Alice Pignaton Naseri, de 42 anos, nunca se apegou tanto ao balé, que começou a fazer há quase dois anos como passatempo, do que neste período em que está atuando ativamente na linha de frente do coronavírus como nefrologista, cuidando de pacientes que dependem da hemodiálise em meio à pandemia da Covid-19.
Ela e a filha, Maria Clara, de quatro anos, chegaram a se submeter ao exame deste ano da Royal Academy of Dance de Londres, na Inglaterra, de forma limitada (pela pandemia) na última semana e, agora, usam da arte para curar as cicatrizes emocionais que a doença anda deixando.
“Muitas pessoas da minha família pegaram (o coronavírus). Eu mesmo, por trabalhar mesmo nesse momento, tive meu IgG positivado por um tempo e depois negativado, cinco tios pegaram e um (tio) acabou morrendo. Ele era diabético... Mas é sempre um baque para a família. Todos estão respeitando a quarentena e tem sido bem difícil. Tudo isso tem deixado a gente em um estado de estresse alto. O balé ajudou e tem ajudado muito nisso tudo”, fala.
Sobre a prova, é a segunda que Alice presta, sendo que na primeira ela foi aprovada. “Só que era de avaliação nacional, para uma instituição daqui. Agora é a Royal Academy de Londres, com todo seu conceito, e estamos na expectativa. Mas me apego mais ao fato de o balé servir como escape da rotina tumultuada”, fala ela, que deixa claro não ter intenção de seguir a carreira de bailarina profissional.
A prova da entidade londrina, realizada sob supervisão de uma avaliadora profissional treinada pela própria Royal Academy, durou quase duas horas e compreendeu quatro etapas separadas entre testes individuais e em dupla. Agora, como também explica a professora responsável e dona da escola de balé em que estuda Alice, Liviane Pimenta, as filmagens e relatórios seguem para a Inglaterra para depois terem os resultados divulgados via Correios com certificados e medalhas.
A médica, no entanto, já colhe esses frutos no segundo contato com a dança. Na primeira vez em que estudou balé, tinha cerca de oito anos, mas não ficou mais do que um ano treinando os passos que nasceram da cultura francesa. “Agora, voltei porque a pediatra da Maria Clara indicou alguma atividade para ela que exercitasse os músculos das pernas e pensamos no balé. Só que, pela pouca idade dela, não poderia ficar sozinha na escola de balé e eu, como estava sem fazer nada, decidi embarcar junto”, lembra.
Daqui para frente, os planos são seguir na dança ao lado da filha e celebrar as vitórias levando-as sob a consideração de novas conquistas. “Na época que passei na primeira prova que fiz, na nacional, tinha pouco mais de seis meses de aula e adorei o desempenho. É bom para testar, medir os limites... O balé veio para ajudar em todos os sentidos”, termina.
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