Antes de se tornar habitué da telinha do TV Fama, a jornalista Lisa Gomes trabalhou como animadora de festa infantil e produziu outros eventos em São Paulo, onde já mora há cerca de 18 anos. O dinheiro serviu para a repórter de 36 anos pagar as contas e a faculdade de Jornalismo que havia acabado de começar. No início, trabalhava para o site Arrasa Bi, voltado para o público LGBT+. Na sequência, teve portas abertas pela apresentadora Sonia Abrão.
Lisa Gomes
Jornalista
"Ela (Sonia) me pediu uma matéria com o Walcyr Carrasco. No dia seguinte, eu fiquei 15 minutos no ar no programa "
Por essas e por outras é que hoje ela é considerada um exemplo de representatividade e estampa esta publicação, uma homenagem da coluna e de A GAZETA ao Mês do Orgulho LGBT+, celebrado com o dia do #Pride neste domingo (28).
“Virei representatividade. E estou te falando isso porque todo dia recebo recados de outras trans dizendo que entraram na faculdade porque me viram na TV. Viram que ali têm oportunidade”, fala.
Atualmente, Lisa também usa a influência para apoiar a Casa Florescer – instituição solidária de São Paulo que dá suporte a mulheres trans. “A maior parte das meninas de lá (da Casa) saem da prostituição e buscam nova vida”, reitera.
Lisa Gomes
Jornalista
"A minha resposta, até para colegas de profissão que me discriminam, é sempre essa: ‘Na cadeira que você senta eu já sentei. Então, meu amor, vai ter que me engolir. Eu sou jornalista, sou Lisa Gomes e sou trans'"
Casada há dois anos com Paulo Roberto – seu terceiro marido –, a jornalista diz nunca ter sofrido preconceito em nenhum episódio profissional – não pela sexualidade. “Nunca tive nenhum tipo de problema. Até porque, se olhar torto, eu vou revidar. Eu consigo passar respeito e confiança, que fica mais fácil na hora de fazer o meu trabalho. Já fui destratada por outros motivos, mas me mantenho no salto e não estou na profissão para ser amiga de artista, só para fazer o meu trabalho. E é isso que acontece”, confidencia.
Quem criou uma parte da mulher que Lisa é hoje foi a própria mãe, como ela detalha: “Comecei minha transição com 30 anos e quem me ajudou minha mãe. Ela estava um dia assistindo a um documentário sobre crianças trans e me ligou pedindo desculpas por me tratar como gay. Ela percebeu que eu era trans e, naquele momento, ela disse que eu me tornaria a filha dela e que ela me apoiaria dali para frente”.
Lisa Gomes
Jornalista
"O amor da família faz toda a diferença, independente da identidade de gênero "
Hoje em dia, Lisa só sente falta de uma filha. Mas já colocou a herdeira nos planos de vida: quer adotar uma menina. “Estava até conversando com meu marido esses dias. Sinto falta de uma criança e quero adotar”, fala, indicando que tem dois sobrinhos e uma sobrinha com quem se relaciona muito bem. O restante da família da repórter é de Recife (PE), no Nordeste.
Da carreira, ela só espera mais uma conquista: “Sentar na bancada de um jornal e mostrar para o Brasil que uma trans pode apresentar um telejornal”. Recentemente, ela relata à coluna que chegou a receber proposta de uma outra emissora de TV. “Já recebi outras propostas antes. Mas eu adoro o entretenimento e migrar para o jornalismo só se for realmente uma proposta muito boa”, garante, sem descartar a possibilidade.
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