Só quem tem um “filho de quatro patas” é capaz de entender a saudade que bate no coração quando se está longe dele. Imagine a proporção que essa saudade pode tomar quando por algum motivo o tutor fica doente e é internado? Se em situações normais, como uma viagem, por exemplo, esse sentimento já se faz presente de uma forma intensa, imagine em uma situação delicada, acamado por alguma enfermidade e dentro de um quarto de hospital?
Sentir saudade do pet sabendo que logo será possível revê-lo, no caso de uma viagem mais longa, por exemplo, é uma coisa. Mas “preso” a uma cama de hospital, sem poder estar ao lado do animal de estimação, é bem diferente. Aliás, já está provado que a falta do “filho de quatro patas” pode ser até prejudicial à saúde do paciente.
Estudos mostram, inclusive, que visitas de cachorros e gatos a seus tutores enfermos trazem benefícios que contribuem com uma cura mais rápida, já que ao brincar com eles, ocorre a liberação de neurotransmissores hormonais responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar como a endorfina, a dopamina e a oxitocina. E em contrapartida ocorre a diminuição da liberação do cortisol, que é o hormônio do estresse.
Que o diga o aposentado Rogério Muniz Carvalho, dono há dez anos da poodle Nina, sua “fiel escudeira”. No mês de junho, ele esteve internado no Vitória Apart Hospital para um tratamento de saúde e sentia muita falta da sua companheira, que sempre o acompanhava por toda a parte, inclusive na hora de dormir.
O sofrimento de Rogério era nítido, por isso sua filha, Letícia, pensando em seu bem-estar, recorreu a um protocolo criado pelo Vitória Apart Hospital exatamente com o objetivo de proporcionar assistência personalizada e humanizada aos seus pacientes internados: a visita de pets, mas, claro, sempre com a adoção de critérios que zelam pela saúde e segurança do paciente e da equipe.
“Nina está com a gente já faz 10 anos. Quando meu pai se aposentou, se tornaram grandes amigos e sempre estiveram juntos e durante a internação ele sentia muita falta de vê-la”, conta Letícia.
Após procurar o programa do hospital, tudo foi preparado para que Rogério recebesse a visita de sua fiel escudeira, a poodle Nina. “A visita aconteceu em uma sexta-feira e parece que foi providencial, pois na semana seguinte meu pai teve alta e foi para casa para dar continuidade ao tratamento, passando a receber o carinho não só de Nina, mas de toda a família”, conta Letícia.
Segundo a psicóloga do Vitória Apart Hospital, Julia Marcarine Arruda, responsável pelo protocolo do programa, o objetivo é proporcionar uma experiência individualizada e humanizada durante o processo da internação, promovendo o resgate da subjetividade do paciente e de suas referências.
“Essa ação é uma demonstração prática dessa proposta. Receber a visita do animal de estimação pode ajudar a atenuar sentimentos de isolamento, reduzir o impacto e estresse gerados pelo adoecimento/hospitalização, aliviar o sofrimento e estimular a troca de carinho", garante.
CRITÉRIOS
Esse protocolo do Vitória Apart Hospital é pioneiro no Espírito Santo e leva em conta aspectos relacionados à segurança, saúde, prevenção de infecções e doenças, além de questões particulares, como a vontade do paciente de ver o animal de estimação e a disponibilidade da família em cumprir as regras.
Responsável pelo Centro de Controle de Infecção do Vitória Apart Hospital, a infectologista Polyana Gitirana explica que do ponto de vista da segurança há uma série de critérios previstos no protocolo que precisam ser cumpridos à risca.
Todos os pedidos são avaliados pela equipe, considerando as condições clínicas do paciente e o tempo de internação. São priorizados pacientes com período de internação prolongada, em cuidados paliativos, além de não ser pós-cirúrgico recente, entre outros.
Já em relação ao pet, é necessário, principalmente, que possua comportamento dócil. As exigências incluem, ainda, higienização do animal 24 horas antes da visita, incluindo banho, unhas aparadas, limpeza de olhos e orelhas, com declaração do petshop responsável.
Letícia e sua família cumpriram o protocolo e garantem que valeu a pena. “É uma iniciativa muito válida e que serve de exemplo. Fez toda a diferença para o meu pai a visita de Nina durante sua internação. Ele esperava ansiosamente por este momento e ficou muito feliz, o que nos deixou alegres também”, considera.
10 vantagens de deixar o pet visitar o tutor-paciente no hospital
- Dá uma mãozinha enorme no processo de recuperação.
- Melhora o humor e bem-estar.
- Reduz a ansiedade diante da internação.
- Pode ajudar a encurtar a duração da internação.
- Em alguns casos pode ajudar até na cura.
- É um motivador para a própria equipe médica e família, que se fortalecem ao saberem que estão fazendo algo benéfico ao paciente, amenizando seus sentimentos em relação a sua impotência diante da situação delicada pela qual está passando.
- Ajuda a diminuir a depressão que pode muitas vezes aparecer diante da internação e, consequentemente, a solidão.
- Ajuda a aliviar a dor e o desconforto por estar em um ambiente hospitalar e longe da família, incluindo o pet.
- Ajuda o funcionamento do coração, já que diminui a adrenalina.
- Essa troca de amor também é importante para o pet, que longe de seu dono pode passar a comer e interagir bem menos. E no reencontro vai voltar ao normal sabendo que seu tutor está bem.
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