No terminal, para aqueles que saem as pressas, é possível encontrar todos os dias a pregação da Bíblia, café, pão de queijo, bolo ou pastel. Trabalhadores e estudantes podem alimentar o corpo e o espírito. Por um momento, o “lugar” sem pertencimento e identidade, um “não-lugar”, passa a ser uma espécie de extensão da própria casa.
Mas a imagem que fica é de uma massa anônima. As filas não cessam. Elas parecem não ter fim. Contudo, este povo não é inerte. Eles estão atentos ao que acontece a sua volta. Sabem avaliar o que está funcionando e o que precisa mudar dentro dos terminais de ônibus.
A confirmação se dá com a publicação, na coluna de Leonel Ximenes, de uma pesquisa feita por alunos da faculdade Pio XII. Ela aponta que 75% dos passageiros reprovam a segurança nos terminais de ônibus. O medo e a sensação de insegurança são decorrentes de fatores como o uso de drogas por frequentadores, a iluminação insuficiente, os crimes contra o patrimônio e a informalidade dos espaços de ambulantes, aponta a pesquisa.
Estes indivíduos vivem reféns desta rotina de vigilância e proteção de si mesmo. O que poderia aliviar um pouco este sofrimento seria a arquitetura dos terminais. Mas a estrutura do espaço não ajuda. O terminal com cores mortas, estrutura fria, aspecto sujo, é um espaço pensado por profissionais que não andam de ônibus. O povo que rala todos os dias precisa e merece de um terminal de ônibus agradável, bem iluminado, bonito, limpo e acima de tudo seguro.
Por mais que Marc-Augé, etnólogo e antropólogo francês, defenda que terminais são “não-lugares”, porque são locais de passagem e não geram relações sociais duradouras. Temos bons exemplos em cidades pelo mundo que transformaram estes espaços de passagem em lugares de convivência, maior interação e geração de renda.
O povo merece o melhor. A garantia de segurança já ajudaria. Mas como os terminais são estruturas necessárias para a mobilidade urbana é possível ir além. Com investimentos público ou privado, estes espaços podem ser sustentáveis e multifuncionais com praça de alimentação e entretenimento.
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Terminais não são espécies de garagens para ônibus; foram feitos para atender pessoas, cidadãos trabalhadores. O que deve ser levado em consideração é a garantia da integridade e satisfação destes frequentadores. Com investimento em inovação e um pouco de criatividade os terminais podem ser locais mais inteligentes e acima de tudo humanizados.
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