Enquanto as relações internacionais entre Brasil e França não andam muito bem, por aqui os dois países parecem ter uma união em perfeita harmonia em “Exile”, EP que a banda Amanita Flying Machine lançou ao lado do músico e ator francês Victor Bessière. São quatro faixas gravadas ao vivo no estúdio Bravo, em Vitória; duas adaptações para o francês, “La Fièvre (versão de “Fever”, clássico de Eddie Cooley e John Davenport) e “Disait le Zonar au Voleur” (versão de “All Along the Watchtower”, de Bob Dylan), e duas em inglês, “Just Like a Jedi in Exile” e “Born Under a Bad Sign” (Albert King).
“Indicaram o Amanita como uma banda com que ele gostaria de tocar”, conta Henrique Mattiuzzi, guitarrista e vocalista da banda. “Aí ele foi ver a gente e pirou”. O músico conta que Victor começou a frequentar a casa dele e a mostrar umas músicas. “Fiz uma roupagem do Amanita nas músicas que ele mostrava no violão, por isso considero que o disco não é só do Victor, mas dele com o Amanita”.
De fato, as músicas do francês ganharam novos ares. É impossível ouvir “Exile” e não reconhecer o timbre da guitarra de Henrique e sua tocada com inspirações dos anos 1960 e 70. “Eu acho que consegui chegar no meu timbre, sou um guitarrista que encontrou o seu timbre. Timbre não tá na guitarra, no amplificador ou no pedal, tá na cabeça”, analisa Mattiuzzi.
O músico conta que a gravação inicialmente seria um registro de duas músicas em vídeo, mas o projeto ganhou ares mais ambiciosos com a captação do áudio. “Trabalhamos com os melhores, cara… Jackson Pinheiro e Rodolfo Simor, que saca muito da parte tecnológica. Não é à toa que tem duas indicações ao Grammy, né (pelo trabalho com o Silva)? Tocamos umas 10 músicas e escolhemos essas quatro. O que tá no disco é o que rolou lá, as guitarras, por exemplo, foram todas no primeiro take”.
Mixado por Rodolfo Simor e materizado por Tom Fossiez em Paris, “Exile” tem início com “Just Like a Jedi in Exile”, um rockão cheio de suingue e com vocais precisos. “La Fièvre” vem sem seguida com melodia já conhecida, mas transformada com a assinatura de Mattiuzzi e cia e a cantada de Bessière, em francês.
“Ele me perguntou se por aqui a gente não tinha tanto costume de pegar músicas famosas e cantar em português, porque cantar em francês é muito normal por lá. É uma resistência a cantar em inglês, é cantar pro francês entender”, explica o músico.
“Disait le Zonar au Voleur” se aproxima muito mais da versão de Hendrix para “All Along the Watchtower” do que da original, de Bob Dylan. Por fim, o blues “Born Under a Bad Sign” ganha versão mais enxuta que a de Albert King, mas também mais acelerada e com pegada mais roqueira até mesmo que a do Cream.
Victor e Amanita se juntam mais uma vez para lançar o disco no próximo dia 15 de novembro, no Festival Patrimônio da Música, em Patrimônio da Penha, Caparaó. “É uma região que tem um significado muito passa pra gente. ‘Free Like Water’ (música do EP de estreia) teve inspiração lá. Esses festivais estão aumentando o turismo na região e gosto de pensar que estamos colaborando para isso”, reflete Henrique.
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Além da parceria entre Amanita Flying Machine e Victor Bessière, o festival também terá apresentações de My Magical Glowing Lens, Astro Venga, Muddy Brothers, Didjeridub, Pó de Ser Emoriô, Polifonia, Roça Nova, Terra Sem Males e Paralelo 80.
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