Desde a criação do primeiro antirretroviral (lá no fim da década de 80) até as evoluções mais recentes da medicina, quem é portador do HIV hoje pode tomar de dois a três comprimidos por dia. Assim, se mantém indetectável - quando a carga viral é tão baixa que nem exame identifica a presença do vírus da Aids no sangue. Quando atinge esse estágio do tratamento, o portador da Síndrome da Imunodeficiência Humana não transmite a doença nem por via sexual, protege a própria saúde e de quem convive. Em outras palavras, a situação é muito menos complicada do que o preconceito que a rodeia.
E foi com um post sobre o tema que Bernardo Matos viralizou nas redes sociais. Com mais de 10 mil seguidores em cada perfil, no Instagram e no Twitter, o desenhista e consultor de moda de 24 anos se motivou a fazer o desabafo após a cantora gospel Ana Paula Valadão causar polêmica ao falar que a Aids é culpa de uniões homoafetivas e afirmar que ser gay é pecado.
"Para mim sempre foi muito difícil falar sobre isso. Vim do interior, de uma cidade pequena, e se na Capital já há preconceito no interior ele é ainda pior. Eu tomo dois comprimidos por dia e estou bem, controlado", fala ele, que foi diagnosticado em dezembro de 2018 e já é indetectável. Com as pílulas, o consultor de moda não tem nenhuma interferência do HIV no dia a dia prático.
Bernardo Matos
Desenhista e consultor de moda
"Quando a gente recebe o diagnóstico - e é leigo -, pensa que ter HIV é sentença de morte. Não quero ser conhecido como 'o menino que tem HIV', mas senti necessidade de falar do assunto para conscientizar as pessoas"
Bernardo destaca que, antes de o post viralizar na web com milhares de reações e comentários, apenas o esposo - que não é portador do HIV - e a mãe dele sabiam da condição, duas figuras que ele também diz que o ajudaram muito no processo pós-diagnóstico. "Minha mãe foi sem palavras e o Milton (marido) também. Quando contei para ele, o mesmo se prontificou a estar ao meu lado, ao contrário da rejeição, e virou um porto-seguro que eu tenho hoje em dia", lembra.
Para o desenhista, a postagem na web também servirá para incentivar outros jovens a se cuidarem, realizarem o exame e, se for o caso, seguirem o tratamento, que é oferecido gratuitamente pelo governo. "Conheço gente que não faz exame por medo do resultado. Isso tem que acabar. Hoje em dia você tem acompanhamento psicológico, psiquiátrico, odontológico, com nutricionistas... Tudo de acesso grátis em Vitória", conclui.
Bernardo Matos
Desenhista e consultor de moda
"O HIV não tem cara. Tenho certeza que muita gente nunca imaginou que eu pudesse ser portador"
Para além do post, Bernardo pretende fazer uma série de bate-papos com outras figuras públicas que são portadoras do HIV e lançá-los no YouTube. As gravações serão mais uma investida do capixaba em combater a falta de informação em torno do tema.
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