Infelizmente tenho visto imagens dos aeroportos, bares e praias lotados no Brasil. Tudo isso em meio à pandemia, nesse fim de ano. As imagens demonstram como precisamos falar de solidariedade nesse Natal.
Falamos de solidariedade todo ano no Natal. Apesar de ser um tema urgente para o ano inteiro, apenas ouvimos essa palavra com frequência quando chega o fim do ano. Curiosamente nesse período e neste ano - o ano em que tivemos uma pandemia mundial sem precedentes - a palavra solidariedade parece estar distante nas festividades.
Em geral, estamos falando de ajudar os mais necessitados, doar cestas básicas e ajudar instituições que passam aperto o ano todo. Mas em 2020 não é somente desse tipo de solidariedade que precisamos falar, mas de outra tão urgente quanto: a responsabilidade coletiva sobre a alta transmissão da Covid-19, e as consequências fatais que isso terá nas festividades e começo de 2021.
O Brasileiro é festeiro, família, aglomerador, mas também precisa ser consciente. Não tem quem esteja alheio à situação, até porque já perdemos gente famosa pra essa doença. Então não tem mais quem não conheça alguém que tenha morrido de complicações do coronavírus.
A situação agora está séria como nunca, porque os números continuam crescendo e temos duas grandes datas chegando. Natal e Réveillon precisam ser olhados enquanto festas diferentes esse ano, uma vez que já começam com os hospitais lotados.
Temos o hábito de fazer dieta o ano todo e chutar o balde nas festividades, e tenho receio que o Brasil inteiro siga esse padrão com relação ao distanciamento social. Um distanciamento que sequer estava sendo feito direito.
Conheço muita gente viajando, muita gente fazendo festa, muita gente aglomerando. Chutaram o balde de vez. Sim, já chutaram, e isso muito nos preocupa. O que será de janeiro? Os hospitais seguem lotados, profissionais da linha de frente seguem sem poder ver seus parentes e trabalhando os feriados, sem curtir Natal nem Ano Novo, porque uma doença está matando muita gente no mundo todo.
A solidariedade desse ano, então, não é somente com pessoas desconhecidas que precisam da sua ajuda. Elas, também, mas não somente. A solidariedade desse ano é com você mesmo, com as pessoas que você mais ama, com aqueles que você mais precisa proteger. É com uma pessoa que você nem conhece mas que pode pegar a doença de alguém que pegou de você. É com os profissionais da saúde e dos hospitais que estão se acabando de trabalhar enquanto as praias insistem em lotar.
Para a atriz Nicette Bruno bastou uma visita, em isolamento há dez meses, para se infectar, piorar e falecer. A mesma história, tenho certeza, se repete em centenas de milhares de famílias com pessoas menos conhecidas.
São idosos, sim, mas não somente. São gestantes, diabéticos, são pessoas sem qualquer comorbidade, são crianças, mães, pais, tios, tias, primos. A doença é inexplicavelmente aleatória, e passa como uma gripe para uns, e experiência de perda para outros.
A grande questão está em entender que fazer questão de passar as festas com alguém que você ama pode também fazer com que seja seu último Natal com ela.
Se você não está fazendo isolamento social, tem contato com muitas pessoas, que podem ter contato com mais pessoas, de casas diferentes, repense.
Seja solidário e proteja as pessoas que você ama. Caso contrário será um Feliz Natal , mas poderá não ser um ótimo Ano Novo. Agora não é a hora de chutar o balde. Cuide-se e proteja todos ao seu redor.
A pandemia não para porque é feriado. Pelo visto, ela só vai piorar. Faça sua parte. Feliz Natal.
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