É difícil que “Frozen 2” faça o mesmo barulho que o filme original, lançado em 2013. A aventura em animação dirigida por Chris Buck e Jennifer Lee foi um daqueles sucessos estrondosos, que saltam da tela do cinema e invadem as vidas das pessoas. Foram feitos musicais, espetáculos de patinação e tudo quanto é tipo de produtos, oficiais ou não, para capitalizar em cima de Anna, Elsa, Olaf e cia, tudo embalado pela canção “Let it Go”, interpretada por Idina Menzel e devidamente premiada com um Oscar. Como suceder tudo isso?
“Frozen 2”, que chega aos cinemas brasileiros no primeiro dia de 2020, até tenta. O filme usa a fórmula Disney de sequências, ou seja, tudo é mais grandioso e ambicioso, mas não necessariamente funciona. A trama tem início com um breve flashback, mas logo coloca o espectador em um cenário mais reconhecível, após os acontecimentos do primeiro filme. Anna e Elsa vivem bem no reino de Arendelle, assim como Kristoff, Sven e Olaf, apesar de uma pequena crise existencial - o boneco de neve, afinal, vivia confortavelmente bem no inverno constante criado acidentalmente por Elsa.
Elsa, porém, ainda tem questionamentos e eles se potencializam quando ela ouve uma voz a chamando para ir além do conhecido. Assim, ela parte em direção a uma floresta encantada para uma nova aventura em sua jornada de autodescoberta.
DESCOBERTAS
Dirigido pela mesma dupla do original, “Frozen 2” muda o cenário, mas faz questão de resgatar piadas e situações que funcionaram no filme de 2013 - Olaf, por exemplo, sofre uma grande mudança na dinâmica, mas ainda faz referências ao passado. O boneco passa pelas dores do amadurecimento, sem saber ao certo qual será seu futuro, e se torna um personagem surpreendentemente mais identificável para os adultos do que para as crianças.
No centro da história, Anna e Elsa completam suas jornadas para superar as perdas dos pais. Elsa busca liberdade, viver sem medo de usar seus poderes, mas Anna tenta controlá-la, acredita ser sua obrigação como irmã. Até Kristoff, antes apagado, ganha relevância e um momento para conquistar o público. “Frozen 2” tem humor inteligente, mas também muitas situações para a criançada.
Há na ambição do filme, no entanto, algo que o impede de decolar. Ao tentar conectar a trama das irmãs à floresta, o roteiro parece esquecer de informações do filme anterior, diminui seu ritmo e, consequentemente, se afasta do público. Com a presença de novas tribos, os habitantes da floresta, o filme até resvala em questões políticas como colonialismo e subjugação de uma cultura, mas a discussão nunca se aprofunda.
Tecnicamente, a animação é espetacular. Se o primeiro “Frozen” representou um marco de qualidade da Disney Animation, o segundo coloca a empresa, como diria o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, em outro patamar. O novo mundo criado é encantador, cheio de detalhes e nuances que nos fazem querem conhecer mais, mas o roteiro pouco o explora.
“Frozen 2” também carece de uma nova música que extrapole as telas. “Into the Unknown”, interpretada pelo Panic at the Disco e indicada ao Globo de Ouro, e “Lost in the Woods”, gravada pelo Weezer, são boas, se encaixam no filme, mas não serão eternizadas - o que no Brasil significa ganhar uma versão forró ou tecnobrega.
O filme, ao fim, apesar de problemas no roteiro, funciona tão bem quanto o original; os personagens que já conhecemos são ótimos e os novos, interessantes; as piadas novas divertem tanto quanto as antigas e as transformações da dinâmica de alguns personagens dão um ar de novidade. “Frozen 2” é mais maduro e deve cair no gosto da criançada, o que vai justificar sua estreia adiada em quase um mês em relação aos EUA.
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