Uma jornalista que ama os animais, assim é Rachel Martins. Não é a toa que ela adotou duas gatinhas, a Frida e a Chloé, que são as verdadeiras donas da casa. Escreve semanalmente sobre os benefícios que uma relação como essa é capaz de proporcionar

Confira 10 dicas essenciais para levar seu pet na viagem

Larissa Rios dos Santos, turismóloga e terapeuta integrativa e sistêmica, fala sobre o crescimento do turismo de quatro patas no Brasil, como escolher a hospedagem pet friendly, qual a melhor programação tutor/animal, entre outras coisas

Publicado em 31/08/2021 às 02h00
Visita a Paraty, Rio de Janeiro
Em todo o mundo, as buscas no Google por hospedagem pet friendly cresceram 300% para viagens de março a setembro de 2020. Crédito: Divulgação

Você está planejando uma viagem, mas, claro, não quer deixar seu pet sozinho em casa, aos cuidados de alguém, ou em um hotel especializado em receber animais enquanto seus tutores estão fora. E começa a pensar seriamente em levar seu “filho de quatro patas” junto nessa aventura.

Pois saiba que você não é o único a pensar dessa maneira. Aliás, a pandemia, período em que a convivência entre tutor e pet ficou mais intensa devido ao isolamento social, aumentou ainda mais esse desejo de levar o animal de estimação junto na viagem.

Segundo pesquisa do site de reservas Hoteis.com, do final de 2020, 82% dos brasileiros pretendem colocar o pé na estrada com seus animais, assim que for possível. O estudo ouviu 8,1 mil de 15 países.

Além disso, em todo o mundo, as buscas no Google por hospedagem pet friendly cresceram 300% para viagens de março a setembro de 2020. Isso, aliás, mostra uma tendência que já vinha em alta: a dos estabelecimentos pet friendly, um mercado que, segundo especialistas, tem um potencial enorme de crescimento.

Falta profissionalização

Segundo a turismóloga e terapeuta integrativa e sistêmica, fundadora do Turismo 4 Patas e da Animal Connection Healing, Larissa Rios dos Santos, o Brasil já evoluiu bastante quando o assunto é pet friendly. “Ao longo dos 13 anos em que atuei no mercado, através da Turismo 4 Patas, percebi que as pessoas começaram a entender desde o significado do termo ‘pet’, como, também, a reconhecerem o animal como membro da família multiespécies. Mas na minha opinião, ainda temos um longo caminho a percorrer quando se fala de profissionalização na área”, alerta.

Larissa explica que, infelizmente, ainda não existe uma lei que regulamente esse mercado. “Infelizmente, até hoje, os órgãos e entidades relacionadas ao turismo brasileiro não enxergam o potencial e a importância desse nicho. Dessa forma, o mercado foi crescendo e evoluindo à sua maneira. Muitos, ainda, acham que ser 'pet friendly' é colocar um potinho de água na porta e deixar os animais entrarem. Isso não basta. É necessário treinamento, adequação, conhecer o perfil do cliente e alinhar o bem-estar e a segurança de todos. E, principalmente, entender a diferença entre 'aceitar' e 'receber' animais em seu estabelecimento”.

Momentos de aventura
Momentos de aventura de Larissa Rios dos Santos e a sua cachorra. Crédito: Divulgação

Tudo começou, ressalta Larissa, de uma vontade pessoal. “Quando a Cleo, minha cachorra, surgiu em minha vida, eu queria que ela pudesse estar comigo, também, nos momentos de lazer e viagens. E foi a partir das minhas experiências com ela que primeiro criei um blog onde relatava nossas aventuras sob a sua perspectiva canina. Só depois, a pedido dos leitores, a Turismo 4 Patas foi surgindo. Um site com dicas pet friendly e roteiros de aventura adaptados. Sou formada em Turismo e sempre trabalhei com a organização de eventos. Minha empresa foi, literalmente, a junção do útil ao agradável. Ter as minhas mascotes ao meu lado foi essencial, juntas pudemos fazer a diferença na vida de outros cães e seus tutores”, explica.

Cuidados básicos

Mas quais são os cuidados básicos que os tutores devem ter na escolha dos lugares que vão se hospedar, se alimentar e visitar com o seu pet? Para Larissa, o principal cuidado é o tutor conhecer bem o seu pet. A partir daí sabe-se que tipo de lugares e atividades são adequadas ao perfil dele. Nem todo cão ou gato está adaptado para toda proposta pet friendly e vice-versa.

