Uma jornalista que ama os animais, assim é Rachel Martins. Não é a toa que ela adotou duas gatinhas, a Frida e a Chloé, que são as verdadeiras donas da casa. Escreve semanalmente sobre os benefícios que uma relação como essa é capaz de proporcionar

5 poetas, 5 poesias, e alguns gatos

Eles são fascinantes, misteriosos, independentes… e por isso sempre atraíram os poetas. Confira cinco poesias onde os felinos são os protagonistas.

Publicado em 06/07/2021 às 02h03
Gato
Eles se tornam membros da família e transformam toda a dinâmica do local. Crédito: Pixabay

Quem ama gatos, como essa colunista que vos fala, sabe que não basta só amar o bichano, é necessário, definitivamente, entrar no mundo fascinante deles, esses seres independentes, blasés e difíceis de desvendar. Eles são fascinantes e, embora muitos duvidem, excelentes companheiros, mesmo que seja apenas para esquentar nossos pés enquanto tiramos aquela soneca gostosa.

É sempre bom lembrar que gateiras de responsa correm atrás de tudo o que remete aos felinos e, nos dias de hoje, claro, tiram muitas fotos das peripécias divertidas desses seres misteriosos para postar nas redes sociais, cenas que muitas vezes viralizam de tão divertidas que são, deliciando os amantes dos bichanos mundo afora.

Mas não somos apenas nós, reles mortais, que nos deixamos fascinar pelos gatos, muitos poetas, ao longo da história, também. Um bom exemplo é Pablo Neruda, autor do poema “Ode dos Gatos”, considerado uma das mais brilhantes descrições da personalidade felina e evocada por todo defensor desses intrigantes animais, que cada vez mais adentram as casas, se tornam membros da família, e transformam toda a dinâmica do local, o que significa (e só quem tem um sabe disso) dizer que, a partir deste momento, quem manda na residência são eles. Experimente adotar um para ver!

A coluna conversou com a professora, mestre e pesquisadora na área de poesia, Marli Siqueira, que separou para nós, gateiras de plantão, cinco poesias onde os gatos são protagonistas:

O ronron do gatinho (Ferreira Gullar)

O gato é uma maquininha

que a natureza inventou;

tem pêlo, bigode, unhas

e dentro tem um motor.

Mas um motor diferente

desses que tem nos bonecos

porque o motor do gato

não é um motor elétrico.

É um motor afetivo

que bate em seu coração

por isso faz ronron

para mostrar gratidão.

No passado se dizia

que esse ronron tão doce

era causa de alergia

pra quem sofria de tosse.

Tudo bobagem, despeito,

calúnias contra o bichinho:

esse ronron em seu peito

não é doença - é carinho.

O gato (Vinícius de Moraes)

Com um lindo salto

Lesto e seguro

O gato passa

Do chão ao muro

Logo mudando

De opinião

Passa de novo

Do muro ao chão

E pega corre

Bem de mansinho

Atrás de um pobre

De um passarinho

Súbito, para

Como assombrado

Depois dispara

Pula de lado

E quando tudo

Se lhe fatiga

Toma o seu banho

Passando a língua

Pela barriga.

gato
Eles se tornam membros da família e transformam toda a dinâmica do local. Crédito: Pexels

Poema gato (Saulo Pessato)

No meio da noite

um poema chato

sobe na cama

feito gato

anda, procura, fuça, ronrona

e enfim num miado

nos põe acordado,

esse gato chato

que a gente ama.

Gato que brincas na rua (Fernando Pessoa)

Gato que brincas na rua

Como se fosse na cama,

Invejo a sorte que é tua

Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais

Que regem pedras e gentes,

Que tens instintos gerais

E sentes só o que sentes.

É feliz porque és assim,

Todo o nada que és teu.

Eu vejo-me e estou sem mim,

Conheço-me e não sou eu.

gato
Eles se tornam membros da família e transformam toda a dinâmica do local. Crédito: Divulgação

Era uma vez um gato xadrez (Bia Villela)

Era uma vez um gato xadrez

Caiu da janela e foi só uma vez

Era uma vez um gato azul

Levou um susto e fugiu pro sul

Era uma vez um gato vermelho

Entrou no banheiro e fez careta no espelho

Era uma vez um gato amarelo

Esqueceu de comer e ficou meio magrelo

Era uma vez um gato verde

Ele era preguiçoso e foi deitar na rede

Era uma vez um gato colorido

Brincava com os amigos e era muito divertido

Era uma vez um gato laranja

Ficou doente e só queria canja

Era uma vez um gato marrom

Olho pra gata e fez “ron ron”

Era uma vez um gato rosa

Comeu uma sardinha deliciosa

Era uma vez um gato preto

Era teimoso e brincou com um espeto

Era uma vez um gato branco

Era tão sapeca que pulou no barranco

Era uma vez um gato xadrez

Quem gostou dessa história que conte outra vez

Colaboração: Marli Siqueira Leite, professora e mestre na área de poesia

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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