O retorno às aulas já é uma realidade, e com ele muitas inseguranças e incertezas. Vídeos de escolas que retornaram no Sul do país mostram crianças limitadas a retângulos demarcados com fita crepe no chão, de máscaras e sem brinquedos, numa sala sem ar condicionado ou ventilador com uma professora toda coberta de máscara, luvas e protetor facial. A imagem choca, entristece. Parecem animais em baias, como um canil. Essa triste imagem nos deixa preocupados, uma vez que a maior justificativa para a volta às aulas - depois da necessidade dos pais trabalharem - é a saúde emocional das crianças. E então eu te pergunto: como fica a saúde emocional de uma criança que não pode brincar livremente e precisa ficar parada, sem brinquedos nem amigos, sem ventilador ou ar no verão mais quente dos últimos anos que se aproxima?
E, como mencionado em coluna anterior, se é difícil para uma escola controlar quando uma criança chega com piolho, que saem praticamente todas com a cabeça coçando, imagina só com um vírus, que é absolutamente mais difícil de controlar.
Em Manaus as aulas voltaram e tivemos 1.770 profissionais da Educação testados positivo para a Covid-19 desde o retorno. O Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores de Educação do Estado do Amazonas) fez greve parcial contra a retomada das aulas presenciais. Já a Seduc (Secretaria de Estado de Educação) descarta a relação entre os casos positivos e o reinício das atividades escolares. Na Georgia, EUA, conforme mencionado em coluna anterior, seis dias após a reabertura da escola, mais de 820 alunos e 260 funcionários tiveram que fazer isolamento total devido a um aluno infectado. Já na França, uma semana após a reabertura foram fechadas mais de 70 escolas. Na Alemanha, duas escolas que reabriram tiveram que fechar logo após abertura. Enquanto em Israel a reabertura das escolas causou novo surto da doença.
No entanto, temos inúmeros profissionais perdendo empregos ou passando enormes apertos, aumentando inclusive o índice de creches clandestinas por causa das escolas fechadas. Mães e pais do Espírito Santo precisam ter onde deixar suas crianças para voltar a trabalhar, uma vez que muitas empresas estão, também, retomando suas atividades presenciais. E aí, com as escolas voltando a abrir, mando ou não mando?
E a minha sugestão para você nessa coluna é: manda se você precisar mandar, mas se não precisar e puder manter sua rotina atual com suas crianças, então, por favor, não mande.
A grande questão que temos nas mãos é: por um lado, pais e mães que não têm outra opção e, por outro, escolas preocupadas com a saúde de seus funcionários com um grande volume de alunos voltando às aulas. Ou seja, cada aluno que não for e mantiver a rotina de hoje facilitará esse retorno com segurança, aumentando as chances de sucesso nesse retorno emergencial.
Desde o começo dessa pandemia, a solidariedade tem sido a grande aliada! Usar máscaras para proteger a si e aos outros, isolamento social com o mesmo intuito, fechamento de comércio, shopping, cinemas, todas decisões para evitar um pico de onda que não coubesse em nossos hospitais. A solidaredade falou alto até agora, mas não pode parar, porque por mais que as praias estejam cheias e os restaurantes também, não podemos esquecer que a pandemia ainda não passou, e não queremos uma nova onda de contágios nos fazendo voltar alguns passos que já conquistamos nas últimas semanas.
Muitas famílias foram passar quarentena em outros estados, muitas já retomaram o hábito de viajar a passeio, outras muitas estão viajando por necessidade... Por isso, a outra solidariedade que te peço nessa volta às aulas é: se você precisa mandar sua criança de volta para a escola e ela está voltando de viagem, por favor, faça uma quarentena em casa antes desse retorno às aulas. Precisamos fazer o nosso máximo para que nessa volta às aulas não aumente o número de contágio. Essa responsabilidade é dos pais de cada uma das crianças da escola. Precisamos cuidar dos profissionais que cuidam das crianças e de toda a infraestrutura escolar. E a sua parte nisso é garantir que sua criança esteja seguindo todo o protocolo necessário e respeitando em todos os níveis as exigências de segurança.
Para a onda do corona não voltar com a volta às aulas, cada pai e cada mãe precisa fazer a sua parte. Que não comece uma nova onda de Covid-19 com esse retorno das escolas, apenas uma nova onda de solidariedade.
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