“A minha cachorra, Alegria, por exemplo, tem comportamento reativo com outros cães. Eu viajo com ela para destinos com roteiros na natureza numa boa. Mas frequentar restaurantes, por exemplo, lhe causa muito estresse. Então, não vou com ela. Eu não preciso ter o meu cão comigo 24 horas. Eu posso tê-lo em momentos que sejam saudáveis e prazerosos para nós dois. Hoje, acho que é essa consciência que mais falta aos tutores tomados pelo boom de oportunidades pet friendly. Fora isso, é essencial ficar ligado nos cuidados com a saúde, na condução do comportamento do seu pet e no respeito aos demais frequentadores dos locais”, explica Larissa.

Visita a Monte Verde, Minas Gerais
Visita a Monte Verde, Minas Gerais . Crédito: Divulgação

No caso de cães, por exemplo, Larissa salienta que eles são originários da natureza, portanto, é de sua essência a interação com ela. “Então, nesse caso, o ideal é priorizar propostas que proporcionem aos nossos animais essa vivência, permitindo que eles sejam o que realmente são”.

Relação entre tutor e pet

Larissa ressalta, ainda, que apesar de estar encerrando as atividades da Turismo 4 Patas, a empresa trouxe para ela muito conhecimento e experiência acerca do comportamento e do bem-estar dos animais. Mas, principalmente, acerca das relações entre tutores e cães.

Momentos de aventura
Momentos de aventura de Larissa Rios dos Santos e a sua cachorra. Crédito: Divulgação

“Essa é boa parte da bagagem que trago para meu trabalho com a Animal Connection Healing, onde o objetivo, agora, é voltar o olhar para todo o sistema das famílias multiespécies. Como membro da família, o animal também está sujeito às energias, às emoções, aos desafios desse núcleo. Muitos dos desequilíbrios físicos, emocionais e/ou comportamentais dos nossos animais estão, na verdade, apontando para desequilíbrios nossos. As terapias integrativas e a visão sistêmica é o cerne desse meu novo trabalho que segue integrando os animais às famílias, só que, agora, de uma forma mais equilibrada”, explica.

Larissa alerta, também, que os estabelecimentos pet friendly estão mais preparados para receber cães do que gatos. “De fato, os felinos têm características e necessidade próprias e, naturalmente, bem diferentes dos cães. Mas, na verdade, vejo essa questão toda com muitas ressalvas. Hoje, são muitos os efeitos colaterais nos cães por conta do excesso de humanização das nossas relações com eles. E agora, não satisfeitos, queremos fazer o mesmo com os gatos. Convido a nos perguntarmos se, de fato, ao desejarmos isso, estamos enxergando nossos animais para além das nossas projeções afetivas. Será que um felino gostaria de viajar, usar coleira, passear num shopping?”, questiona Larissa.

Respeito à natureza

Para Larissa, a pandemia impactou muito o setor de turismo, e a tendência é aumentar a procura por locais que proporcionem um contato maior com a natureza. “Com o isolamento social, nós, humanos, sentimos o impacto de ficarmos fechados entre nossas quatro paredes, experienciando na nossa própria pele a separação que nós mesmos impusemos à natureza. E vimos o quanto somos interdependentes dela, assim como nossos animais. Eu espero, de coração, que essa lição tenha trazido mais consciência para a forma como nos relacionamos com a natureza, dentro e fora de nós. Será bom para todos. Para o mercado, para os animais e para os humanos”, conclui.

10 dicas antes de colocar o pé na estrada com o seu pet

  1. Inclua o pet na programação - O roteiro da viagem deve ser adaptado à participação intensa do pet. Se você está levando o seu “filho de quatro patas”, procure o incluir em grande parte da programação. Não o tire de casa para o deixar sozinho e preso num lugar que nem conhece.

  2. Considere o perfil do pet - Leve em consideração o perfil de seu pet. Se é um pet aventureiro, que curte a natureza e alguns mergulhos, nada como um destino com atividades de ecoturismo e esportes de aventura. Mas se for um animal mais relaxado, daqueles que não gostam de muita agitação, quem sabe não seja melhor alguns dias só para curtir de pernas e patas para o ar? Aliás, um animal sedentário ou idoso não deve ser submetido a roteiros com longas caminhadas.

  3. Identificar o pet é primordial - É primordial que o pet esteja devidamente identificado. Coloque na coleira, uma etiqueta de identificação, informando o nome do animal, o seu nome (tutor), e seu número de telefone. Também é recomendável colocar o nome do estabelecimento onde ficarão hospedados. Não esqueça a carteira de vacinação do seu “filho de quatro patas”. Certifique-se de que seu mascote está em perfeita saúde, se apresentar qualquer sinal de doença ou mal-estar não o leve. O melhor é realizar um check-up antes, levando-o ao veterinário.

