegou a 11,7 milhões de pessoas: 214,8 milhões contra 203,1 milhões. No Espírito Santo, enquanto a estimativa indicava uma população de 4,15 milhões, cerca de 1,05% em relação ao ano anterior, o resultado divulgado pelo IBGE ficou em 3,83 milhões, 318 mil a menor.
Sem adentrarmos em questões ou fatores que pudessem servir de explicação para essas diferenças, vale fazermos algumas comparações com que ocorreu nos censos de 2010 e 2022 em relação às estimativas e os resultados efetivos dos censos.
A primeira constatação que chama a atenção diz respeito às dimensões relativas dessas diferenças. Observando os números para o Brasil, essas diferenças chegaram a apenas 1,7 milhões em 2010, e 11,7 milhões em 2022. Ou seja, algo em torno de 1,9% do resultado em 2010 e 5,8% em 2022. Já no caso do Espírito Santo, a diferença que foi de apenas 7,7 mil em 2010, em 2022 chegou a 318 mil. Em termos relativos, de 0,2% para 8,3% em relação aos números dos respectivos censos.
Ainda, sem esgotar o que os números nos mostram, chegamos à conclusão de que enquanto no total do país a queda foi de 6,2 pontos percentuais, entre o que se estimava e o resultado efetivado, no Espírito Santo foi de 9,3 pontos percentuais. Indicando assim que no Espírito Santo a diferença foi bem mais significativa do que em nível nacional.
Se tomarmos esses números sem ressalvas, o curioso é que eles ajudam o Espírito Santo no cálculo do PIB per capita. Adicionamos 3,6 mil reais em 2022: pela estimativa anterior tínhamos um PIB per capita de 42,9 mil reais e passamos para 46,5 mil reais. Na média para o Brasil o avanço obviamente foi menor: 2,6 mil reais. Infelizmente, não significa que ficamos em média mais ricos. Continuamos como estávamos.
Mas, diante das acentuadas diferenças entre os números levantados no Censo 2022 e aqueles estimados por método projetivo, há motivos para ressalvas. As distâncias se mostram fora do padrão histórico. E são vários os motivos que podem justificá-las. Entre possíveis motivações ou causas, especialistas e pesquisadores têm apontado recusas em receber recenseadores e obstáculos no acesso a certas áreas, como aquelas de dominação do tráfico e de milícias.
Sem esgotá-las, no entanto, parece-nos que a leitura de consenso aponta para a necessidade de investigações mais profundas sobre a questão. Até porque os novos números já despertam reações, principalmente de prefeitos, que podem ter suas receitas nos fundos de participação reduzidas.
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