No último mês, o padre Patrick Fernandes se tornou o fenômeno da vez nas redes sociais. Com Instagram, Tik Tok e YouTube, ele soma mais de 2 milhões de seguidores que se divertem com os vídeos de humor e fotos da vida pessoal que o religioso compartilha. Até a ganhadora do BBB 21, Juliette Freire, acompanha o religioso na web e, com certeza, se diverte com os posts do pároco.
Natural de Santo Antônio do Canaã (popularmente conhecida como Patrimônio), distrito de Santa Teresa, região Serrana do Espírito Santo, o padre hoje coordena paróquia de Parauapebas, no Pará. Há pouco tempo ele se recuperou do diagnóstico de depressão que recebeu em 2019 após uma temporada no Estado.
“Fiquei de atestado das obrigações da igreja e fiquei com meu irmão, em Santa Teresa, que é onde ele mora. Ele tem uma casa com muito contato com a natureza e Santa Teresa sempre foi onde busquei descanso, recarga de energias. Isso já tratando a depressão. Quando voltei (para o Pará), vim com o propósito de retomar a minha vida, porque foi uma retomada da vida mesmo. E aí comecei a gravar vídeos com brincadeiras de forma despretensiosa", lembra, em bate-papo exclusivo com a coluna.
Aos poucos, as postagens que eram feitas pelos stories somente às segundas-feiras começaram a ganhar fama e o padre logo começou a conquistar verdadeiros fãs. Para se ter ideia de seu crescimento, só no Instagram, de 4 de julho para cá, ele passou de 500 mil para 1,3 milhão de seguidores. Só no último fim de semana foram mais de 100 mil novos.
"Aos poucos, as pessoas foram divulgando e foi passando qualquer fronteira. Eu precisava me sentir útil de novo e sempre tive essa ideia no coração. E o Instagram é uma ferramenta importante para se comunicar, principalmente, com os jovens. E as pessoas entendem que o que eu faço é uma brincadeira. E tenho um retorno muito positivo", confidencia.
Segundo ele, o fato de ter esse reconhecimento na web o faz ter essa sensação de utilidade de que ele tanto gosta. “Mesmo antes de pensar em ser padre, eu tinha essa vontade, sabe? De fazer algo que deixasse um marco positivo na vida das pessoas. E não me considero alguém engraçado, um humorista, tanto que não funciono sob pressão. Já recebi convites de programas, mas sei que não vou entregar o que eles esperam, porque comigo não é assim. Tem que ser espontâneo”, avalia.
Com a fama, Patrick também acabou conquistando seguidores que são fieis na hora de interagir com ele nas redes. Nem sempre os comentários são bons, mas a saída que o religioso encontrou para os “haters” foi “fingir demência”, como ele mesmo diz.
"Recebo muitas mensagens positivas todos os dias. Um ou outro é negativo. Mas eu procuro não ficar lendo essas mensagens ruins. A internet dá coragem aos covardes. As pessoas falam sem pensar no que aquilo vai causar. Eu hoje tenho uma estrutura emocional para lidar com isso, mas tem muita gente que não tem. Com as críticas, eu finjo demência (risos)", entrega.
Patrick Fernandes
Padre
"A fé é algo leve. E acho que é isso que falta nas pessoas, essa leveza. As pessoas hoje vivem com tanta coisa acontecendo que a vida virou um fardo. Tento apresentar Jesus de forma leve "
Hoje, aos 34 anos de idade, o padre adota esse estilo de vida sem tanto rigor para si e tenta passar isso às pessoas mais próximas. Apaixonado pelo Espírito Santo, como ele mesmo fala, Patrick já trouxe dezenas de amigos para conhecerem o Estado.
"Tenho necessidade de estar com as pessoas. E o que mostro da vida pessoas nas redes é para me tornar acessível a todos. As pessoas têm que saber que tenho amigos, quero sair com eles, viajar com a família", conta ele, que se mudou do Estado aos 9 anos de idade e, depois, aos 14, definitivamente.
"Minha família migrou para o Pará quando eu ia entrar no seminário. E nunca quis ser padre. Foi em um retiro, chamado por um amigo meu, que meu coração foi tocado e eu comecei a me apaixonar por essa vida. Mas quando entrei para os estudos no seminário, com 13, 14 anos, eu já estava no Pará morando de forma definitiva", diz ele, que tem pai, irmãos e outros parentes que moram no Espírito Santo. "Os visito, pelo menos, umas três vezes por ano", corrobora.
Ser tão acessível nas redes também deu ao padre o famoso título de ser "o padre gato da internet"", que por muito tempo foi do padre Fábio de Melo. Mas nada que incomode o capixaba: "Para mim, sei lá... É um elogio. Tomo isso como algo muito positivo. Me achar bonito não quer dizer que não há respeito por mim. E eu também acho as pessoas bonitas, não tenho problema algum com isso".
E continua: "Não tenho problema nenhum em achar uma mulher ou um homem bonitos. Às vezes, uma mensagem ou outra que eu recebo acaba fugindo da normalidade, mas aí eu finjo demência também (risos)".
Até hoje, Patrick finaliza que a sensação de se sentir útil é o que o mantém firme em seu propósito. Ordenado desde os 25 anos de idade, a mínima para se tornar padre pelas leis do Vaticano, ele finaliza: "Toda a experiência aos 18 anos, no retiro, acabou que deu certo. Fui me apaixonando e tendo essa sensação de utilidade com as celebrações, com o anúncio da Palavra de Deus. Até hoje. Tudo contribui para esse mesmo sentimento".
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