Só no TikTok, rede social em que é mais ativa, a advogada Fayda Belo tem mais de meio milhão de seguidores. Ao todo, possui milhares de visualizações na internet com vídeos em que fala sobre os direitos dos negros, da mulher e da comunidade LGBTQIA+. E é assim que ela anda fazendo sucesso na web: “Fiquei chocada, surpresa. Fui ganhando seguidor e as portas foram se abrindo, os vídeos explodiram”.
A criminalista de 39 anos de idade diz que pensou em uma forma de transmitir o conhecimento das leis às pessoas que não têm tanto acesso à Constituição. Dessa forma, procurou falar de um jeito simples tudo o que cada cidadão pode reivindicar pela Justiça quando se sente lesado. “Tem um foco em mulheres, negros e LGBTs. É a parte oprimida. Eu falo que são os invisíveis, que alguém tem que dar voz, já que é uma parcela da população que é vítima de crimes todos os dias”, justifica.
Fayda, que é casada, mãe de dois filhos e já é avó, também fala da parceria da família no projeto de vida: "Às vezes, eu viro noite gravando vídeo. E todos me entendem. Eu tenho que ler artigo, pensar no tema... Imagina que eu vou falar para tantas pessoas, não posso falar nada errado, então me toma tempo. E me usa o tempo que eu teria com eles. Mas eles entendem que eu tenho esse projeto maior, que é ajudar o próximo. Mas nenhum filho quer seguir no Direito, porque acham que eu trabalho muito (risos)”.
Parte dessa identificação toda que a advogada tem com as causas em que milita se dá pelo fato de ela ter sentido na pele as dificuldades de empreender sendo mulher. Ela, que se formou em Direito com bolsa, hoje se propõe a ajudar outras pessoas e até a trabalhar com causas pro bono (sem cobrar) que cumpram esse propósito.
No mês passado, Fayda chegou a virar notícia em A Gazeta por ajudar uma adolescente do Rio de Janeiro que havia recebido ataques racistas na internet. Hoje, ela já tem cerca de 50 trabalhos nesses moldes em que não há remuneração no currículo.
"Eu vim de um bairro muito pobre, fiz o Direito com bolsa. Eu realmente uso a profissão para poder ajudar quando é um caso em que a pessoa não tem recursos. E a consciência está mudando. O Espírito Santo está atrasado nisso, mas em outros estados já existem delegacias só para crimes raciais, crimes de homofobia... Hoje é muito mais fácil fazer a denúncia, abrir o inquérito e ver o agente, que pratica esses crimes, receber a pena", declara.
A “Annalise Keating brasileira”, como vem sendo chamada na internet, se orgulha da notoriedade que ganhou pelos seguidores e vê a fama na internet como reconhecimento. "Eu acho que o sucesso veio pela forma simples. A minha ideia sempre foi explicar o Direito de um jeito fácil. O Joãozinho que tem o primário vai entender. E a Maria, que é doutora, também. Então acho que esse jeito que atraiu, acabou repassando clareza e ajudou a mais pessoas, cada vez mais, ficarem interessadas", analisa.
"Veio gente de tudo quanto é lugar e canto para falar comigo, para comentar nos vídeos, se manifestar sobre o conteúdo... E apesar de eu ter ido ganhando os seguidores e acompanhado o crescimento, ainda é novo, ainda estou me acostumando (risos)", começa.
E termina: "Mas é muito gratificante. Eu acho que é um propósito. E acho que tudo isso veio para unificar. Eu não tenho um público só, eu tenho vários que estão juntos nas minhas redes, me ouvindo falar e vendo o que eu estou postando. E espero seguir assim".
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