Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"Citadel": Série da Amazon Prime Video diverte, mas falta algo...

Produzida pelos irmãos Russo ("Vingadores: Ultimato"), "Citadel" tem trama grandiosa, bons atores e boas cenas de ação, mas peca pela falta de originalidade

Vitória
Publicado em 27/04/2023 às 21h45
Série Citadel, lançada pela Amazon Prime Video
Série Citadel, lançada pela Amazon Prime Video. Crédito: Prime Video/Divulgação

Com produção assinada pelos irmãos Joe e Anthony Russo (“Vingadores: Ultimato”) e capitaneada pelo showrunner David Weil ("Hunters"), “Citadel” é a segunda série mais cara já produzida, atrás apenas de “Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder”. Desde o primeiro trailer, o alto orçamento era visível: explosões, muita ação e uma notável ambição pela grandeza em cenas com um clima de forte tensão sexual entre Richard Madden e Priyanka Chopra Jonas.

“Citadel” chega nesta sexta (28) à Amazon Prime Video comprovando as expectativas, mas também entregando alguns problemas que antes do lançamento eram tratados como “mistério”, mas que provavelmente têm mais a ver com as refilmagens e os problemas de produção.

A série tem início apresentando Mason (Madden) e Nadia (Chopra Jonas) e a dinâmica entre eles - a tal tensão sexual está presente desde o início e é essencial para oferecer algum conteúdo além de ação à trama. Quando encontramos os protagonistas, eles estão em uma missão a bordo de um trem pelos alpes italianos. Logo entendemos que eles trabalham para a tal Citadel, uma agência de espionagem comandada pelo gênio da tecnologia Bernard Orlick (Stanley Tucci) e que tem como rivais a Manticore, um grupo de poderosos oligarcas.

“Citadel” introduz esses conceitos durante uma boa sequência de ação no trem, com os personagens utilizando coreografias criativas para abater, um por um, vários inimigos genéricos. O trem explode e Mason e Nadia são dados como mortos, o que obviamente não é verdade, ou “Citadel” teria bem menos que seus seis episódios. Eles têm suas memórias apagadas e vivem uma vida comum, separados, durante oito anos, mas Mason acaba encontrado por Orlick, que precisa de seu agente de volta. A maligna Manticore, aquela dos vilões genéricos, cresceu com atividades terroristas que deixaram ricos mais ricos e pobres, mais pobres.

Série Citadel, lançada pela Amazon Prime Video
Série Citadel, lançada pela Amazon Prime Video. Crédito: Prime Video/Divulgação

A ideia do espião sem memória está longe de ser nova, mas funciona. O problema de “Citadel”, como em boa parte das obras produzidas pelos Russo, incluindo os filmes para a Marvel e o sucesso “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, é a exposição. A série da Amazon tem diálogos sofríveis e artificiais, sempre buscando ser mais interessante do que realmente é - ninguém na série tem uma conversa minimamente normal. Esses diálogos ocasionalmente são ágeis e engraçados, mas o mérito é mais dos atores que elevam o texto do que do próprio roteiro.

Visualmente, “Citadel” é excelente - não é à toa que os episódios iniciais, que dão o tom de toda a temporada, sejam dirigidos por Newton Thomas Sigel, diretor de fotografia com filmes como “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” e “Resgate” no currículo. O mundo da série é vivo, com muita saturação de cores, e busca a grandiosidade. Os episódios disponibilizados pela Prime Video ensaiam uma grande trama internacional e, na teoria, passeiam por vários países, mas a sensação de um escopo mais amplo não é alcançada, uma vez que nunca nos sentimos de fato nesses lugares, vistos apenas por imagens aéreas, bem protocolar.

Série Citadel, lançada pela Amazon Prime Video
Série Citadel, lançada pela Amazon Prime Video. Crédito: Prime Video/Divulgação

As cenas de ação, excelentes e criativas em ambientes menores, abusam da computação gráfica quando buscam a grandiosidade mirada pela série. Esse excesso afasta a “Citadel” da realidade, o que pode funcionar para os filmes de fantasia do Universo Marvel e seus seres superpoderosos, mas não em uma narrativa de espionagem que busca mais semelhanças com as aventuras de Jason Bourne do que com os 007 de Pierce Brosnan.

É irônico que todo o clima de mistério das prévias de “Citadel” seja justamente porque a série tem pouco para falar. Há um MacGuffin no centro de tudo, uma mala há muito perdida com códigos nucleares (que esquema de forte segurança nunca muda seus códigos?), segredos importantes e um agente traidor dentro da organização, que pode inclusive ser um dos protagonistas, mas é pouco para sustentar uma temporada inteira. A série também tem um problema de ritmo, tentando entregar demais em episódios relativamente curtos (40 minutos).

Série Citadel, lançada pela Amazon Prime Video
Série Citadel, lançada pela Amazon Prime Video. Crédito: Prime Video/Divulgação

“Citadel” se sustenta em Richard Madden e Priyanka Chopra Jonas, principalmente nas trocas entre Mason e Nadia, e no bom apoio de Stanley Tucci e Lesley Manville, além da sensação de que uma grande cena de ação está sempre prestes a ganhar as telas. A experiência, apesar das críticas, é divertida e nunca incomoda, mesmo que pareça faltar tempero. Talvez seja a expectativa de ação espetacular criada por uma forte campanha de divulgação, com destaque para o nome dos produtores, que crie a frustração com o que a série entrega, uma aventura derivativa e com conceitos pouco originais.

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