Uma jornalista que ama os animais, assim é Rachel Martins. Não é a toa que ela adotou duas gatinhas, a Frida e a Chloé, que são as verdadeiras donas da casa. Escreve semanalmente sobre os benefícios que uma relação como essa é capaz de proporcionar

Coelhinhos já podem viajar com o tutor na cabine do avião; veja dicas

A partir de agora os animais já podem embarcar na companhia de seus tutores, para que juntos desfrutem da viagem na cabine da aeronave.

Publicado em 05/04/2022 às 19h13
Os coelhos são muito suscetíveis às altas temperaturas, portanto viajar na cabine da aeronave é essencial para a sua segurança
Os coelhos são muito suscetíveis às altas temperaturas, portanto viajar na cabine da aeronave é essencial para a sua segurança. Crédito: Pexels

Viajar na cabine dos aviões em companhia do animal de estimação tem se tornado cada vez mais uma exigência dos tutores. E só quem tem um animal de estimação consegue entender essa ligação afetiva, aliás, já é comprovado que o pet serve, inclusive, como apoio emocional para o dono durante o trajeto, seja ele longo ou curto.

E quem pensa que dentro deste rol estão apenas cães e gatos, engana-se. Tanto é que a partir de agora, coelhos - isso mesmo, os simpáticos coelhinhos - já podem embarcar na companhia de seus tutores, para que juntos desfrutem da viagem na cabine da aeronave.

A Portaria 7.491, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de 8 de março de 2022, finalmente acatou a Ação Civil Pública movida pelos advogados animalistas Evelyne Peludo e Leandro Furno Petraglia. Segundo o documento: “As empresas brasileiras e estrangeiras que prestam serviços de transporte aéreo em território nacional estão autorizadas a transportar coelhos em cabines de aeronaves”.

Como tudo começou

“Nós sempre estudamos e escrevemos sobre o transporte de animais em cabine de aeronaves e começamos a receber muitas famílias multiespécie que, em sua maioria, estavam mudando para outros estados ou países e precisavam de liminares judiciais para garantir o embarque dos coelhos na cabine, em segurança”, explica.

A advogada animalista Evelyne Paludo entrou com uma Ação Civil Pública e conseguiu que a Anac baixasse portaria autorizando as viagens de coelhos nas cabines das aeronaves com seus tutores
A advogada animalista Evelyne Paludo entrou com uma Ação Civil Pública e conseguiu que a Anac baixasse portaria autorizando as viagens de coelhos nas cabines das aeronaves com seus tutores . Crédito: Divulgação

Segundo a advogada animalista, na época já estava vigente a resolução que permitia o embarque de cães e gatos, porém não era aplicada de forma extensiva a coelhos. “E isso não fazia sentido, já que os coelhos possuem características de tamanho e peso similares aos cães e gatos, não fazem ruídos e não transmitem zoonoses”, garante.

Diante desse cenário, em julho de 2021, os advogados entraram com uma Ação Civil Pública na Justiça Federal do Paraná para regulamentar o transporte de coelhos na cabine da aeronave ao lado dos tutores. “Isso, aliás, foi muito antes do caso que tomou proporções enormes envolvendo um casal em Minas Gerais, que por uma liminar tinha autorização para embarcar com seu coelho na cabine em um voo da KLM (novembro de 2021), mas mesmo assim foi proibido, causando uma enorme confusão”, lembra,

A advogada Evelyne Paludo ressalta que no último ano, ao lado de Leandro Petraglia, já embarcou em cabine de aeronave, roedores, hamsters, porquinhos-da-índia, entre outros animais além de lagomorfos (coelhos), cães e gatos.

Regras importantes

“É importante lembrar que mesmo sendo embarcado em cabine, o animal não vai viajar solto, tanto para a própria segurança, quanto dos demais passageiros, e do voo em si. Todas essas espécies fazem a viagem acondicionadas em caixas de transporte e, portanto, não há risco nenhum de que seus dentes causem qualquer prejuízo ou risco à aeronave ou a qualquer outro passageiro. A caixa de transporte serve também para preservar a integridade física e psíquica do próprio animal-passageiro, pois para eles representa um local de proteção, evitando reações de luta e fuga em situações adversas”, garante.

A advogada explica que as viagens com coelhos na cabine da aeronave exigem que o animal esteja acondicionado em caixa de transporte adequada e atestado sanitário. “É importante, ainda, que nos destinos para fora do Brasil, a família verifique os documentos necessários no país e, por segurança, é sempre recomendável fazer a microchipagem do animal para que a fiscalização consiga ter garantia de que a documentação apresentada é referente ao pet que se apresenta”, sugere.

Evelyne Paludo também ressalta que a portaria publicada pela Anac sobre o embarque de coelhos em cabine é decorrente de decisão judicial, não cabendo às companhias aéreas a discricionariedade de cumprir ou não. “Há obrigatoriedade de embarque dos coelhos em cabine em todos os voos com origem ou destino no Brasil. Caso haja a recusa do embarque pelas companhias aéreas é possível buscar ordem judicial através de processo individual e, também, indenização pelo dano moral sofrido pela família e pelo animal diante da recusa ilegal da prestação de serviço”, afirma.

