“Eu nasci dentro do motel”. A frase dita por Hellen Dal Col explica a fama que a empresária tem de ser a “rainha dos motéis” do Espírito Santo. Ajudando a família, a capixaba acaba sendo uma espécie de consultora de mais de 20 empreendimentos espalhados por Vitória, Vila Velha, Serra e Guarapari.
O motel que é, no papel, de propriedade da empresária foi fundado pelos pais de Hellen, na ES 010, na Serra, e completa três décadas em 2021. Os outros são de tios e primos, que já estão passando a guarda dos negócios para a segunda geração.
“Eu já sou a segunda geração. E meus primos, tios, todos nós nos falamos e formamos uma rede de motéis no Estado. Crescemos juntos e ninguém é brigado, o que acaba sendo proveitoso para todos nós”, fala ela, que conta com um dos filhos, irmã e cunhado para ajuda-la diretamente no serviço administrativo.
Mas Hellen acabou sendo a mais conhecida de todos por dar as caras ao trabalho e nunca ter tido tabu para falar sobre o emprego. “Para mim sempre foi tão natural... Eu criei meus filhos dentro do motel e sempre foi assim, para a gente não tem diferença. E nossos empregados, por exemplo, a maioria tem 20, 30 anos de casa. São da família. Tudo isso faz nos sentirmos mais em casa ainda”, fala. E a fama não incomoda. “Tenho muito orgulho de ser uma empreendedora feminina no ramo erótico”, corrobora.
Não é para menos. À coluna, Hellen adianta que até o fim do ano, além da revitalização do motel de que é dona, propriamente dita, ela vai lançar uma linha de cosméticos sensuais que será comercializada nas suítes dos motéis na Grande Vitória. “A gente vende alguns itens, mas há um desperdício, porque um gel, por exemplo, a pessoa usa e deixa quase tudo para jogar fora. E são produtos caros. Nossa ideia é lançar trios desses itens em doses únicas. O preço vai ficar mais atrativo e nós teremos mais rotatividade nesse tipo de comércio”, justifica.
Há três anos, a empresária também se aventurou ao criar um selo de eventos que, a rigor, serve para divulgar o mercado erótico capixaba. Trata-se do Saia da Rotina, um encontro de mulheres empreendedoras que acontece periodicamente em suíte de motel da Serra. “Nós começamos só com mulheres diretamente ligadas a esse universo. Agora, temos dermatologista, nutricionista, endocrinologista... Mulheres que são empreendedoras, mas querem expandir os horizontes”, comemora.
NEGÓCIOS PEGANDO FOGO!
E histórias não faltam, inclusive já dentro de suítes modernizadas para nova tendência do ramo. “(Risos) tenho uma história recente que você vai gostar. Um casal veio passar o aniversário em uma das maiores suítes e trouxe um bolo. Colocaram em cima da cama e acenderam as velas. Acho que as faíscas caíram na cama, pegou fogo... (Risos)... Uma loucura. Só a cama dessa suíte tinha custado quase R$ 5 mil”, lembra, às gargalhadas.
“Todos esses investimentos, todo o dinheiro, é o de menos. O conceito que queremos trabalhar é o de valorizar a experiência dos clientes nas nossas suítes. A pessoa que faz uma festa, em sentido de festa mesmo, dentro do motel... Nunca mais vai querer outra coisa”, garante.
Na contramão da cama que pegou fogo, nessa modalidade de spa urbano que Hellen está adotando, outras histórias já acabaram movimentando os corredores de seu motel. Antigamente, ela lembra que não só já recebeu clientes que foram a cavalo para as suítes, como tinha uma saída escondida para os clientes que davam uma escapulida do casamento.
“Nós, aqui dentro, temos que ser neutros e gerenciar tudo. Antigamente nós tínhamos, sim, uma saída secreta para carros de clientes que eram descobertos. Tinham esposas que ficavam na porta e quando o marido entrava, elas entravam atrás. Hoje nós, aqui, não temos mais, mas a maior parte dos motéis ainda tem esse serviço também”, entrega.
NOVA MOTELARIA
Falando em abrir a mente, Hellen é a primeira do Espírito Santo a passar a adotar, em suas instalações, o que é chamado no mercado brasileiro de “nova motelaria”. Em suma, a tendência consiste em deixar as suítes sensuais com menos apelo erótico e mais conceito de spa urbano.
“Estou fazendo curso com empresários de São Paulo que ensinam essa nova motelaria. Na prática, é deixar os quartos mais cleans, com menos espelhos, menos luzes piscando... Algo mais requintado. Que serve para o que a pessoa quiser, inclusive passar a noite, fazer um encontro de amigos, ficar com a família... Não só para o sexo”, explica.
25 das 54 suítes do motel de Hellen, na Serra, já foram reformadas dentro deste contexto. “A menor suíte nossa, nesse contexto, custou cerca de R$ 100 mil para reformar. Então estamos indo aos poucos, mas estamos apostando nessa tendência com tudo. As camas são modelos box, a decoração é menos chamativa... É uma proposta que é mais universal”, reitera.
Ao longo dos anos, a empresária também desenvolveu o lado social por meio do próprio trabalho e pretende, isso sim, manter como tradição. “Nós trocamos toda a roupa de cama de três em três meses. E todas nossas roupas de cama têm, no mínimo, 360 fios. Nós trocamos porque é parte do nosso cronograma, mas doamos toda a roupa trocada para hospitais de atenção ao câncer do Estado”, começa.
“E sobre a limpeza, as pessoas não têm que ter medo nenhum. Nós já tínhamos um protocolo rígido antes da Covid-19. Depois da doença, tudo ficou ainda mais rígido. No ano passado, nós chegamos a investir em uma máquina de ozônio. Hoje, além de toda a limpeza, essa máquina fica ligada por 15 minutos no quarto, para esterilizar o ar, assim que os clientes deixam as suítes”, conclui.
E Hellen termina: “Estamos felizes com nosso trabalho, 2020 nosso movimento aumentou ao menos 30% pela pandemia, o que se repetiu em todos os motéis da nossa rede, e 2021 será um ano maravilhoso de muito trabalho, com certeza”.
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