Para quem não sabe, o Espírito Santo importa mais da metade da energia que consome, ao mesmo tempo que exporta mais da metade do gás que produz. Especificamente sobre o gás, o Estado é responsável por uma produção total de aproximadamente 10 milhões de metros cúbicos por dia, mas conseguimos consumir internamente apenas um terço. O restante é disponibilizado na rede de gasodutos e destinado a outros Estados. Isso significa que estamos deixando escapar oportunidades de crescimento local.
Essa realidade que se nos apresenta adversa tem razoáveis chances de ser mudada. E isso será possível graças a dois movimentos que já estão em curso. O primeiro deles decorre da iniciativa do governo federal propondo mudanças radicais no mercado de gás, que está sendo chamado de Novo Mercado de Gás.
O segundo, agora no âmbito estadual, com a criação da empresa estadual de gás, a ES Gás, com a finalidade de dar celeridade na organização do mercado local do precioso insumo.
Obviamente, vemos no movimento nacional a condição decisiva, não necessariamente suficiente, para a ampliação e diversificação do mercado estadual do gás. Afinal, mudanças, sobretudo de natureza regulatória, são de competência da União. E o que o governo federal propõe é promover a desverticalização do setor, hoje sob o comando praticamente exclusivo da Petrobras, e liberar o mercado, possibilitando o livre acesso ao insumo.
Como consequência desse movimento, o governo federal trabalha com a perspectiva de queda acentuada do preço do gás, hoje considerado um fator importante no travamento da demanda e na atração de novos investimentos para o próprio setor, como também para a indústria que usa o gás. Com o “choque de energia barata”, que é como o governo federal está chamando a iniciativa, o preço do gás poderá cair significativamente. Estimativas do próprio governo apontam para uma queda que poderá chegar a 40%. Mesmo que não chegue a esse patamar, já poderá significar um grande avanço.
Mas o importante mesmo, especialmente para o momento, é saber o quanto isso poderá implicar em termos de impacto na economia. Valendo-nos de estimativas oficiais, a redução de 10% no preço do gás poderia implicar em acréscimo de 2,1% no PIB. Afinal, gás mais barato implica em energia mais barata, custo menor para empresas, especialmente aquelas de “energia intensiva”, tornando-as mais competitivas.
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Para o Espírito Santo, por uma série de condições prévias favoráveis, com destaque para a acessibilidade física facilitada ao insumo, inclusive pela disponibilidade de infraestrutura, mas também pelas características da sua estrutura industrial, os impactos poderão ocorrer em maior velocidade e intensidade. É possível prever novos investimentos na produção de energia, na expansão e diversificação industrial e na atração de novos negócios e empresas.
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