Os efeitos da pandemia do novo coronavírus, após quase um ano de Covid-19, trouxeram uma série de mudanças. Uma delas foi a adaptação de professores e, principalmente, crianças e adolescentes, que passaram a ter que enfrentar as aulas on-line. E, obviamente, os pais. Mesmo, agora, com o novo cenário híbrido, presencial e virtual, os questionamentos ainda são muitos.
Mas uma pesquisa realizada pela Mars Petcare, com professores que dão aulas no Brasil para crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, e seus pais, revelou um dado muito interessante: que a presença de um animal de estimação durante as aulas on-line traz uma série de benefícios tanto para quem tem a aula, quanto para quem a ministra.
O estudo ressalta que 79% dos professores notaram que os alunos ficam menos estressados na sala de aula virtual quando o pet está próximo. Já 83% acham que essa interação reduz a ansiedade e 87% destacaram que essa relação criança, adolescente e animal de estimação faz com que elas sintam-se menos solitárias.
Já quando o questionário foi direcionado aos pais, 77% declararam que o filho fica mais motivado tendo o pet por perto durante o dia, e 76% também indicaram que o animal de estimação ficou mais calmo nesse período em que passou mais tempo na companhia de seus tutores.
No âmbito escolar, 68% dos pais disseram que a interação com os animais de estimação ajuda as crianças e adolescentes a se relacionarem melhor com os colegas, 73% declararam ser ótimo para a saúde mental e 73% também destacaram que essa relação e proximidade contribui para um aprendizado melhor. E mais, 78% de pais e 87% de professores concordam que essa interação, a partir de agora, deve ser usada permanentemente nas atividades escolares, quando possível.
Momento de descontração
Luísa Ribeiro Rabello, de 11 anos, que está no 6º ano, e é dona dos gatinhos adotados Tom e Mel conta que durante as aulas on-line os dois sempre fizeram companhia para ela. “Às vezes estava no computador acompanhando a aula e eles miavam pedindo carinho ou ração e, de repente, passavam na frente da tela, pois queriam ir para janela para ‘namorar’ o gato do vizinho”, lembra.
A pré-adolescente explicou, ainda, que em duas aulas on-line da escola, os alunos tiveram que falar em inglês sobre os seus pets. “Todos que tinham pets mostraram eles pela câmera para todos os colegas. É normal, também, a professora de vez em quando mostrar o pet dela. Isso deixa a aula mais leve e divertida”, conta Luísa.
A jornalista Ludmila Nascimento Ribeiro Rabello, mãe de Luísa, conta que sempre fala para todos como é importante ter um pet em casa, porque é sempre uma distração tanto para as crianças, quanto para os adultos. “Eles foram primordiais durante o isolamento social e continuam sendo desde que chegaram a nossa casa em dezembro de 2019”, ressalta.
Ludmila Rabello ressalta, também, o quanto é puxado para uma criança ficar sentada em frente a um computador de 13 às 18h30, só com um intervalo para lanche. “Eu percebo que a interação com o pet durante esse período longo de aula é muito importante porque quebra um pouco esse momento árduo de ficar na frente de um PC ou tablet por tanto tempo, até porque as cenas geralmente são bem divertidas, quando os gatinhos passam correndo na frente da câmera, todos riem. Claro que precisamos ficar atentos para que não vire uma distração constante que possa atrapalhar a aula. Mas eu vejo como algo super positivo”, alerta
Relação de afeto
A psicanalista, membro da Psicanálise&Cultura, Rachel Pessôa, explica que na história da humanidade os animais de estimação sempre estiveram presentes neste lugar de afetividade humana.
“Mas, agora, na contemporaneidade, este vínculo entre os animais e as pessoas tem ficado cada vez mais forte. Pesquisas demonstram a toda hora o significativo e relevante lugar que os animais de estimação estão tendo nestes tempos de pandemia. É importante ressaltar que o ser humano é ser de linguagem, simbólico, pertence ao mundo do trabalho. E arriscaria dizer, ainda, que projeta nos animais de estimação certas características e traços humanos”, explica.
Ela ressalta, também,que devido à constituição humana passar por uma especularidade, ela acaba inserindo o animal com o qual se relaciona afetivamente na sua própria rede simbólica.
“E isso é muito interessante, pois os tutores acabam interpretando certos comportamentos, demandas, jeitos de colocar os animais como humanos. Entretanto, isso diz respeito ao nosso imaginário, pois diferente dos humanos não existe falta, na relação com o animal de estimação o amor está garantido”, explica a psicanalista.
De acordo com Rachel Pessôa, outros estudos mostram que os animais de estimação são fontes de apoio e saúde para pessoas de todas as idades.
“O estudo citado acima e outros publicados pela revista Forbes Saúde afirmam em seus resultados que animais de estimação podem ajudar na saúde mental ao reduzir a solidão, não só no isolamento social, mas também na convivência e no fortalecimento dos laços sociais. Enfim, esse endereçamento de afeto, transformando os animais domésticos em membros da família, são preciosos no cotidiano, pois possibilita o exercício do cuidado e responsabilidade no trato com o outro, facilita a socialização, colabora para a redução do estresse, estimula a atividade física e os transformam em fiéis companheiros”, garante a psicanalista.
Na opinião de Rachel Pessôa, seria muito enriquecedor que as escolas colocassem em seu programa curricular um “dia de pet”, onde cada aluno pudesse levar eventualmente o seu animal de estimação para interagir com seus colegas, um de cada vez, respeitando, claro, todos os cuidados necessários para esse tipo de projeto. “Uma oportunidade para estimular o compromisso com o desejo de adoção, a sensibilidade no trato com os animais de estimação e a alegria de conviver com seres vivos tão expressivos na relação com os humanos”, conclui,
Outros dados da pesquisa
- 67% dos professores acreditam que ter um animal de estimação em casa pode melhorar o desempenho acadêmico das crianças e adolescentes.
- 83% dos professores afirmam que passar o tempo com um animal de estimação aumenta os níveis de energia das crianças e adolescentes.
- 81% destacam que essa relação é uma motivação maior para enfrentar as aulas virtuais.
- 85% dos professores ressaltam que os programas de interação com os animais de estimação nas escolas podem ajudar a tornar as aulas mais envolventes e interativas.
- 81% dos professores (oito em cada 10) disseram que essa interação pode ajudar a aumentar a frequência dos alunos às aulas.
- 75% dos professores afirmaram que ver um pet durante a aula on-line permite conversar com os alunos sobre algo que não está relacionado ao tema específico do dia e que isso permite um momento de descontração.
- 82% dos professores garantiram que a presença dos pets ao lado dos alunos nas aulas on-line facilita o fortalecimento dos laços com os colegas de sala.
- 74% dos professores acreditam que essa relação com o pet durante as aulas on-line faz bem para a saúde mental deles próprios.
- 88% dos pais concordam que o animal de estimação ajuda o filho a não se sentir tão sozinho.
- 68% dos pais também afirmaram que essa relação com o pet ajuda os filhos a se relacionarem melhor com os colegas de escola.
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