Após a partida da última quarta-feira (16), quando seu time foi derrotado pelo Bahia, o treinador do Grêmio Renato Gaúcho, em entrevista coletiva, deu uma declaração sobre o atual futebol brasileiro que vale a reflexão. “O futebol brasileiro está acabando” , desabafou Renato Gaúcho. Segundo o técnico gremista, exceto Grêmio, Flamengo, Santos e Athletico-PR, as equipes brasileiras jogam um futebol de resultado não condizente com a história do esporte no país.
Devo dizer que concordo com as palavras do Renato, pois assim como ele, atuei ao lado de grandes jogadores conduzidos por técnicos que sempre privilegiaram a essência do futebol brasileiro baseado em técnica, habilidade e criatividade dos atletas. Nas divisões de base, treinadas na sua grande maioria por ex-jogadores que aplicavam nada mais do que a continuidade ao que tinham aprendido com seus mestres e assim foi de geração em geração sempre ministrando treinamentos para aperfeiçoar os fundamentos do futebol. Peço licença aos amigos para lembrar de como era divertido e prazeroso jogar, e assistir às partidas de futebol com os astros da bola dando verdadeiros espetáculos de arte.
Nas divisões de base, treinadas na sua grande maioria por ex-jogadores que aplicavam nada mais do que a continuidade ao que tinham aprendido com seus mestres e assim foi de geração em geração sempre ministrando treinamentos para aperfeiçoar os fundamentos do futebol. Não por acaso, mesmo com gramados não tão bons como os de hoje, dificilmente jogadores de alto nível erravam passes, chutes, lançamentos e etc. Era o resultado do bom trabalho realizado na base dos principais clubes brasileiros .
O marco para a introdução do futebol de resultados foi a derrota do Brasil para a Itália na Copa do Mundo de 1982. A Seleção era favorita ao título pelo grande elenco composto por Sócrates, Zico, Falcão e cia, mas a derrota foi injustamente creditada ao fato da equipe não jogar pelo resultado, pois o empate classificaria o time à semifinal.
Foi a oportunidade para os “técnicos de plantão” que tinham em sua origem o “futebol de resultados” como formar de jogar. A partir de então, o foco passou a estar na parte defensiva e em aproveitar o possível erro do adversário para ganhar uma partida. Caso não houvessem erros, a partida terminaria em 0 a 0, o que já satisfazia os técnicos adeptos do jogo defensivo, na contramão da essência do futebol brasileiro.
Ok! Pode ser questionado que a Seleção de 1994 conquistou a Copa do Mundo atuando desta forma. Concordo, mas abro um parênteses: se na Seleção campeã não tivessem Romário e Bebeto atuando e decidindo para o Brasil não chegaríamos à conquista. Aliás poderíamos ficar aqui citando vários exemplos, mas acredito que está na hora de assim como Renato, adepto do futebol ofensivo com seus jogadores tendo liberdade para driblar e avançar, o futebol brasileiro precisa voltar a dar a devida atenção à formação de nossos jogadores, aplicando o básico e deixando fluir a criatividade de cada um.
Uma coisa que me incomoda sobre os treinamentos utilizados hoje em dia é o fato de não ter mais coletivos, pois os técnicos preferem os treinos em campos reduzidos. Aliás, muito bom o comentário feito outro dia pelo amigo Júnior sobre os treinamentos em campo reduzido: “O jogador acaba acostumando com o campo curto e se perde quando entra para a disputa no campo oficial". Vou mais além e lembro que graças aos coletivos realizados na nossa época, treinávamos as jogadas ensaiadas para colocar em prática nos jogos, fato que não vejo nas equipes atuais.
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Pois é. Precisou vir um técnico estrangeiro para nos lembrar que é possível usar o ataque como a melhor defesa. Essa é a maior qualidade do time do Flamengo: ataca em massa e invariavelmente deixa seus adversários em seus próprios campos de defesa, pois o time rubro-negro procura ocupar os espaços com muita intensidade e vontade de ficar com a bola.
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