Só quem tem um animal de estimação consegue entender a forte relação que se cria com aquele serzinho que chega em sua casa cheio de amor para dar e, claro, receber. E, hoje, cada vez mais as pessoas estão adquirindo um pet para fazer parte da família. Ao todo, cães e gatos estão presentes em 47,9 milhões de domicílios brasileiros (33,8 milhões possuem cães e 14,1 milhões, gatos), segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
E esse amor é tão grande que vem fazendo crescer, também, o número de tutores que decidem, por algum motivo, eternizar seu amigo animal de todas as horas através de uma tatuagem (eu vou fazer uma em homenagem a minha gatinha Frida que virou “estrelinha” no último dia 21 de janeiro).
Seis cães e uma gata eternizados
A fisioterapeuta Manuela Virtude Barbosa tem vários pets em casa e alguns já estão tatuados em seu braço. “A Baby foi a primeira cachorrinha, faleceu com 14 anos. Tem a Nala, também, a única gatinha, resgatada, com 11 anos; a Judite, adotada, veio da casa de uma outra pessoa; a Vaquinha, resgatamos em Nova Almeida; o Scooby chegou através de um pedido de socorro pelo Facebook, ele estava em Taquara II, sem andar, uivando de dor, e, claro, trouxemos para casa; a Broocke, foi um presente da minha ex-companheira; e a Bolotinha, que também foi um presente, tinha um probleminha de saúde e por conta do barulho dos fogos de artifício em um dia de jogo, acabou falecendo”.
“Meu amor por todos é tão grande que decidi levá-los diariamente na minha pele”, explica Manuela. “De cima para baixo, na tatuagem, estão a Baby, o Scooby, a Bolotinha, a Vaquinha, a Judite e a Broocke. E tem outra, separada da gatinha Nala. Alguns têm guarda compartilhada com a minha ex-companheira”, ressalta.
Atualmente são 10 animais, sete cachorros e três gatos em casa. “Só não foram tatuados ainda as duas gatinhas, Atenas e a Bela, e as cachorrinhas Mel, Pitty e a outra Baby. “Minha rotina diariamente, depois do trabalho, é cuidar de todos. Amo”, conclui.
A golden retriever que salvou o tutor da depressão
Já o bancário e ativista animal Guilherme Guidi explica que desde que se entende por gente, teve cachorro. “No total, contando com a atual, a golden retriever Nala, sete doguinhos já passaram pela minha vida. Mas não duravam nem seis meses, pois minha mãe não era fã de animais e acabava sempre doando-os. Mas meu pai, não, sempre dava um jeito de realizar meus desejos de ter um pet. Com 11 anos, finalmente consegui convencê-los e ganhei uma pinscher, a Krystal, que completou 17 anos ao meu lado”, conta.
Mas segundo ele, a cachorra que mais lhe marcou foi a Luna, quando já era independente e morava sozinho. “Tivemos só um ano de convivência, o tempo que ela viveu, e foi tão intenso… Principalmente, porque a Luna chegou em um dos piores momentos de minha existência até agora, que foi o falecimento de meu pai. Ela foi cedo, mas transpirou tanto amor, me amparou, acalmou minha depressão e me fez ficar apaixonado por raças de cães maiores, principalmente os golden retriever”, diz, emocionado.
Após duas semanas da partida de Luna, ressalta Guilherme, uma criadora lhe fez a proposta irrecusável de adotar Nala, também uma golden retriever, que tinha seis meses. “E já estamos há dois anos e meio construindo uma bela história de amor, cumplicidade, parceria e muitos rolês, e que assim seja por muitos anos”.
A passagem de Luna foi tão arrebatadora, que dentre as sete tatuagens espalhadas na pele de Guilherme, uma é em homenagem a ela. Além disso, tem outra representando seu estilo de vida, onde acabou adicionando a imagem de um doguinho, as duas na perna.
“Gostaria de deixar uma mensagem às pessoas que ainda não tiveram o prazer indescritível de ter um pet como companheiro de vida: não sabem o que estão perdendo, são os melhores antidepressivos que podemos ter”, garante.
Mãe e filhote na mesma tattoo
Já a nail designer, Izadora da Silva Lima, tatuou seus dois cachorrinhos, Mel e Duque. “Quando a Mel chegou até mim, ela tinha quatro meses, era dócil, amável e carinhosa demais. Com dois anos ficou prenha do Duque, um filhote levadíssimo, mas muito delicioso”, conta.
Izadora lembra que eles brincavam muito juntos. “Mas um dia Mel se foi, e todos ficamos muito tristes, eu chorava todos os dias, ela era minha vida. Mas o Duque desanimou total, nada o animava, foi muito difícil, mas, hoje, ele tem uma nova amiga, a Pérola. No início morria de medo dela, mas depois se acostumou e, agora, são inseparáveis”.
A decisão de tatuar a Mel foi muito importante, explica Izadora. “Foi a maneira que encontrei de nunca esquecê-la, ela era minha amiga, me ouvia… Agora, quando olho a tatuagem, a sinto sempre perto de mim. E o Duque também está no desenho”, conclui a nail designer.