  4. Prepare a bagagem do pet - Assim como você, o seu pet também deve ter uma bagagem própria com todos os seus itens pessoais. Quanto mais familiarizado ele estiver com o local, mais rapidamente irá relaxar e aproveitar a viagem. Leve a caminha e seus brinquedos preferidos, além da sua caixa de primeiros-socorros, peça a ajuda do veterinário para saber o que deve, ou não, colocar dentro.

  5. Documentos obrigatórios - Lembre-se: seja qual for a via de trânsito escolhida para a viagem com seu mascote, a apresentação de documentos é obrigatória. Destaque para a Carteira de Vacinação, com todas as vacinas em dia, assinada pelo veterinário. De espacial atenção à vacina antirrábica, pois ela é indispensável para viagens de qualquer esfera (nacional ou internacional). Informe-se sobre outras exigências.

  6. Atenção na escolha da hospedagem pet friendly - É muito importante, seja qual for o destino, confirmar antes de fazer a reserva, se realmente o seu pet será bem-vindo no estabelecimento que você escolheu. Peça para enviarem a Política de Hospedagem do local, para que saiba onde exatamente o seu animal pode circular, onde é proibido ficar, onde pode fazer as suas necessidades. Procure saber sobre o quarto em que ficarão acomodados, fique ligado em algumas questões: há espaço suficiente para um pet do tamanho do seu?. Em que andar fica o quarto?. Pode usar o elevador ou só as escadas?. Tem varanda? Isso vai facilitar a planejar a logística e a segurança.

  7. De carro ou de avião - A viagem será de carro, mas seu pet já está acostumado a ficar longas horas dentro de um veículo? Se a resposta for não, primeiro é necessário fazer uma pré-adaptação. Preste atenção ao Código Brasileiro de Trânsito, ele prevê multas e perda de pontos na carteira de habilitação se o animal estiver sendo transportado de outra forma que não as indicadas. Portanto, pesquise sobre as opções existentes para transportar seu “filho de quatro patas” com segurança e legalidade e escolha a que melhor se encaixe ao seu estilo. Faça paradas programadas, de acordo com a duração total da viagem, para que ele possa exercitar-se e fazer as necessidades, aproveite para dar água também. Jamais o deixe preso no carro, sozinho. Se a viagem for por via aérea, entre em contato com a companhia com bastante antecedência e veja tudo o que é necessário para poder realizá-la, a lista é longa e se faltar alguma coisa, você pode ficar impedido de embarcar no dia.

  8. Respeite as regras do local de hospedagem - Você chegou ao estabelecimento de hospedagem com seu fiel companheiro (a). Respeite todas as regras que antecipadamente já ficaram acordadas. Mantenha seu pet sempre na guia e sob sua supervisão. Nem todas as pessoas gostam de animais, e algumas têm medo, respeite. Não permita que o seu mascote se aproxime das pessoas, se não for convidado. Jamais o deixe sozinho no quarto, seu pet pode ficar amedrontado por estar em um local desconhecido, fazer bagunça e até se machucar, além de latir muito e incomodar os outros hóspedes. Leve seu “filho de quatros patas” para fazer as necessidades de preferência fora do hotel e as recolha, sempre. Separe um cantinho no quarto, com tapete higiênico, para que possa fazê-las também e saiba onde pode descartá-las. Pergunte qual é o local onde seu pet pode tomar um banho e não esqueça de levar na bagagem a toalha dele.

  9. Campo ou praia - Já que levou seu mascote, procure saber sobre todas as programações pet friendly da região. Mas respeite os limites do seu “filho de quatro patas”, as suas afinidades com as atividades propostas, não o sobrecarregue fisicamente. O objetivo é só curtir, se divertir e relaxar juntos. Fique ligado com os cuidados essenciais para evitar qualquer problema de saúde no seu pet: se for no campo, aplique remédios contra pulgas e carrapatos e examine o pelo dele todos os dias. Se for na praia, veja se ela é flexível e permite animais, procure sempre as primeiras horas da manhã para passear, lembre-se de passar protetor solar específico para pet. Pode deixá-lo cair no mar, mas depois é necessário dar um banho de água doce com seu sabonete e xampu próprios, secando bem, principalmente, os ouvidos. Mantenha a rotina de alimentação do animal, qualquer indisposição, procure um veterinário.

  10. O pet se perdeu, o que fazer? Fique sempre atento ao seu pet, mas caso, sem querer, ele acabe se perdendo, não deixe o tempo passar. Saia à procura do seu mascote, por isso é importante ter em mãos algumas fotos dele. Caso veja que está demorando para achá-lo, entre em contato com o CCZs, as clínicas veterinárias, os protetores de animais, principalmente os mais próximos do local, e comece a colar cartazes “Desaparecido”, com uma foto.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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