A Pixar costumava se recusar a fazer continuações de seus filmes de sucesso- a única exceção, por muito tempo, foi “Toy Story 2” (1999). Assim, a empresa entregou obras maravilhosas e únicas como “Up” (2009), “Divertidamente” (2015), “Os Incríveis” (2004), “Monstros S/A” (2001), “Ratatouille” (2007), entre outras.
Em 2006, porém, como todos sabem, a Pixar foi adquirida pela Disney e as diretrizes por foram levemente alteradas. “Toy Story 3”, lançado em 2010, alcançou a melhor bilheteria da história da empresa (sendo superada mais tarde por “Os Incríveis 2”) e até uma indicação ao Oscar de Melhor Filme no ano seguinte, raro para uma animação. A nova fórmula estava pronta: sequências para os filmes de sucesso; algumas bem boas, outras nem tanto. Dos últimos cinco filmes lançados pelo estúdio, apenas um, “Viva - A Vida é Uma Festa” (2017), é original.
O lançamento de derivados encontra agora uma nova ruptura na filmografia da Pixar com a chegada de “Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica” aos cinemas. Dirigido por Dan Scanlon (do apenas razoável “Universidade Monstros”, de 2013), a trama de fantasia talvez seja um dos filmes menos esperado do estúdio, o que não significa que seja ruim.
Família
“Dois Irmãos” conta a história de, obviamente, dois irmãos, os elfos Ian e Barley Lightfoot (vozes de Tom Holland e Chris Pratt, no original). Eles vivem em um mundo fantástico povoado por dragões, unicórnios, centauros, criaturas mitológicas e muita magia. No dia do aniversário de 16 anos de Ian, ele ganha da mãe um artefato mágico que o permite trazer de volta o falecido pai, que ele nunca conheceu, mas o feitiço dura apenas 24 horas. Claro que tudo dá errado, eles só conseguem trazer metade do pai (não é spoiler, está no trailer). Eles então embarcam em uma grande aventura em busca de outro artefato mágico para completar o processo, mas correm contra o tempo.
Apesar de fantasioso, o filme de Dan Scanlon é inspirado em uma história real do diretor (que não é um elfo); ele e o irmão mal conheceram o pai e cresceram apegados a fotos, vídeos e tudo o mais relacionado a ele. Esse toque pessoal torna “Dois Irmãos” um filme mais afetuoso e fraternal do que parece ser.
A aventura de Ian e Barley (e das pernas do pai) é tão encantadora quanto o mundo criado por Scanlon. Se em um primeiro momento o lance das pernas parece estranho, pouco depois ele se torna em uma das características mais divertidas do filme com referências até ao “clássico” “Um Morto Muito Louco” - sim, “Dois Irmãos” é uma espécie de “Um Morto Muito Louco” para crianças.
O universo do filme cria diversas possibilidades e várias sacadas funcionam melhor para os amantes de RPG (ou de videogames). O roteiro distorce o papel das criaturas e dá espaço o suficiente para a Manticore (Octavia Spencer) se destacar. Uma mistura de leão, dragão e escorpião, a criatura se encontra em uma complexa crise existencial por ter oprimido seu lado selvagem e transformado sua antes ameaçadora taberna em um restaurante familiar.
Mesmo com uma trama simples, é praticamente ir de A a B, “Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica” traz uma aventura divertida e empolgante. O filme de Dan Scanlon pode não ser tão único quanto alguns de seus pares de estúdio, mas ainda assim consegue criar um mundo encantador em uma animação com a magia particular da Pixar.
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