Muitos dos primeiros trabalhos de Joabe Reis na música tinham uma influência forte da igreja evangélica, que frequentava ainda quando morava em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. O nome do próprio álbum de estreia, “Crew in Church”, de 2020, reflete esse ambiente assembleiano que lhe era comum.
Mas, aos poucos, o músico capixaba conquistou outros ritmos e se tornou pioneiro no que é o jazz urbano brasileiro – uma mescla do clássico gênero norte-americano com rap. Em pouco tempo, encantou os principais produtores de São Paulo, cidade onde vive desde 2013. Antes de ir para a capital paulista, se mudou de Cachoeiro para Vitória, com a família, para se dedicar mais aos estudos da música.
“(O jazz não é um dos gêneros mais ‘comuns’ de um jovem ouvir), mas, não sei, acho que tem muito da influência do meu pai na música. Eu e meu irmão fomos criados com música e meu pai nos dava CDs com esse ritmo. O primeiro que ganhei foi de jazz, então me habituei. Mas com o tempo e os estudos, percebi que o jazz é muito mais. É plural, permite mesclas... E quanto mais eu estudo, mais vejo isso”, fala.
Exemplo dessa transformação musical do trombonista é seu último lançamento, “I Just Wanna Breathe”, números 1 e 2, em que ele contou com a parceria de alguns músicos e do grupo rapper brasileiro Síntese. As canções já estão disponíveis nas plataformas digitais e no próximo dia 17 ganham clipe no YouTube. De um bairro vizinho ao de Roberto Carlos, em Cachoeiro, Joabe também destaca o pioneirismo no jazz urbano no Brasil.
“Meu objetivo era esse, fazer algo com o que eu fosse reconhecido e poderia fazer mais pessoas terem acesso à música, terem acesso ao jazz, ao trombone... E está dando certo. Trabalho cada dia mais para isso e para inovar, fazer coisas diferentes que atraiam novos ouvintes e que as pessoas se encantem como eu me encantei”, deseja.
Joabe Reis
Trombonista
"A ideia é trazer o hip hop para perto do jazz "
"Esse movimento, que busca unir essas fortes vertentes da música negra americana, já vem acontecendo de forma consistente em Los Angeles com músicos como Robert Glasper, Christian Scott e Terrace Martin, que são grandes influências para mim", corrobora o trombonista, que conta também ter se inspirado no rapper Kanye West, ex de Kim Kardashian, para este mais recente lançamento, além de suas referências no R&B e Neo Soul.
Nas duas faixas, que são complementares no EP, Joabe consegue aliar a harmonia típica do jazz, de improviso, com as nuances do rap e dos versos que Síntese encaixou na canção. Autorais do capixaba, o dom de compor foi outro que ele descobriu e desenvolveu com o tempo.
Sobre a inspiração para essas duas novas composições, o artista pondera: "Esse EP levanta várias reflexões, mas a principal delas é o quanto a arte tem sido sufocada e, ainda assim, tem conseguido atuar como válvula de escape para a população em vários momentos".
Joabe, que continua visitando o Espírito Santo periodicamente e já realizou trabalhos musicais no Estado, diz cultivar boas lembranças. Além disso, quer continuar colocando capixabas e paulistas na rota do jazz: “É isso, como te falei. Levar a música, o jazz, o jazz urbano, cada vez mais, para mais pessoas no Espírito Santo, São Paulo, Brasil, para o mundo todo”.
FALANDO EM MÚSICA...
Foi o maior sucesso a Audição Virtual da professora Silvânia Saadi no último fim de semana, transmitida ao vivo direto de piano bar da Praia do Canto, em Vitória. Cerca de 40 de seus alunos, de piano e teclado, e de sua filha, Mariana Saadi, se apresentaram por vídeos gravados que foram exibidos enquanto a própria pianista e este colunista apresentavam os números individuais. A cantora Márcia Chagas também se apresentou durante o evento pela web.
No momento em que foi finalizada, a live já havia sido assistida por pouco mais de mil pessoas simultaneamente. A gravação segue disponível no YouTube de graça e, em novembro, o espetáculo deve ganhar mais uma edição, sendo também pela internet.
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