Só quem vive o dia a dia dos resgates de cães e gatos abandonados pelas ruas é capaz de entender o sofrimento desses animais, que sentem fome, frio e ficam vulneráveis a todos os tipos de maldades provenientes de seres humanos sem coração.
Por isso, cada resgate é uma conquista que acalenta a alma de quem está à frente dessa luta diária. E não é fácil, porque depois de abrigar o animal, é preciso levá-lo ao veterinário e realizar todo o tratamento, que muitas vezes é bem longo. E isso depende de doações, de muitas doações. Só depois, é que o pet vai para a adoção responsável.
O problema é que um cão ou gato resgatado pode ficar anos nos abrigos à espera de um lar. É uma pena, mas os idosos, doentes e pretos costumam muitas vezes ficar em segundo plano. Mas por que isso acontece?
A biomédica Laísa Rampinelli, da Ong Ame um Pet, explica que a maioria das pessoas preferem um filhote, em parte por questões afetivas, pois querem conviver com esse animal desde o nascimento, acompanhar o seu crescimento. “Os filhotes, no nosso caso a gente só resgata cães, têm um apelo maior, sem dúvida. Mas a adaptação é bem mais difícil, pois é preciso dar limite, ensinar a fazer as necessidades no lugar certo, isso sem falar na fase de roer e destruir tudo o que ele vê pela frente. O adotante, então, precisa estar preparado. Por isso, um cachorro adulto também tem suas vantagens”, explica.
Bolinhas fofas de pelos
Marcelle Jório, advogada e presidente da Associação de Amparo aos Animais Resgatados, a Ong Amizade é um Luxo, compartilha da mesma opinião. “As pessoas veem os filhotes como pequenas bolinhas de pelos, fofos e adoráveis. E muitas têm a ideia equivocada de que é mais fácil lidar com um filhote e por isso a adaptação em casa vai ser melhor, já que poderá educá-lo desde pequeno. Mas a gente sabe que não é sempre assim”.
Laísa ressalta, ainda, que a preferência é por filhotes de pequeno porte. “Mas nós não podemos garantir com certeza isso para o adotante, pois não temos controle sobre as cruzas”, lembra. E, nesse caso, a devolução é uma possibilidade e isso é muito triste porque o cachorro sofre duas vezes, ou mais, o sentimento do abandono”.
A justificativa dos adotantes na hora de escolher um cão filhote geralmente é a falta de espaço em casa, explica a advogada Marcelle. “Por isso, os adultos de grande porte também ficam mais tempo nos abrigos. Assim como os idosos, que as pessoas têm medo de levar por conta dos cuidados necessários e os gastos que terão com a saúde do animal. Mas quando alguém resolve levar um mais velhinho para sua residência, a adoção é noventa e nove porcento bem-sucedida, porque a motivação é apenas uma: o desejo de mudar a vida daquele cãozinho que já sofreu horrores nas ruas”.
Falta de energia para brincar
Outro fato, segundo Laísa, que leva os animais idosos a ficarem mais tempo ou a vida toda nos abrigos, é a falta de energia para brincar com os novos donos e por não serem os mais fisicamente atrativos. “São animais que viveram por anos em péssimas condições, deram muitas crias, já não têm os dentes e seu pelo e corpo não são tão vigorosos, isso vale tanto para os cachorros, quanto para os gatos”.
Segundo ela, a pessoa precisa ter a mente aberta para levar um animal adulto, idoso e pretinho (este último, no caso do cão, porque as pessoas o consideram mais agressivo, e no caso dos gatinhos por conta de todo o misticismo que os envolve, e isso não faz sentido nenhum).
