Joanna Maria é tão íntima de Coco Chanel que só se refere à mulher que foi das mais importantes do mundo da moda pelo nome de batismo (Gabrielle, a quem interessar possa). Apesar de não terem se conhecido pessoalmente, a forma de lidar com a vida das duas fez a capixaba crer que há, sim, um quê de Paris em Cedrolândia, localidade de Nova Venécia, no Norte do Espírito Santo, onde nasceu há 51 anos: “Me inspiro muito em Gabrielle. Acho que tudo dela tinha um porquê, um mistério que gerava e gera, até hoje, fascínio”.
Mas logo nos primeiros segundos de videochamada em entrevista exclusiva com este colunista, entrega uma saudade do Estado: “Que saudade desse sotaque”. “Mas a gente tem sotaque?”. E Joanna responde: “Claro que temos. Quando a gente mora fora muito tempo e volta é que percebe. E eu acho que já perdi esse sotaque”.
Hoje, para se comunicar com a família, ela mistura, em uma única frase, português, islandês e inglês. Mas fala, ao todo, 10 idiomas. “Os espanhóis e italianos dificilmente falam inglês. Então aprendi a língua deles”, completa. Ela também teve que se adaptar ao inverno da Islândia e verão de lá. Por estar às margens do Círculo Polar Ártico, o país europeu não tem sol no inverno e nem noite no verão, ou seja, se divide entre dias de dia e de noite o ano todo. “No início também estranhava os terremotos diários. Aqui é terra de vulcão, têm muitas movimentações pequenas ao longo do dia e, às vezes, umas mais fortes”, diz.
Nos vídeos que ela grava para seu canal no YouTube, onde ficou famosa e tem quase meio milhão de inscritos por ser “a brasileira casada com o milionário gringo”, a mistureba fica bem nítida. “Eu ‘forço’ meu marido e meus filhos a entenderem um pouco o português. E meu marido ama o Brasil, o Espírito Santo. Desde que ele foi aí comigo a primeira vez, se apresenta para os outros como islandês, brasileiro e capixaba. As três coisas”, brinca.
Sobre o casamento, esclarece de uma vez por todas: “É claro que não me casei dando um golpe no ‘milionário gringo’. Mas pelo estilo de vida que eu levo as pessoas falavam tanto isso na internet... E aquilo me machucava tanto... Mas quando decidi tornar da situação uma brincadeira, até meu marido entrou na onda e os internautas agora ficam pedindo dicas (risos). E eu dou, como se soubesse como agarrar um milionário (risos)”.
Joanna está há 15 anos junta de Ólafur Gíslason, de 59 anos de idade, e, de papel passado, casada há quatro anos. Ele é engenheiro e trabalha para o governo islandês. Eles se conheceram quando a capixaba ainda morava em Londres, na Inglaterra, e até cogitava voltar para o Brasil. “Tinha ido morar na Europa depois que fechei minha clínica em São Paulo. Trabalhei em São Paulo como professora em matérias de comportamento, etiqueta, na Casa da Cultura, e em Londres fiz de tudo. Até faxina”, lembra.
Uma noite, em lanchonete de rede de fast-food na capital britânica, uma troca de olhares fez Joanna e o eleito começarem a conversar. “Ele tinha se separado e estava com os quatro filhos à mesa. Nós ficamos nos olhando e a filha mais nova dele veio até mim e falou: ‘Meu pai só é meu pai, ele não tem namorada’. Passei para a mesa deles e nós começamos a conversar”, fala.
Assim que saiu do Espírito Santo após terminar o ensino médio em escola pública de Campo Grande, em Cariacica, Joanna morou alguns anos em São Paulo, onde trabalhou como maquiadora, professora e chegou a abrir uma clínica de estética. Depois de falir e viver um relacionamento abusivo - que inclusive foi a principal causa do problema nos negócios -, ela decidiu tentar a vida na Inglaterra.
Mas é que de Londres para cá, além da face amorosa, o que mudou na vida de Joanna foi o fato de ela vir visitar os parentes no Brasil acompanhada. Ólafur, por outro lado, se apaixonou pela gastronomia do Espírito Santo. “Tenho casa na Praia da Costa e também apartamentos na Orla de Vila Velha que alugo. Os comprei na época em que trabalhei em Londres e eles me ajudam na renda atual, que na verdade é majoritariamente do meu trabalho no YouTube”, confidencia.
A capixaba perdeu a mãe há dois anos para um câncer e uma irmã pela mesma doença, mas ainda possui 7 irmãos no Estado. “Mamãe criou, sozinha, 9 filhos. Foi uma mulher muito guerreira”, recorda. Ela voltaria ao Estado para visitar os parentes em 2020, mas acabou sendo impedida pela pandemia da Covid-19. “Costumo ir três, quatro vezes por ano ao Brasil, mas ano passado não fui nenhuma vez. Ia depois do carnaval, mas aí a quarentena já estava instaurada”, afirma.
E Joanna, apesar de admitir ter uma coleção de bolsas da Chanel e outra série de sapatos René Caovilla no closet, também leva uma vida de dona de casa na Europa. “Acho tão engraçado que no Brasil ter alguém para pegar água para você é status... Aqui as europeias são muito acostumadas a lidar com os trabalhos em casa e dividi-los com a família. Me habituei e também faço vídeos para o canal limpando banheiro, cozinhando... As comadres adoram”, frisa, se referindo à forma com que se refere às suas seguidoras.
Orgulhosa da trajetória que trilhou e visivelmente feliz em compartilhar as conquistas, Joanna ainda adianta que pretende lançar um livro em breve. “Falei que quando chegar a 500 mil inscritos no YouTube vou lançar um livro falando tudo sobre minha vida”, fala. E termina: “Depois que você convive com personalidades que são da sociedade na Europa, você tem outra visão de tudo”.
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