Dois amores em um único desenho
A design de acessórios Iasmin Lima Peçanha de Avelar também decidiu trazer seus dois amores pets na pele, Bob e Volks. “O Bob chegou quando eu e meu esposo fomos morar juntos em uma quitinete. Isso faz oito anos. Era uma bolinha pretinha peludinha. A coisa mais fofa. Tem uma personalidade forte e, agora, mais velho está bem ranzinza. Ele vivia fugindo, mas depois de umas horas voltava, me deixava de cabelo em pé, mas castrei e meus problemas acabaram. Deu tão certo que hoje mal gosta de passear”, conta.
Ela ressalta que ao mudar para uma casa, resolveram trazer a golden retriever Volks, direto de Marataízes, ainda bebê. “Mas para o Bob nada mudou, ele nunca foi brincalhão e para aceitá-la foi difícil. Volks queria brincar e Bob rosnava, o bichinho morria de medo e só tremia, mas aos poucos a convivência foi dando certo e hoje são até cúmplices. Volks é um amor. Tão carinhoso que chega ser grudento, fica o dia inteiro atrás de mim”.
Iasmin conta que já queria tatuá-los há bastante tempo e optou em fazer só os traços para simbolizar cada um. “Queria eternizar esse amor por eles, que é tão grande, os dois são como se fossem realmente nossos filhos, amamos de paixão que chega doer. Levei várias fotos dos dois, e o tatuador fez uma montagem. Fiquei um pouco com medo de não ficar como eu queria, mas quando ficou pronta, me apaixonei. Ele conseguiu tatuar exatamente a expressão de cada um, Bob mais bravinho e Volks carinha de bobão”, explica.
Muitas pessoas estão tatuando seus pets
O tatuador profissional Walace Libardi de Miranda conta que existe muita procura de pessoas querendo tatuar seu animal de estimação. “Muitas sentem medo de fazer uma tatuagem, daí chegam querendo algo pequeno, só a patinha do pet, com o nome. Outras, mais corajosas, já querem iniciar com algo maior, desenhando o cachorro, o gato, ou qualquer outra espécie por completo. Alguns preferem só os traços e outros o desenho colorido. Mas a procura por esse tipo de tattoo aumenta a cada dia, é um trabalho que vai passando de boca a boca e um incentiva o outro”, explica.
Walace ressalta que quando a tattoo é de homenagem, as histórias são muito legais, infelizmente algumas bem tristes. “Como fazer uma tatuagem leva um bom tempo, principalmente as mais elaboradas, como a de um poodle, por exemplo, que possui milhares de cachinhos, e pode levar algumas horas, o cliente acaba contando porque está ali tatuando seu pet”.
Ele lembra de uma que lhe chamou a atenção. “Uma cliente, Fernanda Felicíssimo, chegou no estúdio querendo tatuar a patinha do seu gatinho, o Príncipe. Ela chegou chorando, pois o bichano tinha falecido fazia pouco tempo. Trouxe em uma folha de papel a patinha do felino carimbada. No final, a filha recebeu a tatuagem da patinha, e ela do rosto do pet, com o nome dele embaixo”.
Segundo Fernanda, foi após a morte de Príncipe que ela resolveu tatuar o rosto do gatinho em seu braço. “Eu o amava muito, para mim ele era um ‘filho’. Eu o peguei bem pequenininho e quando se foi tinha três anos. E esse amor continua muito vivo dentro de mim. Eu olho para a tatuagem todos os dias, fico namorando, e converso com ele, acredite se quiser. Vou levá-lo ao meu lado para o resto de minha vida”, garante.
Segundo Walace, o processo para fazer uma tatuagem começa sempre do zero, nenhum desenho é repetido. Mas quando tem uma história por trás, acaba sendo mais difícil. “No caso do animal de estimação, envolve toda uma vida ao lado do tutor, tem muito sentimento, por isso sempre prefiro que o dono vá até mim para que possamos conversar e alinhar tudo. Preciso entender essa relação forte para criar o desenho”, alerta.
O desenho pode ser feito no papel, e depois finalizado no Ipad, ou quando o cliente autoriza é feito direto no seu corpo com a caneta, uma técnica chamada “free hand”. “Depois é só começar a tattoo, mas a reação no final é sempre surpreendente. Quando é uma homenagem, é cercada de muita emoção, o cliente às vezes chora, já envia ali mesmo aos amigos, e fica muito feliz de levar seu animalzinho bem juntinho dele”, finaliza Walace.
Confira seis dicas importantes antes de fazer uma tatuagem
- Antes de fazer a tatuagem, pense bastante, com carinho. Lembre-se, você vai carregá-la pela vida toda.
- Avalie o lugar do corpo que pretende tatuar, o tamanho do desenho, se quer um lugar mais ou menos visível.
- Antes de escolher um tatuador, procure ter referências de seu trabalho, a maioria está nas redes sociais, procure pessoas que já fizeram tatuagens com ele, isso também é fundamental.
- Não decida nada por telefone, a melhor dica é sempre ir pessoalmente até o profissional para conhecer o seu trabalho e o local onde será realizado o procedimento.
- Antes de fazer a tatuagem é importante seguir algumas recomendações: evite tomar sol até uma semana antes. Já pós-procedimento, deve-se continuar evitando o sol, além de praia, piscina e cachoeira; evitar qualquer tipo de área contaminada; não retirar a casquinha e nem coçar durante o processo de cicatrização; não usar roupas apertadas, protetor solar e hidratante corporal, somente a pomada indicada pelo tatuador; e não se alimentar com produtos remosos.
- Em relação às tatuagens em peles mais escuras, existem algumas dicas importantes que devem ser muito bem analisadas.
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