E para completar, a advogada animalista explica que, agora, já existe uma outra Ação Civil Pública, que busca regulamentar o transporte dos demais animais de estimação, com os devidos cuidados, na cabine. “É necessário garantir um voo em segurança para todos os passageiros, sejam eles humanos ou outros animais”, conclui.

Caixa de transporte ventilada

Para o médico-veterinário de pets não convencionais, Eduardo Lazaro, os coelhos exigem mais cuidados, um deles, primordial, é usar uma caixa de transporte bem ventilada. Eles são animais que com temperaturas elevadas sofrem muito e isso pode até ser fatal. “Também é importante saber se os exames periódicos, a saúde do animal, está em dia, principalmente a cardiológica. Além disso, manter a alimentação, o feno, durante o trajeto, que vai nutri-lo de maneira correta é essencial”, garante.

Eduardo Lazaro ressalta que a confusão no caso da KLM colocando os coelhos como roedores (que são impedidos até o momento de voar) mostrou total falta de conhecimento do staff em terra da companhia aérea. “Os coelhos são lagomorfos, mas a grande verdade é que não importa, tanto essa espécie, como a dos roedores, são passíveis de viajarem nas cabines das aeronaves e não colocam em risco a segurança dos passageiros e nem do voo em si. Eles apresentam proximidade afetiva com os tutores tanto quanto os cães e gatos”, lembra.

O médico-veterinário de pets não convencionais, Eduardo Lazaro, explica que os coelhos são animais afetivos e que não representam nenhum perigo viajando dentro da cabine do avião
O médico-veterinário de pets não convencionais, Eduardo Lazaro, explica que os coelhos são animais afetivos e que não representam nenhum perigo viajando dentro da cabine do avião. Crédito: Divulgação

Para ele, as companhias aéreas deveriam consultar especialistas em suas devidas espécies animais para explicar as particularidades desses pets. “É necessário fazer campanhas de conscientização entre os passageiros para entenderem que ter um animal, seja qual for, na cabine da aeronave, ao lado de seu tutor, não representa perigo nenhum, desde que as regras de transporte e saúde do pet sejam rigorosamente seguidas”.

Segundo Eduardo Lazaro, os twisters, roedores, também não representam perigo nenhum viajando na cabine da aeronave. O importante é seguir todas as regras para que o voo aconteça de forma tranquila
Segundo Eduardo Lazaro, os twisters, roedores, também não representam perigo nenhum viajando na cabine da aeronave. O importante é seguir todas as regras para que o voo aconteça de forma tranquila. Crédito: Pexels

Além disso, o médico-veterinário garante que os coelhos e os roedores são animais mansos e vão estar devidamente acomodados na caixa de transporte, trancada, impedindo qualquer fuga. “E não existe, de forma nenhuma, a possibilidade de ficarem roendo qualquer coisa para escaparem do local. Só vão escapar se a caixa de transporte sofrer qualquer tipo de avaria”, esclarece.

Segundo ele, o problema é a falta de conhecimento da população em geral. “É uma injustiça achar que os twisters, os ratinhos domesticados, por exemplo, trazem doenças. Existe uma confusão enorme entre eles e os ratos de esgoto, um não tem nada a ver com o outro. Aliás, os twisters interagem com seus humanos igual os outros pets e são afetivamente apaixonantes. O importante mesmo, independente da espécie, é fazer o check up dos bichinhos para saber se estão aptos a viajar”, ensina,

Eduardo Lazaro explica, também, que não importa a espécie, qualquer animal que vai no bagageiro da aeronave passará por estresse, nesse caso o que é necessário considerar é a questão de temperatura, o tempo de voo, os barulhos com os quais não estão acostumados… Os coelhos, por exemplo, têm um limiar de conforto térmico bem menor do que um cachorro, então necessitam de mais atenção. Em cima, com o tutor, é bem melhor, e na verdade representa uma ajuda mútua”.

Sete dicas para levar seu coelho na cabine do avião com segurança:

  • Levar o animal a um médico-veterinário especializado em animais silvestres exóticos, com o objetivo de atestar a sua pela saúde.
  • Garantir o conforto térmico do animal, já que os coelhos são muito suscetíveis a altas temperaturas. A caixa de transporte deve ser muito bem ventilada.
  • A alimentação durante o trajeto é importantíssima, o feno é a mais recomendável, pode ser colocado na caixa um porta-feno, garantindo até a melhor organização do local.
  • Levar um tapete higiênico para poder fazer a troca, caso o coelho fizer xixi, até porque a urina da espécie é um pouco mais forte.
  • Tomar muito cuidado com a queda ou o balanço excessivo da caixa de transporte. 
  • Prestar atenção ao local onde esse animal vai ficar enquanto espera o voo, evitar lugares muito tumultuados.
  • Pesquisar antes da viagem se o destino possui um médico-veterinário especializado na espécie para qualquer emergência que apareça e para fazer o atestado de volta exigido pela companhia aérea.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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