Quem ama gatos, como essa colunista que vos fala, sabe que não basta só amar o bichano, é necessário, definitivamente, entrar no mundo fascinante deles, esses seres independentes, blasés e difíceis de desvendar. Eles são fascinantes e, embora muitos duvidem, excelentes companheiros, mesmo que seja apenas para esquentar nossos pés enquanto tiramos aquela soneca gostosa.
É sempre bom lembrar que gateiras de responsa correm atrás de tudo o que remete aos felinos e, nos dias de hoje, claro, tiram muitas fotos das peripécias divertidas desses seres misteriosos para postar nas redes sociais, cenas que muitas vezes viralizam de tão divertidas que são, deliciando os amantes dos bichanos mundo afora.
Mas não somos apenas nós, reles mortais, que nos deixamos fascinar pelos gatos, muitos poetas, ao longo da história, também. Um bom exemplo é Pablo Neruda, autor do poema “Ode dos Gatos”, considerado uma das mais brilhantes descrições da personalidade felina e evocada por todo defensor desses intrigantes animais, que cada vez mais adentram as casas, se tornam membros da família, e transformam toda a dinâmica do local, o que significa (e só quem tem um sabe disso) dizer que, a partir deste momento, quem manda na residência são eles. Experimente adotar um para ver!
A coluna conversou com a professora, mestre e pesquisadora na área de poesia, Marli Siqueira, que separou para nós, gateiras de plantão, cinco poesias onde os gatos são protagonistas:
O ronron do gatinho (Ferreira Gullar)
O gato é uma maquininha
que a natureza inventou;
tem pêlo, bigode, unhas
e dentro tem um motor.
Mas um motor diferente
desses que tem nos bonecos
porque o motor do gato
não é um motor elétrico.
É um motor afetivo
que bate em seu coração
por isso faz ronron
para mostrar gratidão.
No passado se dizia
que esse ronron tão doce
era causa de alergia
pra quem sofria de tosse.
Tudo bobagem, despeito,
calúnias contra o bichinho:
esse ronron em seu peito
não é doença - é carinho.
O gato (Vinícius de Moraes)
Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, para
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga.
Poema gato (Saulo Pessato)
No meio da noite
um poema chato
sobe na cama
feito gato
anda, procura, fuça, ronrona
e enfim num miado
nos põe acordado,
esse gato chato
que a gente ama.
Gato que brincas na rua (Fernando Pessoa)
Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
É feliz porque és assim,
Todo o nada que és teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
Era uma vez um gato xadrez (Bia Villela)
Era uma vez um gato xadrez
Caiu da janela e foi só uma vez
Era uma vez um gato azul
Levou um susto e fugiu pro sul
Era uma vez um gato vermelho
Entrou no banheiro e fez careta no espelho
Era uma vez um gato amarelo
Esqueceu de comer e ficou meio magrelo
Era uma vez um gato verde
Ele era preguiçoso e foi deitar na rede
Era uma vez um gato colorido
Brincava com os amigos e era muito divertido
Era uma vez um gato laranja
Ficou doente e só queria canja
Era uma vez um gato marrom
Olho pra gata e fez “ron ron”
Era uma vez um gato rosa
Comeu uma sardinha deliciosa
Era uma vez um gato preto
Era teimoso e brincou com um espeto
Era uma vez um gato branco
Era tão sapeca que pulou no barranco
Era uma vez um gato xadrez
Quem gostou dessa história que conte outra vez
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