“A pessoa, nesse caso, precisa ser desprendida e não fazer qualquer pré-julgamento. Mas às vezes acontece de alguém vir no abrigo com aquele animal ideal na mente, e de repente simplesmente se apaixona por um idoso, velhinho ou pretinho, e o carrega para a vida toda”, conta Laísa
Marcelle explica que levar um animal adulto é bem positivo também. “Nesse caso, o tamanho (no caso dos cães), a personalidade e o temperamento (no caso dos cães e gatos) já estão definidos. Então, não haverá surpresas e a família pode escolher um pet compatível com o que está buscando. Normalmente, os adultos dão menos trabalho na adaptação e por conta de tudo que enfrentaram nas ruas criam um vínculo muito forte com o adotante, além de demonstrarem uma gratidão sem tamanho pelo novo dono. Isso vale também para os doentes”, conta.
Outra vantagem, diz Laísa, é que os adultos já estão castrados, possuem uma melhor resistência biológica e já tomaram todas as vacinas. “E eles ficam super agradecidos pela oportunidade de estarem sendo amados e em contrapartida dão todo o amor que trazem dentro do seu coração ao novo dono”.
É bem verdade o que dizem as pessoas que se dispõe a adotar um cão ou um gato resgatado das ruas: “Na verdade, não somos nós que os adotamos, eles é que nos adotam e transformam nossas vidas, deixando-a bem mais feliz”.
Adote um idoso, um doente ou um pretinho.
Pretinho medroso
Oi, eu sou o Drack. Antes de ser resgatado sofria maus-tratos, vivia acorrentado e apanhava direto. Por isso, tenho a boquinha torta, uma sequela da crueldade que sofri. Sou muito dócil e carinhoso, mas um pouco medroso. Estou muito bem cuidado. Olha o abraço da filha da protetora que está cuidando de mim até eu encontrar um lar? Vem me buscar. É só ligar para (27) 98888-2107
Idosa boazinha
Oi, me chamo Adélia. Tenho 10 anos, sou de pequeno porte, muito dócil com as pessoas, mas não aceito conviver com outros cachorros. Estou há muitos anos no Centro de Controle de Zoonoses de Vila Velha. Eu quero tanto, tanto, um lar. Que tal me adotar? É só ligar para (27) 3226-9499 ou 3226-9477.
Pretinho rejeitado
Oi, me chamo Luz. Como nós, os gatinhos pretos, somos muito rejeitados, principalmente pelo misticismo que nos envolve, o que é um absurdo, até hoje não consegui encontrar uma família. Além disso, sou portadora da FELV (leucemia felina), o que complica mais ainda minha condição diante das pessoas que não entendem que essa doença só é contagiosa entre gatos. Sou tão linda. Se você me conhecesse saberia o coração enorme que tenho e o todo o amor dentro dele para dedicar a quem me escolher como companhia. Quer me adotar? Entre em contato com o insta @adocaogatinhoses.
Ong Ame um Pet
Pretinhas amigas
Oi, eu sou a Nutella. Amo meu nome! Fui resgatada com outros filhotes, ainda bem pequena. Fui muitas vezes para as feiras de adoção, mas por ser pretinha sempre voltava para o abrigo. Até que um dia, finalmente uma família olhou para mim e me adotou. E não só eu, mas uma outra cachorrinha pretinha, a Jujuba. Hoje, somos inseparáveis e recebemos e damos muito amor.
Velhinha adotada
Oi, eu sou a Lobinha. Fui resgatada em Cariacica com os meus filhotes. Cheguei ao abrigo já velhinha e bem judiada com a vida da rua. E nesse tempo foram muitas crias. Cuidaram muito bem de mim, mas fiquei anos sem encontrar uma família, porque me achavam velha demais. Até que um dia, chegou a tão sonhada família, de coração e mente aberta, e me levou para sua casa, onde vivo até hoje.
Paraplégico brincalhão
Oi, eu sou o Bento. Fui resgatado se arrastando um lixão da Serra, sem o movimento das patinhas. Na clínica veterinária constataram uma bala de chumbinho alojada na minha coluna, o que me deixou paraplégico e com a uretra o deixando paraplégico e com a uretra perfurada. Passei por muitas cirurgias. Mas apesar de todos os cuidados que necessito, fui adotado por uma família linda. Hoje, sou amado, ativo, brincalhão e comilão. E tenho uma cadeirinha com rodinhas para andar por aí.
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