Se você faz parte do grupo de pessoas que ficou confuso com a suspensão das aulas porque nem sequer sabe sua própria opinião, eu te entendo. Aliás, entendo que estamos todos confusos com relação a muita coisa desde que a pandemia começou.
A verdade, ao meu ver, é que o tal ‘novo normal’ é estar confuso, porque as informações que chegam até nós estão extremamente difusas.
Como já falei em colunas anteriores, o que falta é um Ministro da Saúde (que entenda de saúde) conversando com um Ministro da Educação (que entenda de educação) e tendo um posicionamento claro e instrutivo para toda sociedade brasileira.
Nós não temos opinião muito bem formada porque esse não é o nosso lugar, apenas quem entende o quadro geral de cada país, estado e cidades saberá realmente opinar. Alguém que tenha dados, que se inspire nas cidades e países que estão melhor lidando com tudo isso, que tenha realmente bons contatos com quem tirar as próprias dúvidas. As pessoas que estão no poder geralmente são eleitas para isso: usar desse poder, autoridade e bons contatos para decidir o que há de melhor para a população que o elegeu. Enfim, temos um país completamente confuso, porque a saúde e a educação, mesmo numa pandemia, não são prioridades.
O que nos confunde é que faz sentido, sim, proteger nossas crianças e profissionais da educação. Segundo o G1, um mês após a retomada das aulas presenciais nas escolas estaduais do Espírito Santo - que começou pelos alunos do Ensino Médio - 300 funcionários e 26 estudantes já haviam sido contaminados pela Covid-19. A informação foi divulgada pelo secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, na sexta-feira, dia 13 de novembro.
Nanda Perim
psicóloga
"Esses dados são assustadores, mas não tão assustadores quanto o número de mães demitidas na pandemia. Uma pesquisa feita pela Famivita estudou o impacto da pandemia entre as mães brasileiras e concluiu que 52% das mães brasileiras perderam renda durante o período de isolamento social. Aém disso, 39% das mães perderam o emprego. Esse índice inclui as trabalhadoras informais."
E, por que as mães? Porque nossa sociedade machista considera que é dever delas cuidar das crianças. E se essas crianças estão sem escolas, quem acaba sendo demitida são elas.
Para além da discussão necessária sobre de quem é essa função, fica mesmo difícil decidir: colocar funcionários da escola e familiares das crianças em risco, ou fechar e colocar os empregos das mães em risco? Afinal, pra que serve uma escola?
Recentemente uma mãe pedagoga comentou no meu perfil do Instagram que seus alunos estão muito tristes na escola, porque com as medidas restritivas, eles pouco conseguem curtir. Ela acredita que seria melhor brincar em casa livremente do que a clausura das medidas restritivas nas escolas. Que não há aprendizado acontecendo porque as crianças estão desmotivadas lá dentro, segundo ela. Já outras mães comentaram que suas crianças melhoraram demais o humor depois que voltaram a ver os amigos na escola.
E então, qual a solução?
Bom, poderíamos analisar aqui, mas uma coisa é certa: quem precisa acessar essas informações e tomar uma decisão não somos nós, mas o Ministro da Educação. Quem pode comparar resultados, quem pode ligar para outros ministros de outros países, quem pode saber, realmente, o que fazer em contato com outras experiências são os ministros e secretários da Saúde e da Educação - em conjunto.
Minha opinião não é só com relação a escolas abrirem ou não, mas sim com relação a todo o resto. Isso mesmo. Se vamos deixar bares, restaurantes, shoppings e eventos funcionando normalmente, então a culpa não é da escola. Não acredito que manter tudo aberto e só escolas fechadas seja a solução. Dessa forma só colocamos os empregos das mães em risco.
E se fecharmos tudo, e só deixarmos as escolas abertas? É uma opção e muitos países estão fazendo isso.
A grande questão é entender que a escola não é a responsável pela pandemia. Não faz sentido tudo continuar aberto e só as escolas fechadas. Precisamos de uma política geral. Se for fechar tudo, faz lockdown, escolas incluídas, por 15 dias, por exemplo.
O que não faz sentido é a ausência de alguém competente no poder, buscando soluções encontradas em outros países para decidir como lidar por aqui. Na minha opinião, o que precisamos urgente é exigir que os responsáveis por essas decisões sejam mais claros e instrutivos em suas declarações, com embasamento e explicação coesa. E mais: com um plano de ação para tranquilizar, pelo menos pelas próximas semanas, a população.
Infelizmente, é uma marca registrada do atual governo a falta de articulação entre a União, estados e municípios. E isso se reflete nos próprios ministérios da Saúde e da Educação, que seriam fundamentais nesse momento, mas não estão decidindo questões urgentes no meio de uma pandemia mundial.
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